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sábado, 20 abril, 2024

Remdesivir, vacinas ARN e “obsolescência programada” das moléculas: o capitalismo é um travão para a ciência

por Guillaume Suing [*]
 
“O Capital tem horror à ausência de lucros.   Quando fareja um benefício razoável, o Capital torna-se ousado.   A 20% fica entusiasmado.   A 50% é temerário.   A 100% espezinha todas as leis humanas e a 300% não recua perante nenhum crime”.
Karl Marx, O Capital, Livro 1, capítulo 22.

Uma análise marxista pode ser tudo exceto “conspirativa”

Identificar os conflitos de interesse e os tráficos de influência que atravessam uma qualquer crise, quer seja sanitária, económica, geoestratégica ou ambiental, não é cair na “conspiração”. Não é preciso imaginar a criação deliberada de um vírus sintético para explicar que a Big Pharma gera mais-valias excecionais ou que os estados capitalistas reduzem drasticamente os nossos direitos democráticos.

Pelo contrário, reconhecer que todos os “acidentes” da História podem ser para a cadeia imperialista mundial agonizante a oportunidade duma ressurreição, duma caça ao lucro máximo inesperado, é articular o “acaso e a necessidade” na muito sinuosa luta de classes internacional. É retomar uma visão dialética e materialista da História, que tanto tem sido menosprezada.

O capital não orquestrou na sombra a crise de 1929 para submeter uma boa parte dos povos europeus ao fascismo nos anos 30. Foi atingido por uma crise congénita, que surgiu tão inevitavelmente como um tremor de terra iminente numa região sísmica há muito adormecida, mas sempre no momento em que menos se esperava… Depois da crise de 1929, o capital adaptou-se, procurando que os trabalhadores paguem a crise, qualquer que fosse o custo social. O fascismo é a forma terrorista que o capital assume, quando, ferido de morte, fica assustado e dissimula o seu desespero estratégico (intimamente ligado à anarquia da produção que o sustenta) sob uma política de violência social em todas as direções.

Baralhar as cartas é um “jogo” permanente do processo capitalista e não podemos espantar-nos ingenuamente por, paralelamente a uma queda evidente do PIB e a um salto prodigioso da dívida pública, o CAC40 [NT] francês, por exemplo, ter assistido em novembro a uma subida recorde desde 1988. Os gigantes da distribuição decuplicam os seus lucros enquanto assistimos à exterminação sistemática do pequeno comércio pelos ukases [NT] tão injustos como incoerentes. Uma comparação entre o confinamento da primavera e o do outono permite perceber como, com base numa necessidade sanitária (que pode ser tratada de mil maneiras, conforme os países), passámos duma paragem brutal, sem preparação, até certo ponto suicidária e forçosamente temporária da economia, para um estranho “semiconfinamento” durante o qual apenas o artesanato, o pequeno comércio e o setor cultural são sacrificados enquanto que o conjunto dos superlucros dos grandes setores industriais e financeiros se mantêm no mesmo ritmo. As escolas não foram fechadas, os transportes públicos não sofreram diminuição de frequência, os supermercados nunca estiveram tão apinhados, a uberização [NT] de setores inteiros da economia, como a generalização da venda por correspondência, são a partir de agora “setores de ponta”. Em suma: As formas mais residuais do capitalismo pré-imperialista foram progressivamente erradicadas enquanto todos os locais de contaminação se mantêm deliberadamente abertos… para que as “grandes empresas” funcionem.

Cabe ao povo realizar o máximo esforço e sofrer todas as restrições: nada de saídas, nada de tempos livres, nada de laços sociais, nada de ajuntamentos… Que boas notícias para as burguesias ocidentais desesperadas, que não conseguem rivalizar com os países emergentes senão ao preço da submissão brutal das suas classes trabalhadoras. Neste processo, têm subsistido contradições entre a ideologia “liberal” das últimas décadas e as tentações fascistas de determinados Estados, se bem que uma gera sempre potencialmente a outra, com algumas hesitações e em condições bem determinadas. A desconfiança mais ou menos profunda das populações para com os seus Estados determinou o grau de recuo dos direitos democráticos efetuado. O ausweiss [cartão de identificação, NT] de saída em França durante os confinamentos, um raro exemplo do género, foi uma ilustração disso, assim como a negação total dos problemas psíquicos gerados pelos “conselhos de guerra” sanitários: vaga de suicídios, aumento de ansiolíticos e antidepressivos, aumento das violências vulgares, da delinquência, ou mesmo dos atentados terroristas.

