A política no Estado do Rio de Janeiro decorre das transformações que ocorreram desde a fusão do Estado da Guanabara com o então Estado do Rio de Janeiro.
O Estado da Guanabara foi o Distrito Federal e, antes, a sede do Império. Neste largo período de protagonismo político, acolhendo representantes de todo país, a política era predominantemente ideológica. Ali o Partido Comunista teve destacada atuação, antes da cassação no Governo Dutra, e continuou elegendo seus representantes por outros partidos. Também na Guanabara, as personalidades ideologicamente marcadas de Carlos Lacerda e Leonel Brizola arrastavam multidões na era dos comícios.
No antigo Estado do Rio de Janeiro pode-se separar dois universos políticos: a baixada e as demais áreas. Na Baixada Fluminense prevalecia um tipo de marginalidade, que pode ser retratada por Tenório Cavalcanti. Nas demais regiões, o Sul Fluminense, o Norte Fluminense e a Região Serrana, predominava a política coronelista, como em quase todo Brasil.
A mistura dos cariocas, da Baixada e dos fluminenses, com a qual Governo Militar esperava reduzir o conteúdo ideológico, resultou no predomínio demográfico do Grande Rio, ou seja, no avanço político da marginalidade, antes restrita a alguns poucos municípios. Um exemplo disso é a subida para região serrana dos representantes do jogo do bicho, desde longo tempo detentores do poder em municípios da Baixada.
Nas eleições que se seguiram a 1985, foi ficando nítida a necessidade da Baixada para compor qualquer poder, seja da Guanabara seja de alguma outra região fluminense.
Surgiram as forças políticas que, acima e fora dos partidos, dominariam o Estado desde o último governo de Leonel Brizola. E esta marginalidade, os grupos ou verdadeiras facções criminosas tomaram partes do Estado. Não só na Assembleia Legislativa, mas nos Tribunais de Justiça e nos Departamentos e empresas de um Executivo fragmentado.
O Rio de Janeiro passa a conhecer uma verdadeira guerra de bandidos, ao abrigo da lei e da justiça, para dominar maiores parcelas do Estado.
A prisão de Garotinho, independe de sua ação eleitoral ou eventualmente corrupta. É uma resposta ao ingresso de um novo componente nesta guerra de quadrilhas: a Igreja Universal do Reino de Deus, com o Bispo Crivela na Prefeitura do Rio de Janeiro.
Como é decorrente e óbvio, cada quadrilha do Estado do Rio de Janeiro, do mesmo modo que Chicago dos anos 1930, conta com uma facção no judiciário, na Polícia Militar, na Guarda Municipal, além dos identificáveis deputados e vereadores.
Antes da destituição de Eduardo Cunha, houve um episódio na Câmara Federal entre o então presidente da Casa e a deputada Clarissa Garotinho, onde era evidente que, por trás das múltiplas agressões, havia o respeito pelo poder das facções que cada um representava no Rio de Janeiro. Até então Eduardo Cunha não havia recebido tal nível de contestação.
Garotinho apoia Crivela que, por seu lado, combate Sergio Cabral e assim, fora dos contextos políticos, a disputa no Rio de Janeiro é hoje uma guerra de quadrilhas. E o Judiciário Fluminense é tão isento quanto Sérgio Moro.
*Paulo Mateus Cavalcante é jornalista paraibano radicado no Rio de Janeiro a mais de meio século.
Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.