Caracas, 16 May. AVN
Para a economista venezuelana Pascualina Curcio, as sanções econômicas, o bloqueio financeiro e a campanha midiática contra a Venezuela são fatores que somente visam impedir que se consolide um modelo alternativo que mostre que é possível um sistema econômico distinto ao capitalismo.
“Não é o presidente de plantão dos EUA, são os grandes capitais, que finalmente é um confronto de modelos, onde os grandes capitais tentam que não se consolide um modelo distinto, alternativo e que possa mostrar suas conquistas, temos que estar muito conscientes disso, da magnitude das agressões”, comentou Curcio em entrevista à AVN.
A economista destacou que é importante entender a dimensão das agressões econômicas “que nós venezuelanos estamos sofrendo” impostas pelos EUA, e em sua avaliação “indescritíveis”. “O inimigo não é qualquer um”, disse. As sanções assinadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, estão dirigidas não somente a funcionários, mas às transações realizadas pela Petróleos de Venezuela (Pdvsa).
Curcio explicou que a Pdvsa gera 99% da renda em moeda estrangeira do país. Quando seus negócios são afetados, a compra de medicamentos, alimentos, tecnologia e transporte também se vê prejudicada. “Seja a realizada diretamente pelo próprio Estado ou inclusive a que realiza particulares, porque na Venezuela historicamente, o setor privado não gera divisas”, disse.
“Sobretudo quando se trata de alimentos e medicamentos afeta de maneira importante as condições de vida da população, isto é estritamente o que tem a ver com as chamadas sanções. Realmente quando se sanciona alguém é por que fez algo ruim, nós não fizemos absolutamente nada ruim, o único que fizemos é ter decidido ser um país soberano, e decidir sobre nossas riquezas”, comentou.
A professora universitária explicou também que o sistema financeiro internacional está praticamente nas mãos da Reserva Federal dos EUA, e que existem outros mecanismos para cercar economicamente a Venezuela, como por exemplo o bloqueio financeiro, e a manipulação do risco país.
No primeiro caso, quando a Venezuela necessita importar ou pagar compromissos da dívida estas transações devem passar pelo crivo do sistema financeiro internacional, controlado pela Reserva federal dos EUA e pela Uniao Europeia no caso do euro.
“Estes “postos de controle” retêm os recursos, como é o caso de Euroclear que atualmente, retém US$1,2 bilhão, recursos que a nação utiliza para comprar alimentos, medicamentos, ou para pagar compromissos da dívida”, explicou.
O tema do risco país é outro fator de manipulação. “Porque dizem que temos um dos riscos financeiros mais altos do mundo, como se estivéssemos em uma situação de guerra armada, ou um desastre natural, o que não é o caso”, destaca, acrescentando que o risco financeiro no caso da Venezuela aumenta mesmo com o pagamento correto das dívidas. “Vemos que quanto mais pagamos a dívida de forma pontual, esse risco aumenta, quando deveria ser o contrário, sobretudo se o pagamento é completo e pontual”.
A economista explicou que ao catalogar a Venezuela como um país de risco, a nação deve pagar mais juros ao solicitar empréstimos no mercado internacional. “Cada 100 pontos desse risco país, significa 1% de juro, isto é se nos colocam com 4.000 ou 5.000 pontos, devemos pagar 40 ou 50%”, afirmou .
A Venezuela já pagou US$80 bilhões referentes à dívida nos últimos cinco anos, “por isso dizemos que é uma manipulação que não atende nenhum critério econômico”.
Foto: AVN / Arquivo