Trata-se de uma contingência de dimensão mundial (uma pandemia, como houve na Idade Média, com a Peste ou, mais recentemente, no início do século XX, com a gripe espanhola que, é bom reconhecê-lo, teve uma virulência muito maior do que a de hoje), progressivamente incorporada no processo geral da crise do capitalismo imperialista. Tal como uma fome de origem climática revelou o rosto da monarquia feudal na véspera da revolução francesa, tal como a ocupação alemã mostrou o grau de traição do segundo Império na véspera da Comuna de Paris, tal como a carnificina da “Grande Guerra” industrial desmascarou o horror do imperialismo predador na véspera da revolução de outubro de 1917, assim é cada vez mais evidente que esta crise sanitária já abalou o mundo atual e as relações geoestratégicas que organizaram a hegemonia americana pós-soviética… reveladora duma incapacidade do capitalismo agonizante para gerar as catástrofes, para o pior… ou para o melhor.

A fascização passa também, no plano ideológico, por uma sábia ditadura do medo, com argumentos de autoridade que mascaram a sua “união sagrada” antiparlamentar com um “consenso científico” fraudulento, reconhecidamente eficaz para condicionar uma população que ignora os desafios da investigação científica. Na Assembleia Nacional, o ministro da Saúde, Olivier Véran, berrou aos deputados hostis a determinados aspetos do protocolo sanitário: “Se não querem ouvir, saiam daqui!” (4/novembro/2020).

O “conselho científico” de Emmanuel Macron, conselho que alardeou a inutilidade das máscaras e dos testes quando a França não os tinha em stock, país que, para um dos confinamentos mais rigorosos da Europa, apresenta a mortalidade mais elevada (mais elevada mesmo do que a da Suécia que, no entanto, não confinou!), país que decretou a proibição governamental da hidroxicloroquina no dia a seguir à famosa publicação da [revista] Lancet (que acabou por ser desmentida), que afirmou até dezembro que o vírus não sofreria nenhuma mutação, nunca deixou de mentir… mas continua a pregar impunemente, tapando com um verniz pseudo-científico os decretos do regime. Quem apontar as mentiras deles, é apelidado de conspirador.

Toda a dissonância no seio da comunidade científica assume aspetos de debate nacional e aqueles que, em Marselha, registaram a mortalidade mais baixa da França para as grandes metrópoles, passam a ser quase criminosos, por intermédio de um trabalho político-mediático de grande fôlego. Nesta inversão acusadora especialmente suspeita, é conveniente voltar aos factos. E antes dos escândalos quanto à questão dos tratamentos, a polémica em torno da “segunda vaga” é muito instrutiva neste aspeto.

“Segunda vaga” de um vírus que não sofre mutação, ou sazonalidade?

Aquando do primeiro desconfinamento, na primavera passada, procurou-se assustar a população com a iminência duma segunda vaga. Esta ameaça durou até ao outono, vigiando-se ao microscópio todos os sobressaltos da epidemia mesmo quando os serviços de reanimação se mantinham vazios. No entanto, a curva dos testes positivos tinha baixado continuamente, tanto antes como depois da data do desconfinamento, como se essa baixa inexorável respondesse a uma lógica interna independente de todas as medidas sanitárias, depois de passado o pico. Com efeito, nesse verão não houve “segunda vaga” (como as “bossas de camelo”).

Persistiu um ruído de fundo no que se refere a casos positivos, como para muitas epidemias “clássicas” dos coronavírus. Observaram-se aumentos relativos nomeadamente nas datas de reabertura das fronteiras na Europa Ocidental (junho), depois dos desconfinamentos, ou aquando do regresso de residentes que tinham contraído o vírus fora do país (ou a entrada de doentes de dupla nacionalidade regressados a França para serem legitimamente tratados). Mas tudo isso nunca constituiu uma vaga epidémica.

