Por César Fonseca – Foto AP/Craig Ruttle
Não terá chegada hora de defesa de Antônio Guterrez na presidência da ONU quando Israel pede a cabeça dele por condenar os ataques indiscriminados, genocidas, israelenses aos palestinos, na Faixa de Gaza?
Hoje, no rastro de duas derrotas diplomáticas, da Rússia e dos EUA, para tentar acordo para parar o genocídio, a retaliação continua com Israel barrando representantes da ONU em Gaza para exercício de suas funções diplomáticas e assistenciais.
O mundo está vendo, espantado e aflito, o absurdo da indiscriminação, que condena à morte por execução assassina população indefesa, encurralada, esfomeada, asfixiada, sem acesso ao socorro humanitário imediato diante do fogo insano israelense em embate desproporcional, absurdo.
Também, está claro que tamanha desproporcionalidade sobre vítimas impossibilitadas de reagirem que o objetivo de Israel é limpar etnicamente a área, num arrastão colonial-racista, para expulsar palestinos do norte para o sul e forçar sua saída pelo Egito.
Qual será a reação do governo egípcio diante dessa emigração forçada à bala?
Limpada a área e ocupada pela nova estratégia, que, aliás, é a velha estratégia de exterminar população, roubando suas terras, a colonização israelense se expandiria sobre a faixa de Gaza para nunca mais permitir seja reocupada pelos seus tradicionais moradores há séculos na região.
Essa é a realidade escandalosa exposta ao mundo que mereceu o repúdio de Antônio Guterrez, presidente da ONU, cuja resposta, de Israel, foi defender a imediata expulsão dele do cargo.
Hora da decisão
Quem poderia executar essa tarefa senão a Assembleia Geral?
Portanto, os países que a compõem estão no dever de colocar em votação essa imposição israelense que atenta contra todos os princípios morais humanitários, democráticos.
Israel deve estar contanto, para essa tarefa, com seu eterno aliado, os Estados Unidos, mas a pressão internacional anti-Israel está tão grande que o presidente Biden muda o discurso diante da nova conjuntura criada pelo genocídio patrocinado por Netanyahu.
A manobra diplomática de Washington de solicitar uma “pausa” à matança israelense, para que sejam estabelecidos os canais capazes de permitir chegar aos palestinos socorros emergenciais frente ao colapso de tudo, escamoteia o desejo da maioria da ONU favorável ao cessar fogo, o que Israel não aceita.
O argumento de que Israel tem o direito de defender perdeu validade nos últimos dias porque o que se vê, nitidamente, não é direito de defesa, mas de matar, não, apenas, na Faixa de Gaza, mas, também, na Cisjordânia, com extermínio, principalmente, de crianças.
Portanto, colocar em votação a proposta de Israel é o novo desafio da ONU.
Os Estados Unidos com seu pedido cínico de pausa no conflito no qual apoia Israel é um atestado de compromisso com o absurdo, contra o bom senso.
Na prática, emerge a contradição escandalosa levantada pelo próprio presidente americano de fazer mea-culpa diante de um contexto que ele mesmo julgou como velha ordem repudiada pelo mundo.
O que é a velha ordem senão o apoio reiterado dos Estados Unidos a Israel na ONU que eterniza situação insuportável aos olhos da humanidade imposta pelo mundo unipolar conduzido por Washington?
Biden assina em baixo na expulsão de Guterres solicitada pelo embaixador de Israel na ONU nesta semana?
Esse é o derivativo da luta política em cena no campo parlamentar global no cenário do conjunto das nações como produto dramático da matança israelense em Gaza, que se espalha por toda Palestina.