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domingo, 22 dezembro, 2024

Qual a relação entre a alimentação saudável e a prevenção do câncer? Entenda e confira dicas

O consumo de alimentos agroecológicos é indicado como proposta para a saúde e de apoio a quem produz a chamada Comida de Verdade – Foto: Periferia Viva

Nutricionistas indicam incluir regularmente nas refeições frutas, legumes, verduras, feijões, cereais integrais e nozes

Jéssica Rodrigues

O consumo frequente de água, a prática de exercícios físicos e de alimentação saudável são essenciais para manter qualidade de vida. Mas, o que se sabe exatamente sobre como o que se come pode influenciar na saúde? Existe relação direta entre alimentação e combate e prevenção ao câncer? O Brasil de Fato conversou com especialistas para responder essas dúvidas.

A nutricionista da área técnica de alimentação, nutrição, atividade física e câncer do Instituto Nacional do Câncer (INCA), Thainá Malhão, explica que alimentação inadequada junto com outros fatores como excesso de peso, ingestão de bebidas alcóolicas e falta de atividade física são associados com pelo menos 12 tipos de câncer.

“Já se sabe que uma das formas de se proteger do câncer é evitar o consumo de ultraprocessados pois eles favorecem o ganho de peso, sobrepeso e obesidade que causam diversos tipos de câncer, então o melhor é não consumir esses alimentos. Sabe-se que entre 80% e 90% dos casos de câncer estão associados a causas externas, isto é, são em princípio preveníveis, o que vai contra o que a sociedade acha que geralmente é uma coisa mais genética”, diz a nutricionista.

A pesquisa “A fração do câncer atribuível às formas de vida, infecções, ocupação e agentes ambientais no Brasil em 2020″, publicada na revista científica “PLOS ONE”, constatou que o baixo consumo de frutas e vegetais associado a outros fatores é responsável por 8% de determinados cânceres em homens e 6% em mulheres, entre eles, o câncer de cavidade oral, estômago, esôfago, laringe e pulmão.

Atualmente, mais da metade da alimentação dos brasileiros é composta por produtos processados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A médica de família, Nathália Santos, explica que o fator nutricional de um alimento ultraprocessado é praticamento zero.

“Refrigerante, sanduíche, linguiça e salsicha, salame, miojo, esses alimentos por mais que encham barriga, nutricionalmente não estão fazendo nenhuma contribuição de proteínas, de vitaminas. São alimentos que são produzidos dentro da indústria, tem quase nada de composição in natura. São componentes químicos que você está ingerindo, não é uma comida de fato”, conta.

Agrotóxicos

O governo de Jair Bolsonaro (PL) liberou em quatro anos de gestão o uso de mais de 1500 agrotóxicos, entre eles, produtos com o princípio ativo da atrazina, que é associado como causa para inúmeros tipos de câncer e é proibido em diversos países.

A nutricionista e vice-presidente da Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), Daniela Cierro, conta que todas as campanhas de combate e prevenção ao câncer propõem investir em comportamentos saudáveis. Para ela, é necessário que o governo crie incentivos para que as pessoas possam se alimentar de forma adequada.

“A sugestão é um aumento de impostos para alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas, não é o que acontece, e favorecer a baixa dos impostos de alimentos saudáveis, como por exemplo, frutas, verduras e legumes, o que nós vemos é totalmente ao contrário. E além disso, nós também temos como seguir com incentivos à agricultura familiar, ao pequeno agricultor e fazer um controle do consumo de agrotóxicos que hoje está bem mais desenfreado que anos atrás”, explica Cierro.

Para Daniela, o consumo de ultraprocessados e sua relação com doenças impacta diretamente na população mais pobre. “A gente não tem só que matar a fome, claro que matar a fome é o primeiro ponto, mas matar a fome com alimentos de qualidade e não adoecendo as pessoas”, diz.

Como evitar?

Como a população pode se proteger do câncer e outras doenças? A nutricionista Thainá Malhão sugere incluir regularmente nas refeições frutas, legumes, verduras, feijões, cereais integrais e nozes.

“Melhor ainda quando priorizamos alimentos regionais produzidos localmente que estejam no período da safra, pois geralmente possuem menor quantidade de resíduos de agrotóxicos. E optar por alimentos de base agroecológica ou orgânicos é sempre o ideal, pois além de contribuir para a preservação do meio ambiente e para agricultura familiar, são mais saudáveis”, diz.

Além de mudanças na alimentação, é preciso adotar um estilo de vida mais saudável, só assim é possível prevenir o surgimento de doenças, como explica Daniela Cierro.

“Nós podemos falar de atividade física frequente e essa atividade física pode ser uma caminhada diária que você faça com calçado adequado e que tenha um ritmo pra você tendo condicionamento e a circulação do seu corpo todo. O fumo é uma ação que você precisa repensar, o excesso de bebidas alcoólicas, o excesso de alimentos gordurosos, principalmente quando a gente fala de gordura trans. E também de uma forma geral adotar um estilo de vida aonde você trabalhe o seu emocional para saber estabilizar a questão do stress. Isso também é muito importante”, finaliza.

Fonte: Brasil de Fato

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