Em contrapartida, a partir de junho, Didier Raoult, que afirmara que não se previa nenhuma “segunda vaga”, falou pela primeira vez da possibilidade duma mutação que tornava o vírus sazonal e, portanto, de um possível regresso no outono. Em perfeita contradição com as ameaças do conselho científico, eis o que Didier Raoult dizia em junho passado: “É uma epidemia tradicional em curva. Mas o futuro a Deus pertence. Entre os coronavírus, alguns desaparecem pura e simplesmente. Outros assumem um ritmo sazonal: é o caso de quatro coronavírus endémicos. Ninguém pode prever isso, tal como não pudemos prever o resto. (…) Os coronavírus endémicos acabam por se instalar, é o que acontece geralmente. Determinados parâmetros permitirão saber se a doença regressa ou não. Se passar a ser uma doença sazonal, há uma hipótese de vê-lo no hemisfério sul antes de voltar a vê-lo aqui, porque o inverno começa agora no hemisfério sul. (…) Se formos inteligentes, observamos o que se passa no outro hemisfério para saber se voltará para aqui”. (D. Raoult, “Finalement la chloroquine”, VIDEO IHU Méditerranée, 13jun2020). Com efeito, a partir do fim do mês de junho, uma forte vaga epidémica atravessava a Austrália, por exemplo (que, aliás, não conhece hoje nenhuma vaga em novembro/dezembro, ou seja, no verão no hemisfério sul).

Será que a vaga que surgiu em outubro é uma vaga sazonal e não o resultado da nossa “falta de civismo”, denunciada com zelo de junho a setembro? Mesmo assim, é preciso olhar de perto para os números e para as curvas. O “ruído de fundo” dos contágios em agosto e em setembro permitiu alimentar o medo e sobretudo atribuir aos comportamentos individuais o inquietante recrudescimento. Ora, a vaga outonal instalou-se na Europa com um sincronismo incrível. O aumento exponencial dos casos declarou-se ao mesmo tempo em todos os países na primeira semana de outubro, qualquer que fosse a situação de cada um deles. Em certos países uma maré de subida lenta podia levar a crer na iminência de um limiar ou de um salto qualitativo (Itália, Alemanha), mas esse salto declarou-se ao mesmo tempo noutros países em que o número de casos se mantinha estável sem subir (França, Reino Unido), ou mesmo baixava nitidamente já há quinze dias (Espanha, Dinamarca)! Como cereja em cima do bolo, na Itália, citada diariamente nos meios de comunicação francesa pelo seu comportamento exemplar no respeito pelo protocolo sanitário, a vaga acabou por ser idêntica (e sincronizada) com todas as outras vagas da Europa ocidental…

Só por uma simplificação extrema e injusta se pôde acusar o professor Raoult de falsas previsões quanto à segunda vaga. Na realidade, ele apenas previu a ausência de um “salto” no verão, e a possibilidade de uma mutação tornar este vírus sazonal… Ora, mesmo a possibilidade duma mutação do vírus, apesar de demonstrada pelos genomas realizados periodicamente no IHU Méditerranée, foi rejeitada, inclusivamente durante a vaga outonal. Como, na cabeça das pessoas, uma mutação significa renunciar à esperança de uma vacina milagrosa, e sobretudo porque se escapa às lógicas acusadoras e punitivas quanto à origem das vagas epidémicas, o governo, o conselho científico, os media ridicularizaram essa possibilidade e acusaram Didier Raoult de charlatanismo quando ele o demonstrou cientificamente a partir do mês de setembro, apoiado pelos genomas.

Segundo a mesma lógica, escondeu-se que a baixa desta vaga outonal não estava ligada ao confinamento (visto que este só foi posto em prática depois do pico epidémico, quando o refluxo começava a medir-se pelas águas usadas das grandes cidades). Tratava-se visivelmente duma variante sazonal que evoluía numa “curva em sino” (as variantes formam picos sucessivos que se sobrepõem uns aos outros). Didier Raoult explicou em outubro: “Os vírus estão sempre em mutação, mas sofrem mutações duma forma mais ou menos brutal. As duas que são frequentes atualmente [vaga outonal] são ‘Marselha 4’ e ‘Marselha 5’. Para o ‘Marselha 4’, vemos um salto que corresponde a toda uma acumulação de mutações. Ocorreu um salto que explica que já não se trata de uma simples mutação, mas duma variante diferente. É esta variante que está epidémica atualmente e que provoca 75% dos casos em Marselha. (…) Os coronavírus são conhecidos, como os rinovírus [as duas famílias são responsáveis por numerosas rinites sazonais. Ndla], por se recombinarem entre vírus. São muito próximos e, portanto, é possível que se façam recombinações com esses rinovírus”. (D. Raoult, “Mutations, variants, ce que les génomes nous apprennent”, VIDEO IHU Méditerranée, 27/outubro/2020).

