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sábado, 18 janeiro, 2025

Xi Jiping usa Keynes para enfrentar Trump

Agência Brasil

 César Fonseca

Quando é que o Brasil aprenderá com a China lições de crescimento econômico, livrando-se da ortodoxia monetária e fiscal neoliberais seguida por Banco Central Independente e Ministério da Fazenda, na marcha batida de cortes de gastos sociais e juros altos, que mantêm economia em permanente instabilidade, favorecendo, apenas, mercado financeiro especulativo via juros altos?

Duas iniciativas adotadas pelo governo Xi Jinping, nesta semana, mostram porque os chineses estão na vanguarda mundial: primeiro, anunciaram a suspensão das tarifas de importação de 100% para os países mais pobres.

Com isso, favorecem a cooperação chinesa com África, América Latina e Ásia.

O volume de comércio com esses continentes crescerá exponencialmente.

Africanos, latino-americanos e asiáticos, ao elevarem suas vendas externas para a China terão mais recursos para importar produtos chineses.

Esse fluxo comercial, em expansão, ampliará o intercâmbio generalizado em todos os sentidos.

Contrasta tal estratégia com a promessa do troglodita Donald Trump de taxar importações de todo mundo, para tentar fortalecer empresas americanas, sem poder de competitividade, especialmente, com suas congêneres chinesas.

O presidente americano cria clima de resistência e não de cooperação, mantendo o espírito de guerra comercial.

Quem sairá ganhando, senão Pequim e seus parceiros comerciais?

COOPERAÇÃO X GUERRA COMERCIAL

Agora, surge a mais nova decisão de Xi Jinping: afrouxamento monetário na China, para aumentar o consumo interno.

Trata-se de medida complementar à de promover abertura comercial mediante a suspensão de cobrança de tarifas.

Ou seja, a China, indo na contramão de Donald Trump, coloca dinheiro em circulação que promove quatro movimentos econômicos simultâneos e dinâmicos, no sentido de acelerar capitalismo global:

1 – eleva, relativamente, os preços, com o aumento do consumo global;

2 – reduz, relativamente, os salários, por meio do pleno emprego;

3 – diminui a taxa de juros, que derruba financiamento de dívida pública e

4 – perdoa dívida contratada a prazo.

O resultado desse movimento de afrouxamento monetário chinês, ao lançar mão da única variável econômica verdadeiramente independente sob capitalismo e elevar a quantidade da oferta de moeda na circulação capitalista, pelo Estado soberano,  aumenta a eficiência marginal do capital, isto é, o lucro dos empresários, conforme recomendou o maior economista do mundo no século 20, John Maynards Keynes, contra o crash de 1929.

XEQUE-MATE EM WASHINGTON

Xi Jinping repete exemplo do Banco Central americano, em 2008, seguindo recado keynesiano, ao aumentar a oferta de moeda na circulação para derrubar juros e dívida pública, de modo a salvar o capitalismo americano do colapso.

Ficou comprovado na ocasião que a inflação, ao contrário do que diz a tese neoliberal, não representa fenômeno monetário, pois a inflação não subiu e a dívida caiu, jogando por terra a ortodoxia monetária e colocando em evidência a nova teoria monetária das finanças funcionais.

É nessa jogada que Xi Jinping embarca, neste momento, para evitar o crash global capitalista, pela mão da China, ao promover simultaneamente afrouxamento monetário e abertura comercial suspendendo tarifas de importação dos produtos fabricados pelos países mais pobres.

A China vira, portanto, de agora em diante, o porto, que se pretende seguro, no qual deverá ancorar a economia mundial para enfrentar a ameaça do .

protecionismo de Donald Trump.

Xeque-mate no capitalismo americano.

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