© AFP 2023 / Evaristo Sa
Sputnik – Evento acontece na semana que vem e não contará mais com a presença de Macron. Itamaraty observou a desistência do francês como deselegante, ao mesmo tempo, um dos pontos a ser trabalhado através da cúpula é o protagonismo dos emergentes diante de grandes potências na pauta ambiental.
Na semana que vem o Brasil recebe vários representantes de 15 países para realização da Cúpula da Amazônia, evento que visa debater o desmatamento ilegal, combate ao crime organizado e financiamento externo para o desenvolvimento sustentável na Amazônia.
A preparação do encontro, que acontecerá nos dias 8 e 9 em Belém, ficou a cargo da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), uma organização intergovernamental formada por Brasil, Bolívia Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, segundo a CNN.
Entretanto, o governo brasileiro teria não só como objetivo debater a pauta ambiental, mas também retirar o protagonismo e a influência de Europa e Estados Unidos na definição da agenda internacional sobre o clima.
“A mensagem será clara: serão os [países] emergentes quem cuidarão de suas florestas”, resumiu um embaixador brasileiro envolvido na preparação do evento que falou com a coluna de Jamil Chade no UOL sobre condição de anonimato.
A mídia afirma que, no Palácio do Planalto, o evento é considerado como a principal iniciativa da diplomacia do governo Lula, pelo menos em seu primeiro ano.
A avaliação do governo é que dois temas vão dominar a agenda internacional pelos próximos anos: a redefinição da relação de forças entre OTAN, Rússia e China e a questão climática, considerada como definidora do século XXI.
E, de acordo com o colunista, é nesse segundo aspecto que o Brasil espera atuar como protagonista.
Além de concretizar o fato de que o “Brasil voltou”, ou seja, que o país influencia na geopolítica mundial e não está mais isolado – como aconteceu durante o governo Bolsonaro – a ideia é também permitir, como anunciado, que países emergentes definam a agenda climática.
Projetos como o da França ou dos Estados Unidos, de assumirem o papel de liderança no tema climático ou de convocar reuniões sobre temas específicos da agenda ambiental, eram vistos internamente como um fracasso dos emergentes de assumir para si o papel de estabelecer a agenda de proteção de seus próprios recursos, escreve a mídia.
Para marcar essa estratégia, Brasil e países tropicais vão assinar um acordo de princípios, sobre o compromisso de proteger suas florestas. A iniciativa deve incluir a Indonésia, República Democrática do Congo e República do Congo. Não se exclui que o projeto poderá ser aberto a outras nações com florestas tropicais.
Também será assinado uma minuta da Declaração de Belém — como será chamado o comunicado final da cúpula — que já teria sido submetida a diversos ministérios para que possam apontar sensibilidades e sugerir aperfeiçoamentos, relata a CNN.
Entre os anúncios previstos estão a criação de um centro de cooperação policial em Manaus e a formatação de um sistema integrado de tráfego aéreo.
Contudo, mesmo com toda movimentação emergente, para analistas europeus os países emergentes terão de dar provas consistentes de que o desmatamento cai em suas regiões e “demonstrar que são parceiros confiáveis no controle de suas florestas“.
A resistência dos países ricos, segundo o colunista, também ficou evidenciada pela decisão do presidente da França, Emmanuel Macron, de não comparecer à cúpula. Ele havia sido convidado por Lula diante da existência de um território francês na Amazônia: a Guiana Francesa.
O Palácio do Planalto teria dito que Macron poderá enviar um vídeo, mas sua ausência foi considerada como um sinal de que a forma pela qual os emergentes querem debater o assunto pode não ser confortável aos europeus.