É desconcertante ler, no mesmo período, no INSERM [NT] , que “os coronavírus, que são vírus com ARN, são mais estáveis porque produzem uma enzima que corrige erros, chamada ‘exoribonuclease’. O SARS-Cov-2 sofreria mudanças duas vezes menos rapidamente que os vírus gripais” (“Mutações que tornam o SARS-CoV-2 mais perigoso, realmente?” Presse.inserm.fr, 12 outubro 2020). Sem, evidentemente, pôr em causa a existência de uma tal resistência às mutações, é forçoso constatar que, apesar disso, surgiram variantes… dado que isso é hoje afirmado muito claramente por ocasião da “terceira vaga”.

Evidentemente. Esta terceira vaga de inverno surge em pleno protocolo sanitário, simultaneamente em todos os países europeus (com um certo avanço nos países setentrionais, onde parece ter nascido esta variante) e dificilmente se pode imputar à falta de civismo das massas…. É preciso pois aceitar a existência duma nova variante… embora ela tenha sido rejeitada quando Didier Raoult falou disso durante a vaga outonal!

O discurso científico não se tornou mais acessível ao grande público neste ano de 2020. Pelo contrário, foi obscurecido, aquando de mais esta pandemia, por um pensamento oficial de ordem essencialmente política. É esse pensamento único, rejeitado incessantemente pelos factos, que embaciou a imagem da ciência aos olhos das pessoas, e não os discursos dissonantes como o de Didier Raoult e da sua equipa. Em que campo se situam então os verdadeiros defensores da ciência? Do lado da ilusão ingénua de um consenso científico (que nunca existiu na História das ciências) contra o qual qualquer desvio seria uma prova de charlatanismo? Ou do lado de determinadas dissonâncias, quando elas são cientificamente apoiadas e até certo ponto dignas de confiança dado que estão isentas das influências devastadoras da Big Pharma?

A obsolescência programada das moléculas, vitória do capital sobre a investigação

Didier Raoult não é marxista nem profeta. Pode ter errado na sua carreira como qualquer outro investigador, mesmo entre os mais “reconhecidos” (de que faz parte). Pode ter-se enganado, inclusivamente no início desta pandemia. No entanto, é evidente que as suas comunicações mostraram, em retrospetiva, ser mais sérias no plano científico, do que as comunicações político-sanitárias oficiais e mediáticas e não é por acaso que uma boa parte da população, sem obrigatoriamente conhecer os problemas da investigação nem a História das ciências, aderiu a ele e à sua equipa, com os possíveis exageros conspiratórios que conhecemos (e o desprezo burguês pelo povo expresso em nome duma luta contra o “populismo científico”). Mas não se avalia uma análise científica pelo auditório que ela atrai, sem cair num “moralismo” popperiano totalmente idealista.

Também não são as ideias políticas do epidemiologista que nos interessam aqui e, por uma questão de objetividade, quase poderíamos dizer que dar razão a Raoult, conhecido gaulliste, é uma prova de imparcialidade, contrariamente a todos aqueles, inclusive na comunidade científica [1] , que enfileiraram resolutamente a partir de março, no combate ad hominem contra o “charlatão” e a “lamentável imagem da ciência que ele dá”… insistindo na sua arrogância ou na sua atitude desagradável para com os seus empregados.

Mas, para lá das querelas pessoais entre investigadores que se conhecem ou se detestam há muito, a realidade da luta que se trava no mundo da investigação, um mundo custoso que depende de financiamentos públicos e privados colossais e opacos, é a das “novas moléculas” muito caras (como o remdesivir da gigantesca farmacêutica americana Gilead), contra as moléculas genéricas “reposicionadas” (medicamentos já existentes e conhecidos há muito tempo, como a hidroxicloroquina). Num plano teórico, que permite compreender o que está em jogo atualmente e no futuro, incluindo a questão das vacinas, é uma investigação que se apoia na estimulação do sistema imunitário (reposicionando frequentemente), contra a alta tecnologia molecular substitutiva de obsolescência programada (“novas moléculas”). Sejamos mais precisos: de um lado as moléculas de “grande espetro”, que reforçam o nosso sistema imunitário contra uma infeção, do outro lado as moléculas específicas, pontuais, que rejeitam as reações e a evolução natural do agente infeccioso contra o qual elas atuam.

