por Arkady Savitsky
O relatório do Departamento do Tesouro dos EUA relativo a Abril, publicado em 15 de Junho, revelou que a Rússia vendeu US$47,4 mil milhões dos US$96,1 que mantinha em Títulos do Tesouro (T-bonds). Em Março, Moscovo reduziraseus haveres naqueles títulos em US$1,6 mil milhões. Em Fevereiro, a Rússia reduzira sua carteira de títulos em US$9,3 mil milhões. Outros possuidores de títulos também o fizeram. O Japão liquidou US$12 mil milhões, a China liquidou aproximadamente US$7 mil milhões. A Irlanda descarregou US$17 mil milhões. A guerra de tarifas desencadeada por Washington desperta temores de que os mercados financeiros possam estar numa fase difícil com treasuries a serem despejados por alguns parceiros, incluindo grandes possuidores como a China e o Japão, cada um dos quais com mais de US$1 milhão de milhões. A Rússia cortou seus haveres em títulos americanos após numerosos ciclos de sanções impostas por Washington contra Moscovo e em meio às guerras comerciais em curso entre os EUA e seus aliados e parceiros. Isto é uma má notícia e uma advertência agourenta para Washington. A procura estrangeira é crítica para compensar uma ascensão expectável das necessidades federais de contracção de empréstimos. O Departamento do Tesouro precisa financiar as enormes despesas bem como as isenções fiscais aprovadas pelo Congresso em Dezembro de 2017. Ele planeia leiloar cerca de US$1,4 milhão de milhões em treasuries este ano. Com abundância de vendedores e escassez de compradores no mercado de títulos o governo planeia acrescentar mais US$600 mil milhões ao mesmo. As companhias recompram suas próprias acções a fim de promover a capitalização. Os preços das acções estão super-valorizados. A política monetária do Federal Reserve System não estimula o crescimento económico em meio à crescente dívida nacional. O mercado de títulos já não parece atraente. Parece haver uma grande mudança no horizonte e que muitos países despejarão dívida dos EUA em caso de guerra comercial. E a supremacia do US dólar não é tão sólida como muitas pessoas acreditam. O seu prazo de validade como divisa de reserva global está a aproximar-se. O processo de des-dolarização está gradualmente a ganhar impulso. Moscovo e Beijing estão a fazer acordos para se afastarem da divisa americana. Em 8 de Junho, seus líderes assinaram um acordo para aumentar a proporção das liquidações comerciais em divisas nacionais. No ano passado, nove por cento dos pagamentos dos fornecimentos da Rússia para a China foram efectuados em rublos russos. Em Outubro de 2017, a China lançou um sistema de pagamentos para transacções em renminbi e na divisa russa. O lançamento do petro-yuan permite a Moscovo e Beijing utilizarem divisas nacionais para pagamentos. Companhias russas pagam em renminbi 15 por cento das importações chinesas. Em comparação, apenas três anos atrás os números respectivos eram dois e nove por cento. O afastamento gradual do US dólar está na agenda dos BRICS. A China e o Japão começaram a comerciar directamente suas divisas já em 2012 a fim de cobrir o risco da queda do dólar a longo prazo. Stanley Druckenmiller , o investidor bilionário, acredita que este é o tempo em que “tudo o que você precisa é ouro e todos os outros investimentos são lixo”. Altos administradores de moeda também estão a recomendar ouro. Outros países estão a repatriar suas reservas ouro retirando-as do US Federal Reserve. A Rússia aumentou suas reservas ouro a fim de diversificar para longe do dólar. Ela recentemente concluiu umacordo de cooperação com a China sobre o desenvolvimento da reserva de minério de ouro de Klyuchevskoye na região Trans-Baikal. Espera-se extrair 12 milhões de toneladas de minério para produzir 6 toneladas por ano do metal precioso. O ouro é considerado importante por ambos os países. O Banco Central da Rússia tem aumentado seus haveres em ouro desde há três anos. Hoje, ele tem a quinta maior reserva de ouro do mundo o que torna a Rússia imune a flutuações do mercado global de divisas. Isto é um bom investimento para defender-se de sanções dos EUA, imposições tarifárias e flutuações do dólar. Quanto pior se tornarem as relações dos EUA com outros países, mais provável será que outras nações reconsiderem sua confiança no dólar. O mercado de títulos dos EUA está a atravessar tempos difíceis, o dólar está a enfrentar um futuro incerto e o ouro está a tornar-se o melhor investimento que alguém poderia pensar. Com sanções utilizadas constantemente como ferramenta de política externa, guerras comerciais e a enorme dívida crescente, as perspectivas económicas da América estão toldadas pela dúvida, o que faz com que outros países se afastem gradualmente da sua divisa e dos seus T-bonds. Isto não é bom augúrio para os EUA. Sua política de confrontação torna-o fraco, não mais forte. Há sinais claros de que o século americano está a chegar ao fim. O original encontra-se em www.strategic-culture.org/… Este artigo encontra-se em http://resistir.info |