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sexta-feira, 29 março, 2024

VERGONHA, OH! QUE VERGONHA!

 Pedro Augusto Pinho*

Este artigo mantém o título, pois o opróbrio, o constrangimento, a humilhação é o mesmo.

Trataria da analise que o Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), órgão não governamental, sem filiação ou ligação político partidária, formado por professores, doutores, pós graduados nas áreas de ensino, sociais e econômicas, realizou das propostas para educação de oito candidatos à presidência da República: Lula/Haddad, Ciro Gomes, Alckmin, Marina Silva, Bolsonaro, Cabo Daciolo, João Amoêdo e Guilherme Boulos.

Nem parece que educação, saúde e segurança encabeçam as listas de reivindicações de toda população, dos mais ricos aos mais pobres; nenhum jornal da grande imprensa, nenhum noticiário da televisão, nenhuma divulgação desta análise de especialistas, nem dos projetos e muito menos das críticas a eles.

Fui conhecer este precioso trabalho no Monitor Mercantil da sexta-feira, 31 de agosto de 2018. Que me pareceu mais um 31 de março de 1964. Dia do Golpe.

O INESP procurou observar “se as propostas apontam ou não para a garantia da qualidade do ensino, do acesso à educação infantil, do crescimento da oferta de vagas ao ensino superior, do financiamento da pesquisa e extensão, da Revisão das Bases Nacionais Comuns Curriculares e da Reforma do Ensino Médio”. Faz a ressalva que as soluções encontradas desde 2015, para enfrentar a crise econômica, “foram baseadas em medidas de austeridade que afetaram diversos serviços públicos essenciais”.

E, após descrever o cenário atual da educação no Brasil, passa a analisar os programas dos candidatos.

Apenas a proposta de Lula/Haddad confirma a qualificação de prioridade estratégica. O INEP conclui que “as propostas de Lula e Boulos são as mais eficientes, por se preocuparem com a redistribuição de recursos e competências entre os entes federados, reconhecerem a necessidade de maior financiamento, ampliação de vagas, democratização do acesso e condições de permanência” e que a de Ciro Gomes “centra-se muito em ações meritocráticas, usando como exemplo as escolas de Sobral”. Marina “não detalha propostas”, Cabo Daciolo também “não desenvolve propostas concretas”.

“Já os demais candidatos são excessivamente neoliberais ou até delirantes, como Bolsonaro. Não se comprometem com a educação pública, querem privatizar o ensino superior, além de estabelecerem critérios excessivamente meritocráticos”.

Como todos meus leitores sabem, meritocracia das elites é colocar a raposa no galinheiro e deixar que o melhor vença.

As propostas de cinco destes candidatos já seria motivo de vergonha.

Fizeram-me lembrar o poeta dos escravos:

“Auriverde pendão de minha terra, antes te houvessem rôto na batalha

Que servires a um povo de mortalha!…” (Castro Alves, 18/04/1868)

Mas a tragédia se acentuaria na mesma sexta-feira da matéria jornalística.

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Um dos poderes desta república, o minúsculo poder sem voto, numa implacável perseguição, que só aos tolos convence, resolve dirigir o resultado das urnas. Quer ser, mais do que sua farsa julgadora, o eleitor privilegiado no Brasil.

Como vamos, todos nós, enfrentar o mundo com um passaporte brasileiro?

Com a vergonha do país que ignora os direitos humanos e sociais.

*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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