Havana (Prensa Latina) Na expectativa diante do impacto internacional da rota imprevisível do novo governo estadunidense, os membros da Associação de Estados do Caribe (AEC) afinam as posições que serão debatidas aqui durante a XII reunião de seu Conselho Ministerial.
Ainda que os temas principais da agenda oficial do encontro da próxima semana sejam os efeitos da mudança climática e da interconexão regional, entre outros, a preocupação mundial provocada pelas primeiras medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não estará ausente dos debates, ao menos na esfera privada.
Para os países caribenhos, uma das maiores ameaças contidas nesse sentido está na intensificação das deportações anunciada pela Casa Branca, a qual pode ter um impacto negativo enorme nas economias da área.
Apenas no caso da Jamaica a cifra de cidadãos dessa ilha que residem de maneira ilegal nos Estados Unidos oscila entre 65 mil e 67 mil, cujas remessas enviadas estão entre as duas principais fontes de rendimento de divisas, segundo dados do Instituto de Políticas Migratórias divulgados em Kingston.
Depois de assumir a presidência a 20 de janeiro, Trump ordenou a construção de um grande muro na fronteira com o México e assinou uma ordem executiva para impedir a entrada a seu país de refugiados e cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Irã, Iraque, Síria, Iêmen, Somália, Sudão e Líbia).
Esta última decisão foi vetada pelo juiz James Robart, do estado ocidental de Washington, e depois pela Corte de Apelações do Nono Circuito, em San Francisco, Califórnia.
Na semana passada, o Departamento de Segurança Interior dos Estados Unidos anunciou um plano para o reforço das leis de imigração que permite a contratação de 15 mil novos agentes migratórios.
Esse esquema acena, ademais, que serão perseguidos os imigrantes indocumentados com acusações criminosas violentas e aqueles que tenham abusado dos benefícios públicos ou que ‘na perspectiva de um agente de imigração, possam supor um risco para a segurança pública e segurança nacional’.
Há 10 dias, a XVIII Cúpula da Comunidade Caribenha (Caricom), celebrada em Georgetown, dedicou um espaço para analisar a situação regional ‘à luz dos fatos políticos nos Estados Unidos’ e seu impacto nos países da subregião.
Nesse sentido, os chefes de Estado e de Governo sublinharam ‘os fortes laços familiares entre os povos da Comunidade e Estados Unidos da América’ e defenderam a continuidade ‘da frutífera e mutuamente benéfica relação com a nova administração estadunidense’.
Outro tema de preocupação para o Caribe reside na viragem drástica dada por Trump à política estadunidense em matéria de meio ambiente, assunto chave para uma região ameaçada pela subida do nível do mar por causa da mudança climática, ponto a debater na reunião ministerial da AEC em Havana.
O grupo celebrará aqui uma conferência (8 de março) de 60 nações que cooperam com os países da área.
Depois, ocorrerá a XXII reunião do Conselho de Ministros da AEC e no dia 11 terá lugar a V Reunião Ministerial Caricom-Cuba sobre a marcha das relações entre a maior das Antilhas e os integrantes da Comunidade do Caribe.
A associação, criada em julho de 1994, realizou sua VII reunião-cúpula em junho de 2016 em Havana, onde aprovou um Plano de Ação até 2018 com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento sustentável da região.
Esse documento abarca desde os setores do turismo e transporte até a mudança climática e a mitigação de seus efeitos e a cooperação em matéria de cultura e educação, entre outros.