AP Foto/Sputnik Greg Allen
Wellington Calasans
A guerra na Ucrânia atingiu um novo patamar de tensão após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, completamente desconectado da realidade, reduzir drasticamente o ultimato à Rússia para “10 ou 12 dias”, na crença de que com isso será capaz de pressionar por uma resolução imediata.
A medida, anunciada em 28 de julho, reflete não apenas a urgência da NATO em tentar conter o avanço russo, mas também o temor de que o regime de Zelensky colapse diante da corrupção endêmica e do desgaste militar. Enquanto isso, reações de figuras como o ex-presidente russo Dmitry Medvedev e o senador Lindsey Graham expõem os riscos de uma escalada global.
Trump justificou a redução do prazo anterior de 50 dias como uma resposta à “lentidão das negociações” , mas analistas apontam que a pressão por resultados rápidos esconde um objetivo estratégico: evitar que o colapso de Kiev comprometa os planos da NATO de enfraquecer a Rússia e expandir sua influência no Leste Europeu.
No entanto, o ultimato é visto como um “tiro no pé”, já que a Rússia rejeita negociações sob pressão. Medvedev alertou que ameaças de prazos curtos são “passos em direção à guerra”, destacando que a Rússia não é “Israel ou Irã” para se submeter a ultimatos.
A estratégia da NATO enfrenta críticas crescentes. Enquanto Graham defende sanções mais severas contra a Rússia, aliados europeus como Alemanha e França temem que o ultimato de Trump provoque uma retaliação direta, inclusive com armas nucleares.
A corrupção em Kiev, exposta por protestos contra o recrutamento forçado e a centralização de poder por Zelensky, mina a narrativa ocidental de defesa da democracia. Segundo o jornalista Seymour Hersh, Trump planeja substituir Zelensky para evitar um colapso desordenado, mas o ultimato pode acelerar exatamente esse cenário.
O governo Zelensky, já enfraquecido pela lei marcial e pelo cancelamento de eleições, enfrenta uma crise de legitimidade. Vídeos de ucranianos resistindo ao recrutamento forçado evidenciam a fragilidade do regime.
Para a Rússia, essa instabilidade é uma oportunidade: o Kremlin pode intensificar ataques no Donbass e em Kharkiv para pressionar Kiev a aceitar termos territoriais antes do prazo. Medvedev reforça que a Ucrânia é um “projeto falido do Ocidente”, usando a corrupção como prova para deslegitimar Zelensky.
Diante de tamanho impasse, os possíveis cenários e riscos globais estão postos:
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Escalada militar: A Rússia vai ignorar o ultimato e acelerar ofensivas, levando a uma guerra de atrito com impactos humanitários catastróficos, algo que evitou desde o início.
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Fissuras na NATO: Enquanto Polônia e Bálticos apoiam a pressão, Alemanha e França podem exigir concessões, expondo divisões na aliança. Mesmo com muita ousadia, os franceses e alemães sabem que serão destruídos em um cenário de conflito declarado com a Rússia.
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Escalada nuclear: Medvedev alerta que prazos irreais aumentam o risco de mal-entendidos, incluindo mobilização de armas nucleares táticas. A Rússia, inclusive, possui ampla vantagem sobre a NATO, pois domina a tecnologia hipersônica.
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Colapso de Kiev: Pressionado interna e externamente, Zelensky pode ser deposto, abrindo caminho para um governo conciliatório (pró-Rússia) ou caos político, inundando os países ocidentais de refugiados de guerra.



