Certa feita, o presidente Lula, em viagem por vários países africanos declarou, tendo ao lado o negro baiano negro Gilberto Gil, seu ministro de cultura, que o Brasil tinha uma grande dívida com a África e que era necessário paga-la. Tomou medidas concretas que beneficiaram, em diversos aspectos, a economia de vários países do continente.
Lula expandia assim uma política que Brasil vinha implementando, mesmo sob governos do ciclo militar, quando Geisel decidiu que Brasil seria o primeiro a reconhecer a independência de Angola, presidida pelo poeta guerrilheiro marxista, Agostinho Neto, do MPLA.
Só que, desde o triunfo da Revolução Cubana, em 1959, Cuba havia estendido seus braços solidários às nações africanas em luta contra o colonialismo, a começar pelas brigadas médicas enviadas à recém triunfante revolução argelina, ainda que em Cuba boa parte dos médicos existentes tivesse abandonado o país para sabotar a revolução.
Sob o comando de Fidel Castro, cubanos homens e mulheres, estiveram atuando em vários países da África, quer seja na esfera diretamente militar, em luta contra o imperialismo, quer nas esferas de saúde e educação.
Certamente, a página mais épica escrita por Cuba de Fidel na África, relaciona-se com a ajuda cubana a Angola agredida pelo exército sul-africano e pelas tropas mercenárias da UNITA e da FNLA, ambas financiadas pelo imperialismo. Mais de 400 mil cubanos estiveram lutando em Angola durante anos, desde quando Fidel decide atender prontamente um pedido de ajuda de Agostinho Neto, pois a capital angolana, Luanda, estava sob risco em cair em mãos dos mercenários imperialistas. Fidel dirigia as operações militares pessoalmente até que a vitória final se celebrou em Cuito Cuanavale, com todos os riscos, inclusive o de que a África do Sul, com o apoio de Israel, ameaçasse com o lançamento de um bomba nuclear contra tropas cubanas e angolanas.
Esta vitória tem a marca de toda uma geração de cubanos, de todo um povo que viveu a guerra libertária como um compromisso de vida ou morte, mas, sobretudo, com o sentido de dever de pagar a dívida histórica, tal como Fidel atendeu imediatamente a solicitação de Agostinho Neto. A tal ponto que Mandela, após ser libertado pela derrota imposta por Cuba, Angola e Namíbia ao imperialismo sul-africano, declarou: “O começo do fim do apartheid foi vitória de Cuito Cuanavale. Devemos o fim do apartheid a Cuba!”.
Enfim, diante de toscas e venenosas manipulações para tentar rotular Fidel como um ditador, a grande verdade histórica que emerge desta gigantesca solidariedade cubana com o continente africano, é que Cuba de Fidel foi o único país a se levantar em armas contra o cruel regime do apartheid, que a Comunidade Internacional condenava, em boa medida, sem , entretanto, chegar transformar condenação em ação concreta de luta internacionalista.
Fidel e a Revolução Cubana já ofereceram ao mundo, uma quantidade infinita de exemplos de compromisso de luta prática e efetiva contra a opressão, contra a pobreza, contra a incultura, as doenças, Estimam-se em mais de 55 mil cubanos trabalhando em cerca de 70 países do mundo, milhares já se formaram em medicina na Escola Latino-americana de Medicina, o que revela, incontestavelmente, que Cuba, apesar do bloqueio criminoso que sofre, mesmo com suas limitações econômicas, compartilha seus modestos recursos com dezenas e dezenas de nações. Enquanto os EUA exportam armas, soldados e morte, Cuba leva cultura, saúde e liberdade aos quatro cantos do mundo por onde possa estar presente.
Consciente de que qualquer homenagem ao Comandante Fidel Castro ficará sempre aquém de sua estatura como cidadão do mundo que levou a Cuba à prática de um internacionalismo proletário, humanitário e revolucionário, pelo o que, em verdade, se pode afirmar sem sombra de dúvida, tomando a postura de Lula frente a África, que a humanidade tem uma dívida para com a Revolução Cubana, mas, especialmente, com Comandante Fidel Castro.
Beto Almeida
Periodista/ Brasil