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sexta-feira, 3 outubro, 2025

A controvérsia sobre condenações em El Salvador continua

San Salvador (Prensa Latina) A recente condenação de vários ex-funcionários dos governos da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional e da Aliança Republicana Nacionalista (Arena) está causando polêmica em El Salvador hoje.

Nesse sentido, o advogado Henry Fino, em declarações citadas pelo jornal Colatino, afirmou que se os ex-funcionários foram condenados por participar de negociações com gangues, autoridades do atual governo também deveriam ser processadas por fazerem o mesmo.

O advogado destacou que “eles aplicam justiça aos inimigos do regime e impunidade aos seus amigos”, postura que tem ganhado simpatizantes no país, principalmente entre opositores que reclamam de suposta perseguição política.

Fino, conhecido por sua defesa dos direitos humanos, afirmou que a justiça é manipulada aqui, como demonstrado pelo caso dos ex-oficiais Benito Lara, Arístides Valencia e Ernesto Muyshondt, que foram condenados com base nas declarações de um membro de gangue perspicaz.

“Atualmente”, observou ele, “a justiça está sendo aplicada aos inimigos do regime e a impunidade aos seus amigos. Se esses ex-funcionários foram condenados com base no depoimento de um líder de gangue, o mesmo procedimento teria que ser seguido com os funcionários do atual governo.”

Líderes de gangues julgados em Nova York, Estados Unidos, forneceram evidências suficientes de negociações com autoridades públicas em troca de votos, disse ele.

“Se o sistema de justiça e o Ministério Público estivessem realmente agindo dentro de suas funções, assim como julgaram esses ex-funcionários, teriam que julgar os atuais funcionários que fizeram o mesmo. Se estamos lidando com o sistema de justiça como tal, independentemente de quem seja, funcionários do atual governo também deveriam ser processados, o que não vai acontecer tão cedo”, afirmou.

O jurista também abordou os casos dos advogados Ruth López e Enrique Anaya, e dos cinco ambientalistas processados ​​duas vezes pelo mesmo crime, o que demonstra claramente que existe perseguição política ideológica em El Salvador, levando à perseguição e prisão de defensores dos direitos humanos.

“Há muitas pessoas no país que acreditam que há um enorme retrocesso nos direitos humanos; o livre pensamento é prejudicado para aqueles que não se alinham com o pensamento do governo; esta não é uma visão de direitos humanos”, afirmou o advogado.

Já o deputado da Arena, Francisco Lira, destacou que quem não faz parte do partido do governo não deve ser condenado.

Ele citou como exemplo uma investigação conduzida pelo Ministério Público que mais tarde ficou conhecida como “Caso Catedral”, na qual supostas investigações de promotores concluíram que autoridades do atual governo negociaram com gangues.

Outras fontes apontam para o diretor dos Centros Penitenciários, Osiris Luna, e o diretor de Reconstrução do Tecido Social, Carlos Marroquín, que, segundo eles, “ofereceram às gangues melhores condições prisionais, dinheiro e outros benefícios em troca da redução das taxas de homicídios e do apoio eleitoral ao partido de Bukele.

A verdade é que o julgamento concluído, embora seja objeto de apelação por parte de alguns dos condenados, revelou uma questão espinhosa: negociações entre autoridades e gangues, que podem impactar o governo do presidente Nayib Bukele.

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