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Heba Ayyad*
O exército de ocupação israelita cometeu um novo massacre horrível que resultou na morte de cerca de 50 civis palestinos, incluindo um grande número de crianças, mulheres e idosos, ao lançar 8 mísseis para bombardear uma concentração de tendas de pessoas refugiadas a noroeste de Rafah, na Área de Tal al-Sultan, que está repleta de milhares de refugiados. Uma porcentagem significativa das mortes resultou de martírio por queimaduras depois que as tendas pegaram fogo e os incêndios não foram extintos devido à falta de equipamentos e água.
O exército de ocupação já havia anunciado anteriormente que esta área era segura e instou os residentes a deslocarem-se para lá. Portanto, bombardeá-la dessa forma prova mais uma vez que o exército israelita não se preocupa mais com qualquer lei internacional aprovada em casos de guerra e ignora todas as leis humanitárias, que enfatizam salvar vidas de civis inocentes, especialmente quando as tendas são seu único abrigo, e o local recomendado pela própria ocupação é o local de encontro.
No entanto, o incidente é outro crime de guerra adicional que prova mais uma vez que a guerra de aniquilação travada pelo Estado ocupante israelita contra a Faixa de Gaza não passa de sucessivos fracassos catastróficos até cair numa confusão turbulenta, incapaz até de fornecer falsos pretextos para cometer este ou aquele massacre. Por um lado, que “planejamento” militar tolo pode convencer o mundo de que o alegado propósito de atingir dois líderes do Hamas justifica o bombardeio de tendas de refugiados em qualquer área que não seja aquela onde a ocupação os forçou a refugiar-se?
Como pode o mundo compreender a prática do recente massacre de Khiam, exceto indo mais longe nos crimes de guerra de limpeza, deslocação e punição coletiva, agora, especificamente, poucos dias após a emissão de uma decisão do Tribunal Internacional de Justiça ordenando o Estado ocupante para parar as operações militares contra a área de Rafah, e antes disso, o Procurador do Tribunal Penal Internacional solicitou a emissão de ordens de detenção contra o primeiro-ministro do governo de ocupação e o seu ministro da defesa?
As respostas não são difíceis nem exigem qualquer reflexão e contemplação, e as razões são claras e nítidas em sua simplicidade, porque residem numa longa história durante a qual o Estado ocupante continuou a violar o direito internacional e as resoluções da ONU, e por um longo período evitou a responsabilização, punição e dissuasão, partindo da primeira premissa de que gozava do apoio cego dos poderes constituídos, um globalismo arrogante liderado pelos Estados Unidos e pela maioria das democracias ocidentais, e numa segunda perspectiva baseada na enorme influência que gozava por grupos de pressão judeus e sionistas, influência multifacetada e brutalidade implacável.
O filósofo franco-estadunidense judeu George Steiner argumentava que o judeu nunca praticaria a queima de seres humanos ou o enterro deles vivos, pois ele seria uma vítima desses crimes hediondos. No entanto, as práticas da ocupação israelense durante a primeira intifada palestina o levaram a revisar essa convicção, e antes de sua morte, ele a mudou radicalmente à luz das atrocidades cometidas pelo exército de um estado que se apresenta como refúgio para os judeus do mundo.
E o massacre dos refugiados palestinos em Khan Yunis, em Rafah, é apenas um lembrete das atrocidades, transformando a vítima anterior em um algoz sedento por sangue.
*Jornalista internacional, Escritora Palestina Brasileira.