Houve claramente uma frente comum entre os detratores de Raoult no seio da comunidade científica e os lobistas mais ou menos dissimulados da Gilead, e de outros gigantes da indústria farmacêutica. Uns, frequentemente estatísticos afastados do terreno ou físicos, químicos mais ou menos mediáticos, exprimiam com isso a sua adesão ao ideal de uma ciência “pura”, “moral”, incorruptível por definição. Por outras palavras, exprimiam o seu “cientismo” ou o seu “formalismo” epistemológico. Os outros, muito mais discretos, financiaram maciçamente o descrédito do “tratamento Raoult”, quer através de estudos “metodologicamente” válidos, mas baseados em protocolos manipulados, quer através de estudos baseados em dados reais mas construídos sobre comparações apressadas e amálgamas. [2]

Esta frente comum aguentou-se, apesar do escândalo do “Lancetgate”… ou seja, a amplidão do ódio acumulado contra o epidemiologista marselhês. Melhor ainda: os “honestos” sábios anti-Raoult chegaram a afirmar que o desmentido do famoso estudo publicado pela Lancet (sem investigação séria nem processo contra os autores financiados pela Gilead) era uma prova de cientificidade! Que teriam dito se uma publicação assim tivesse sido realizada pelo IHU a favor da hidroxicloroquina?

Hoje, o conjunto dos estudos realizados em torno deste tratamento mostra que o medicamento funciona. Não é um “remédio milagre”, coisa que ninguém apregoou. Mas como a sua inocuidade já é reconhecida (sem ter ocorrido nenhum escândalo sobre as proibições governamentais do verão!), a questão da sua eficácia já não é polémica para quem se informar com dados atualizados. [3] Para acalmar uma vaga epidémica num período de urgência é necessário utilizar todos os meios e, portanto, deve ser utilizado um tratamento acessível, pouco custoso, suscetível de reduzir tendencialmente o período de incubação e de contágio e de limitar as complicações nos doentes vulneráveis (e, portanto, a mortalidade). É o caso em numerosos países, como outros tratamentos antivirais, em especial nos países emergentes e do hemisfério sul.

Curiosamente, a estratégia político-mediática anti-cloroquina conheceu duas fases contraditórias: a primeira, na primavera, consistiu em justapor todos os estudos (na altura pouco numerosos) para mostrar que havia mais provas de falta de eficácia do que de eficácia. Evidentemente, calavam-se as evidências: essa justaposição misturava as sobredoses tóxicas e os tratamentos tardios, ou mesmo em reanimação e o tratamento precoce a 400/600 mg preconizado pelo IHU Méditerranée. O argumento era pois puramente formalista. A segunda estratégia, este inverno, face a uma justaposição muito mais completa (incluindo sempre as sobredoses e os tratamentos tardios) que passa a mostrar a eficácia do tratamento, recua no modo da lógica formal: “com o tempo, se isto funcionasse, já o saberíamos!” ou “de qualquer modo, não se pode demonstrar nada com um tratamento precoce!” E se tivessem deixado os médicos receitarem?

Porque é que a hidroxicloroquina “desagradou” tanto? Sabe-se: porque é um tratamento antigo, inicialmente prescrito contra o paludismo e o lúpus e que foi “reposicionado” como antiviral. Na realidade, este problema do “reposicionamento” das moléculas amplamente experimentadas ultrapassou a cloroquina enquanto tal. Ninguém deu sequência às esperanças fornecidas pelo reposicionamento do interferon 2B que os investigadores cubanos propuseram (moléculas que estimulam ou modulam, como a hidroxicloroquina (HCQ), as defesas imunitárias do doente contra o agente infeccioso). A mesma experiência feita pelo Instituto Pasteur em França, que depositava esperanças num reposicionamento (a que não deu publicidade com medo de voltar a cair no cenário polémico da cloroquina) para o qual os financiamentos acabaram por não ser suficientes.

Conhece-se agora muito bem o impasse que constitui a sistematização dos antibióticos contra as doenças bacterianas. Os micróbios defendem-se evoluindo, armados de funcionalidades infinitamente complexas que lhes permitem escapar às moléculas tóxicas por meio de um reforço da sua capacidade de mutação e do efeito duma seleção natural proporcional à intensidade da sua exposição. De certa forma, quando a luta contra as bactérias patogénicas optou pela química dos antibióticos (a industrialização e a produção maciça) depois da descoberta de Fleming nos anos 20, preferida até certo ponto à luta biológica dos soviéticos na mesma época com a fagoterapia [4] (utilização de vírus antibacterianos, capazes de evoluir por si mesmos) a partir das descobertas de Felix D’Herelles, abriu-se uma nova era na química dos antibióticos para a “obsolescência programada”, de que obviamente não negamos os imensos benefícios no decurso do século XX.

