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segunda-feira, 16 setembro, 2024

Yuan destrona dólar como moeda hegemônica mundial

Imagem: Montagem Seu dinheiro

Cesar Fonseca

Xiii, bateu mal no mercado essa preocupação central do maior banco do mundo, dos Estados Unidos, o JP Morgan.

O bancão americano teve que incorporar prejuízos da recente crise bancária americana, que, ainda, não acabou, permanecendo como Espada de Dâmocles sobre pescoço do Império.

Sillicon Valey e Bank First Republic, onde as indústrias de tecnologia e os rentistas mais ricos colocam suas poupanças trilhonárias, estão, hoje, na barriga do Morgan.

Foram empurrados por Joe Biden e pelo BC americano(FED), de modo a evitar implosão e corrida bancária, que elevaria a tensão mundial contra o dólar a patamares insuportáveis.

Portanto, se é o Morgan que está dizendo que a moeda americana está na gangorra, podendo perder sua hegemonia mundial, sabe do que está dizendo.

Admite, no limite, corrida contra si mesmo, o maior oligopólio financeiro privado do planeta, depois de incorporar, involuntariamente, prejuízos de bancos tamboretes que perderem oxigênio no cenário especulativo da financeirização econômica global.

O sinal mais forte desse novo capítulo aberto pelo Morgan, na crise capitalista mundial, acelerada pela guerra na Ucrânia, impulsionadora de juros, inflação e desemprego, especialmente, na Europa, é o de que reconhece o fim da hegemonia do dólar e a divisão do mercado mundial por outras moedas concorrentes.

Até há pouco tempo, isso não era aceito de forma alguma, sequer na imaginação dos sobrinhos de Tio Sam, os mais proeminentes, como os donos do Morgan.

Se consideram que a hegemonia está indo para o espaço e já aceitam conversar que a concorrência de outras moedas avança no espaço do outrora poder hegemônico monetário americano, algo que vem desde 1944, depois que o dólar virou potência mundial, para mediar, absoluto, as relações de troca, é porque o negócio é sério demais.

BRICS IMPLODE TRATADO DE YALTA

O mundo dividido em Yalta pelos vencedores da Segunda Guerra Mundial(Roosevelt, Stalin e Churchil, 1944) está aos pedaços.

Implicitamente, o alerta do Morgan é reconhecimento da nova força emergente dos Brics(Brasil,Rússia, Índia, China e África do Sul), expressa como lançamento de banco de investimento e empréstimos internacionais.

Ele abala a estrutura de poder financeiro comandada pelos Estados Unidos: FMI, Banco Mundial e Banco Internacional de Desenvolvimento(BID), em Bretton Woods.

Os países aliados dos Estados Unidos já não creem mais na capacidade do FMI emprestar como outrora, graças à relativa fragilidade do dólar, mediante condicionalidades insuportáveis para os tomadores.

Obrigados a adotarem ajustes fiscais insuportáveis, que elevam juros e inflação, tornando-os incapazes de suportarem os compromissos financeiros impostos pelo Império, estão na lona.

Já a proposta em andamento dos chineses e dos Brics sinaliza cooperação internacional e troca de moedas a juros mais baixos, realizadas por bancos públicos de investimento.

É o caso, conforme geopolítica adotada pela China, de incrementar relações comerciais com os parceiros, sem esfolá-los nos juros extorsivos, como fazem FMI e BIRD.

BUENOS AIRES SE SOCORRE EM PEQUIM

O exemplo significativo, no momento, é o da Argentina, sufocada pelo Fundo Monetário Internacional, que não deixa a economia portenha respirar.

Por essa razão, a equipe econômica do governo Alberto Fernandez formulou pedido de empréstimo-ponte a Pequim para fechar balanço de pagamento e déficit em contas correntes.

Xi Jinping trata o caso com carinho, pois representa efeito demonstração que pode marcar nova era das relações financeiras internacionais, com a China avançando no cenário em que, antes, os Estados Unidos reinavam absolutos.

O empréstimo chinês de máxima emergência aos argentinos abre a temporada de relações econômicas e financeiras bilaterais realizadas ao largo do dólar, fragilizando-o.

Evidentemente, as declarações dos porta vozes do JP Morgan têm cunho alarmante para o mercado financeiro internacional de que a era hegemônica monetária dos Estados Unidos acabou.

Ressalte-se que, como destacam os pragmáticos da real politik das finanças internacionais, dinheiro não tem pátria.

o alarme do Morgan representa dica de que o próprio Morgan pode negociar com outras moedas fortes, de agora em diante, especialmente, com o yuan chinês, visto que o maior volume de comércio mundial passou a ser dado pela China.

NOVO PODER REAL

Afinal, o PIB chinês, medido pelo preço de paridade de compra, já ultrapassou o PIB americano.

O pragmatismo bancário diz, conforme raciocínio lógico elementar, que é necessário seguir a nova correlação de forças gerada a partir do volume das trocas comerciais.

Não será novidade, com esse reconhecimento tácito do Morgan, maior banco dos Estados Unidos e, consequentemente, do mundo, excluído, possivelmente, o Banco Popular da China, que não fará mal a ele aceitar depósitos em yuan, quanto mais o comércio internacional for sendo engolido pela moeda chinesa.

Ou não?

A fala do Morgan deixa, sobretudo, a América Latina propensa a acelerar, como faz a Argentina, a partir da semana passada, relações financeiras com os chineses, tendo por horizonte projetos de investimentos em infraestrutura financiados em yuan, no lugar do dólar, como ocorre em larga escala no sudeste asiático etc.

Soma-se a essa pretensão latino-americana, a aproximação do BRICs com os países integrantes da nova geopolítica internacional, o Sul-Sul, ao qual deverá alinharem-se cerca de duas dezenas de países interessados nessa integração comercial e financeira.

Certamente, trata-se do germe de novo sistema financeiro internacional, cuja força comercial e militar primária se assenta na relação China-Rússia, construída no conexto da guerra na Ucrânia.

A pregação ousada de Lula por comércio em moedas locais, que aparavora Washington, ganha o reconhecimento do maior banco do  mundo.

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