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quinta-feira, 28 março, 2024

WASHINGTON, OEA E O GRUPO DE LIMA

por: Elson Concepción Pérez 

Foto: Pensando Américas

Em uma reunião de emergência convocada para Lima, Peru, alguns ministros das Relações Exteriores de 13 nações da região, além de acusar Caracas, assumiram uma declaração intervencionista emitida por Washington e processada pela Organização dos Estados Americanos (OEA)

DESTA vez, Washington usou a tecnologia de videoconferência para esclarecer as últimas instruções que seu secretário de Estado, Mike Pompeo, havia dado a alguns governadores e chanceleres latino-americanos, reunidos no chamado Grupo de Lima, para agir contra a República Bolivariana da Venezuela.

Em uma reunião de emergência convocada para Lima, Peru, alguns ministros das Relações Exteriores de 13 nações da região, além de acusar Caracas, assumiram uma declaração intervencionista emitida por Washington e processada pela Organização dos Estados Americanos (OEA), com a vaga intenção de não permitir que o presidente Nicolás Maduro, democraticamente eleito pelo povo venezuelano, assuma o mandato em 10 de janeiro, conforme estabelecido pela Constituição daquele país.

O Grupo de Lima é irreverente, bem como a OEA, de cuja barriga saiu.

A representação do México não aderiu à farsa e o presidente Andrés Manuel López Obrador ratificou no dia anterior que seu país baseava sua política externa no princípio da não intervenção e, portanto, recusou-se a assinar a carta do Grupo de Lima contra a Venezuela.

Por sua vez, o governo uruguaio descarta aderir à declaração dos países do Grupo de Lima, que desconhecem o novo mandato do presidente eleito venezuelano, informou o jornal La República.

Entre as exigências desrespeitosas ao governo venezuelano estão as de realizar novas eleições presidenciais. É lógico que nem Washington, nem a OEA nem alguns de seus servidores na área imaginassem a retumbante vitória de Nicolás Maduro, que obteve 68% dos votos, em um processo de absoluta transparência, que também incluiu a presença de observadores internacionais e onde a oposição participou em igualdade de condições.

Então veio o habitual: uma vez que os adversários foram derrotados, a mídia mais recalcitrante impôs a matriz da «fraude».

Pode ser interessante para Washington, a OEA e o Grupo de Lima se referirem a cada um dos processos eleitorais dos países que representam. O que dizem essas nações e o que a OEA diz sobre a maneira pela qual o Brasil recorreu à caça de líderes populares como Dilma, retirada do poder por um golpe parlamentar ou judicial, ou como Lula — preferido pela maioria dos brasileiros para vencer nas elei-ções do ano passado — e tirados da cena pública e levados para a prisão sem provas incriminatórias.

Quando a OEA e o Grupo de Lima agirão contra as medidas neoliberais que causam grandes cortes sociais na Argentina? Quando haverá uma declaração contra o assassinato de líderes sociais na Colômbia? Ou quando exigirão respeito pelos Acordos de Paz entre o governo e os guerrilheiros?

Na reunião de Lima, seu anfitrião, o ministro das Relações Exteriores Néstor Popolizio ousou afirmar que «a declaração adotada pelo Grupo de Lima contém uma forte mensagem política, a principal é o não reconhecimento da legitimidade do novo regime venezuelano».

É oportuno esclarecer que, embora os Estados Unidos não façam parte formalmente do Grupo de Lima, Mike Pompeo aproveitou sua estada na posse do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, para apoiar um front continental contra Maduro; e em sua escala na Colômbia, elogiou o compromisso do governo de Ivan Duque para «restaurar a democracia» no país vizinho. «Devemos nos unir para rejeitar a ditadura da Venezuela», afirmou o presidente colombiano.

O grande desrespeito foi do novo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, que disse que a declaração «exorta o presidente Nicolás Maduro a não assumir o novo mandato, que é uma oportunidade de deixar o poder com um mínimo de dignidade».

O documento do Grupo de Lima pede uma reavaliação do status ou nível das relações diplomáticas com a Venezuela; bem como impedir que os altos funcionários do governo venezuelano entrem no território dos países membros.

Diante dessas ações espúrias contra a Venezuela, em oposição a outras promovidas por Almagro contra a Nicarágua, o ministro das Relações Exteriores de Cuba ratificou nosso apoio inabalável a essas nações irmãs e rejeitou os pronunciamentos intervencionistas.

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