Quanto aos antivirais, que não são antibióticos, a questão é mais complexa. Mas entre a hidroxicloroquina, cujos efeitos no organismo são mais gerais, mais moderados e multiformes e o remdesivir, “nova molécula” cuja ineficácia recente contra o vírus Ébola comprometeu as finanças do grupo Gilead, mas que se mostrou “promissor” contra o Sars-CoV-2, a batalha foi infinitamente mais mediática do que o escândalo que se seguiu.

Na realidade, submeteu-se o remdesivir aos mesmos testes que os da HCQ durante vários meses. A grande diferença entre os dois tratamentos era sobretudo a toxicidade do remdesivir (embora já conhecida há muito) a nível renal. Isso não impediu a Gilead de o vender a preço de ouro à União Europeia no outono, por várias centenas de milhões de dólares, enquanto a OMS declarava, ao fim de meses de tergiversações e anúncios favoráveis, que o medicamento já não é recomendável. A mentira manteve-se imperturbável até se passar à fase das vacinas, altura em que os tratamentos antivirais regressam a um segundo plano na imprensa.

De certa forma, o remdesivir podia aparecer, como a “nova molécula” de síntese produzida por um gigante da indústria farmacêutica, como um “remédio milagre”, específico a esta estirpe viral (que ataca diretamente, e independentemente do sistema imunitário do doente, como um antibiótico ataca as bactérias) enquanto que a hidroxicloroquina, um medicamento genérico produzido maciçamente no hemisfério sul a um custo baixo, só podia fazer o papel de “muleta”, na falta de melhor. Num contexto de intensa propaganda anti-chinesa, dificilmente podemos deixar de incluir este assunto naquilo a que o grande epistemólogo Paul Feyerabend chamava, para a história a longo prazo, o “chauvinismo científico ocidental”.

É forçoso compreender o que uma crítica deste género pode significar para lá do campo estritamente científico. Na realidade, toda a análise marxista tem em conta o facto de que o capitalismo não consegue impedir o progresso científico, técnico ou médico, mas pode refreá-lo, por vezes consideravelmente. Isto pode parecer paradoxal se preferirmos as “novas moléculas” aos “remédios antigos” mas, num período, o do início do século XXI, em que caíram todos os dogmas da genética molecular e em que a epigenética obriga a ter em consideração todas as epidemias numa base ecossistémica, é posta em causa a questão do “mecanicismo” reducionista permanente, a das “moléculas milagrosas”.

O único baluarte suficientemente “evoluído” para uma infeção viral envolvida em metabolismos altamente complexos é o sistema imunitário humano, um sistema que resulta de milhões de anos de evolução e que é preciso ter em conta seriamente para o apoiar com hipóteses de eficácia.

Para a agroecologia que concentra as suas forças a reforçar as defesas naturais altamente complexas (e ainda muito imperfeitamente conhecidas pela investigação reducionista), o objetivo é aumentar a fertilidade dum solo sem as “substituir” pura e simplesmente por contributos agroquímicos resultantes da agricultura intensiva. É este o futuro da investigação altamente complexa da agronomia moderna, perante a qual a agroquímica do século XX parece obsoleta e simplista. Do mesmo modo, a ideia de que podemos lutar por um veneno molecular milagroso contra um agente infeccioso formado por milhões de anos de seleção natural é obsoleta face a uma investigação abrangente que tenha em conta o sistema imunitário humano em vez de entrar em concorrência com ele. Esquecemo-nos frequentemente que todos os agentes infecciosos dispõem de meios ilimitados para resistir às moléculas prejudiciais, enquanto que o sistema imunitário consegue quase sempre, visto que evolui e também se aperfeiçoa ao longo da vida para destrui-lo. A este título, a vacinação é uma estratégia muito mais “moderna” do que todos os supletivos medicamentosos [5] , apesar de a investigação ser sem dúvida mais empírica e balbuciante.

Vacinas ocidentais “futuristas” contra as vacinas “à moda antiga” chinesa e cubana?

