César Fonseca
O sucesso do previsível futuro presidente Lula estará nas mãos dos trabalhadores; se eles cerrarem fileiras para votar nos candidatos da frente lulista de centro-esquerda, conseguirão derrotar as reformas neoliberais, especialmente, da Previdência e a Trabalhista, tomando seus direitos constitucionais de volta; também, serão fundamentais para garantir destruição do teto neoliberal de gasto, que inviabiliza aumento real do salário mínimo e dos gastos em educação e saúde, maior demanda social; sobretudo, a batalha eleitoral lulista requer convocação do trabalhadores para formar maioria no parlamento para garantir governabilidade.
Num primeiro momento, haverá queda de braço, no legislativo, para medição de forças entre os adversários que sairão das urnas; Lula, vocalizando a esquerda, promete aumento de salário e desenvolvimento com justiça social, enquanto ataca corrupção escandalosa emergente do negócio imobiliário da família bolsonarista; o presidente perdeu condições de acusar Lula de corrupto, depois dessa notícia bombástica que afeta, completamente, sua credibilidade pessoal e familiar.
O clima é de banditismo bolsonarista, envolvendo negociatas de 51 imóveis da famiglia , sugerindo máfia criminosa etc; Lula, que está inocentado pela justiça com reconhecimento público pela Globo vê, de repente, revertida situação a seu favor; cuidará agora de apelar ao eleitorado para não deixar essa tendência criminosa familiar continuar com apoio no parlamento de viés fascista, como se tem visto até agora.
ATAQUE MIDIÁTICO
O desgaste do presidente, certamente, afetará disposição eleitoral, até o momento, dos seus aliados, abalados por esse ataque midiático contra o qual não estava preparado; contra ele, está sem argumentos de contestação; se a justiça abrir queixa crime, o julgamento de Bolsonaro será feito em praça pública, no compasso da disputa eleitoral.
Os bolsonaristas estão em desespero; vai se transformando em verdade objetiva a acusação da oposição de que Bolsonaro foge da discussão essencial – a economia sob recessão e suas consequências em forma de elevado desemprego e exclusão social dos mais pobres – para esconder potenciais crimes; por isso, prefere apelar para o abstrato, para a religião ancorado em discurso da primeira-dama pentecostalista.
As redes sociais dão o tom da desconfiança generalizada que trabalha pela derrota bolsonarista e, ao mesmo tempo, dão conteúdo obrigatório a Lula pela derrubada democrática do capitão mentiroso; quanto mais Lula caminhar nesse sentido, mais aumenta chance de fazer maioria parlamentar; Bolsonaro está nas cordas.
CANDIDATO SEM PROJETO
Paulo Guedes avisa que a continuidade do auxílio emergencial dependerá da política; os liberais querem reduzi-lo; Lula quer aumenta-lo; o diferencial será a correlação de forças, como reconhece o ministro ultraneoliberal; o presidente não tem projeto algum; ele foi autêntico ao dizer que viria para destruir, não construir; a destruição da infraestrutura produtiva nacional, com desnacionalização econômica que se traduz em aumento da inflação e da desigualdade social, evidencia incompatibilidade entre Bolsonaro e as massas.
Com as reformas neoliberais, caiu poder de compra dos trabalhadores que o governo Bolsonaro tenta arrefecer com auxílio emergencial de valor instável; primeiro, diz que garantirá R$ 405/mês; mas, promete, em campanha eleitoral, R$ 600; precisará romper o teto de gastos e, consequentemente, se inviabilizar com os banqueiros.
ARMADILHA DA DÍVIDA
O governo virou prisioneiro das finanças públicas bancadas pelo juro de agiota que não deixa a economia deslanchar-se; para deslanchar, tem que desarmar o arcabouço econômico financeiro montado pelo golpe neoliberal de 2016, que derrubou a presidenta Dilma Rousseff por meio de impeachment sem crime de responsabilidade para caracterizá-lo; desde então, o golpe sustenta baixo crescimento econômico com elevado desemprego, cujas consequências eleitorais são reeleição bolsonarista inviabilizada, segundo as pesquisas.
CORRUPÇÃO IMOBILIÁRIA BOLSONARISTA
A queda do desemprego e a retomada acanhada do consumo graças ao incerto auxílio emergencial deixa no ar falso otimismo forçado, euforia exagerada bolsonarista; os eleitores de Bolsonaro estão cada vez mais desconfiados, especialmente, depois da corrupção emergente imobiliária da família presidencial.
Do nada, veio à tona que os Bolsonaro são proprietários de 51 imóveis adquiridos à vista, sem nenhum recibo legal para confirmar a transação comercial; escândalo caiu na boca do povo, condenado explicitamente pela mídia corporativa moralista.
A transmigração de votos em favor de Lula é amplamente cogitada, de modo que se abre possibilidade de maioria de frente de esquerda no parlamento diante da direita ultraliberal completamente desmoralizada pelo orçamento secreto da aliança Bolsonaro-Centrão.
FOCO NA GOVERNABILIDADE
Nesse contexto, o foco da campanha lulista passa a ser criação de condições amplas de governabilidade do eventual governo Lula mediante bancada relativamente forte; o fator relativo, elevando chances lulistas no parlamento, seria a garantia de cumprimento das promessas de esquerda; estas se materializariam com eventual maioria parlamentar lulista.
Ou seja, o eleitorado lulista tem que estar desperto e consciente para o fato de que Lula somente poderá cumprir o que está prometendo, se ele, o eleitorado, garantir maioria lulista no Congresso, para derrotar os rentistas que seguram para si a parte do leão do orçamento da União.Sucesso