Panamá, (Prensa Latina) No Corredor da Morte hoje estão empresas panamenhas e seus empregados, quem, depois de um ano de sancionados a desaparecer como organização, só conhecem que Estados Unidos tem ”razões para duvidar” de suposta lavagem de dinheiro.
Uma ordem imperial de obrigatório cumprimento extraterritorial ditou sentença, sem julgamento, apelação ou defesa, através da inclusão em uma lista discriminatória criada pelo Departamento do Tesoro, onde com pautas estritas condenou às entidades, entre elas ao decano diário A Estrela.
‘Em só questão de horas se retiraram os provedores, os anunciantes, os bancos fechavam as contas… A primeira batalha foi fazer entender que os diários tinham uma licença de operação, pelo que nenhum empresário estava em perigo de sanção’, recordou Eduardo Quirós, presidente do Grupo Editorial No Século-A Estrela (GESE).
‘Era algo impensável, a moral se vem abaixo’, agregou sobre a espada de Damocles que ainda ameaça a continuidade do centenário diário e seu sócio No Século, cujo possível desaparecimento começou com a demissão da quarta parte de seu coletivo trabalhista, publicou o próprio rotativo.
A ‘acusação’ implícita no documento do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, por suas siglas em inglês), assinalou a existência da Waked Money Laundering Organization (Rede Waked de Lavagem de Dinheiro), por tanto, a partir de 5 de maio de 2016 um grupo de pessoas ficaram inscritas na Lista Clinton.
‘Todos os ativos destes indivíduos e entidades que estejam sob a jurisdição de Estados Unidos, ou sob controle de pessoas estadounidenses, estão congelados e de forma geral se proíbe que pessoas estadounidenses participem em transações com eles’, sentenciou a OFAC.
Ainda que unidos no mesmo laudo, a instituição fez uma distinção entre Nidal e seu tio Abdul Waked, pois conquanto contra o primeiro existe um processo em marcha e foi extraditado da Colômbia a Estados Unidos, Abdul ainda não conhece as provas em sua contra, porque a justiça norte-americana não abriu nenhum expediente. A medida arbitrária e contra a soberania de Panamá, como a qualificaram vários advogados, pôs em perigo o destino de 68 empresas locais e o emprego de cerca de 6 mil trabalhadores e trabalhadoras, alguns dos quais conseguiram salvar seu trabalho porque os Estados Unidos obrigou o dono a vender suas propriedades.
Mas sobre GESE, e em particular A Estrela, com 168 anos de existência, o acionista principal Abdul nega-se a negociar, porque ‘seria vender a história do Panamá’, disse em entrevista a uma emissora de televisão local.
Passo a passo lhe intimaram a despojar de seu patrimônio e em algum caso um punhado de trabalhadores conseguiram manter seu emprego com os novos donos, enquanto outras entidades receberam licenças temporárias de operações para procurar que passe a diferentes proprietários com o visto bom da instituição estrangeira.
No estranho processo alguns fatos causam assombro aos panamenhos como o do Balboa Bank, também incluído na Lista Clinton, onde Ahmed Waked, pai de Nidal, mas não sancionado pela OFAC, tem o 21,3 por cento das ações e seu único filho era o tesoureiro da junta diretiva.
No entanto, as autoridades estadounidenses consideraram que desde seu cargo e como representante da família, Nidal tinha o controle do banco onde realizava lavagem de capitais procedentes do narcotráfico.
Uma auditoria estrangeira realizada pela Superintendência de Bancos de Panamá não encontrou tal atividade, mas todos os executivos e membros da junta foram separados da administração e o regulador assumiu o controle.
Os resultados da Promotoria panamenha de que contra o Grupo Waked International S.A. (Wisa) há ausência de provas de delitos, demonstram o injusto das sanções impostas por Estados Unidos, afirmou em novembro passado a advogada Guillermina McDonald.
Corresponde agora que o Estado devolva a seu cliente o controle das empresas, atendendo a ‘que para o Ministério Público (MP) de Panamá nenhuma de suas atuações comerciais constitui delito, nem lavagem de capitais’, asseverou.
Um comunicado do MP solicitou ao Ãrgano Judicial, o ‘arquivamento provisório’ da causa porque ‘os meios de justificativa acumulados não são suficientes para comprovar o ou os fatos puniveis pesquisados’, assinalou a Promotoria que realizou inspeções oculares, obteve informação e solicitou assistências internacionais.
No Corredor da Morte esperam as vítimas da OFAC, ou seja, os empregados das empresas sancionadas e suas famílias, com a esperança talvez de um milagre, que no caso de GESE poderia ser a bandeira do jornalismo independente, ainda que até o momento Estados Unidos a ignorou.