Marcelo Camargo/Agência Brasil/Reprodução
A segurança energética do Brasil não pode estar em poder do “mercado”.
Na próxima semana, a AEPET publicará uma série de artigos para celebrar a memória de Getúlio Vargas, fundador do moderno Estado brasileiro, o da Soberania Nacional. De 1930 em diante, foram lançados os alicerces que permitiriam ao Brasil superar os desafios da ex-colônia exportadora de matérias primas e constituir a Nação desenvolvida e socialmente justa.
A base inicial foi formada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e pela Companhia Vale do Rio de Doce (Vale). Depois vieram, em 1953, a Petrobrás, a Eletrobrás, que só se instalou oito anos após a morte do Estadista, em 1962, e o garantidor Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). Era o Estado atuando para o crescimento do País. Porém esta construção, e a que se seguiu, sempre enfrentou as oposições antinacionalistas e imperialistas, com suas campanhas de estado mínimo e domínio do mercado apátrida.
Com o surgimento do poder neoliberal, do Consenso de Washington, na década de 1980, as “joias da coroa” do Estado Soberano Brasileiro foram sendo alienadas nos processos de privatizações, muitas vezes a toque de caixa e envolvendo suborno e escusas transações. E assim deixamos pelo caminho e nos escaninhos de “bons acionistas”, a Vale do Rio Doce, a CSN, Telebrás, Embratel, RFFSA, Embraer, entre muitas outras.
Alvo preferencial desde sua criação em 1953, a Petrobrás, não sobreviveu incólume. Perdeu o direito ao monopólio da exploração e refino do petróleo e, nos últimos sete anos, a rede de gasodutos, a BR Distribuidora, 3 refinarias e as fábricas de fertilizantes. Ainda é um enorme e vital “porta aviões”, mas a vagar num mar de incertezas, sem poder, efetivamente, cumprir seu importante papel.
E, nesta terça-feira, o Brasil enfrentou um apagão energético colossal. A Eletrobrás, privatizada, assumiu que o fato foi devido a uma falha no seu sistema de proteção. Com isto é impossível não vislumbrar um cenário de medo e incertezas depois da desastrosa venda do controle acionário da Eletrobrás, numa negociata que deixa a União, ainda acionista majoritária, minoritária no Conselho de Administração. A segurança energética do Brasil não pode estar em poder do “mercado”.
E assim vão dilapidando o patrimônio nacional. As principais joias da coroa vendidas nas Bolsas de Valores. E nos bolsos de muambeiros, o ouro de tolos e os falsos brilhantes.
ENERGIZANDO
*FPSO Anita Garibaldi inicia produção no campo de Marlim
**Privatização da Eletrobras: Aras é favorável à ação da União