É com efeito o que sugerem as autoridades sanitárias dos Estados Unidos [6] a propósito das vacinas “clássicas”, nomeadamente a chinesa, desconfiando da inexperiência dos investigadores chineses, ou mesmo subentendendo que os protocolos experimentais são fraudulentos… perante o “futuro” que as “vacinas por ARN mensageiro” representam.

É uma forma muito perturbadora de simplificar o problema porque se, evidentemente, não se trata de contestar o imenso progresso que as vacinas de ácidos nucleicos constituem, o seu uso apressado em milhares de milhões de indivíduos, coberto por uma propaganda mediática claramente favorável às vacinas ocidentais e hostil às vacinas russas e chinesas, supõe uma confiança que muitos perderam (ou nunca tiveram).

As vacinas russas, cubanas e chinesas baseiam-se em técnicas claramente provadas desde há muito: uma delas resulta duma modificação genética de um adenovírus inofensivo utilizado como “veículo” injetável. As outras, cubanas e chinesas, são vacinas ainda mais clássicas, fundadas na atenuação do próprio vírus, na tradição pasteuriana mais pura. A novidade é contudo importante: sua engenharia genética pode passar a produzir os vírus atenuados in vitro de modo extremamente rápido e maciço.

Do lado ocidental, as vacinas Pfizer e Moderna, para citar as mais conhecidas, constituem claramente uma nova geração de vacinas que nunca foi utilizada a esta escala. As vacinas por ARN mensageiro apresentam evidentemente vantagens muito grandes, sendo a primeira a vantagem económica. Não precisam de adjuvantes dispendiosos (e frequentemente responsáveis potenciais de efeitos secundários) e são suscetíveis de ser produzidas maciçamente e a baixo custo (apesar de o condicionamento e as condições de injeção, que os Estados financiarão, ou seja, os impostos, serem em contrapartida vinculativos, dado que o ARN é muito frágil, contrariamente às proteínas). Outra vantagem importante: se o vírus sofrer uma mutação numa sequência genética fundamental determinando as suas proteínas de ancoragem às células humanas, é possível “reescrever” rapidamente o ARN da vacina em consequência, sem novas experimentações e de forma muito simples.

Digamos desde já que esta última modalidade coloca mais um problema de dependência económica do que um problema sanitário. Se o vírus sofrer uma mutação (e isso já aconteceu várias vezes), a Big Pharma poderá afirmar sempre, com razão ou sem ela, que, apesar da venda ultra-lucrativa de stocks duma primeira versão aos Estados, dispõe duma versão “melhor” já atualizada, que será necessário comprar de novo, e por aí fora. A inovação científica ainda se combina aqui com a possibilidade duma forma de “obsolescência programada” muito lucrativa.

A Big Pharma possui a partir de agora a quase totalidade das revistas médicas outrora respeitáveis, as que publicam os artigos após serem revistos. Possuem os grandes laboratórios estratégicos de biotecnologia (a não ser nos países sobreviventes do campo socialista como a China ou Cuba). Também têm, claro, a cumplicidade dos governos [7] que farão as encomendas! A luta contra os “antivax” torna-se extremamente delicada num contexto de suspeição como este, bastante justificado, digamos de passagem. Parece hoje, sem surpresa, que os que defendiam ardentemente o remdesivir ou a ausência de tratamento contra a hidroxicloroquina, em 2020, são os mesmos que defendem em 2021 as vacinas ocidentais contra as vacinas russas, cubanas ou chinesas… Não é por acaso. O mercado é “livre, não é falseado” … até certo ponto, evidentemente.

O principal problema ligado ao uso das vacinas por ARN mensageiro inscreve-se num contexto teórico raramente abordado, para lá das lógicas estritamente especulativas e que explica talvez porque é que os grandes laboratórios reputados do “Sul”, na China ou em Cuba, preferem hoje fabricar vacinas “clássicas” em vez de vacinas por ARN mensageiro, apesar de estas serem mais “modernas” (vacinas que eles seriam capazes de produzir). Mas para falar disto são necessárias algumas noções técnicas sobre as modalidades de umas e de outras.

Um vírus é uma partícula mais simples que uma célula e muito mais pequena. Contém alguns genes, inertes, que depois de entrarem na célula alvo, vão exprimir-se para reproduzir todos os componentes moleculares que permitem a formação de milhões de cópias virais (que sairão depois matando a célula alvo).

A vacina clássica consiste em fazer absorver, às “células apresentadoras” do sistema imunitário do hospedeiro, moléculas escolhidas do próprio vírus, a que chamamos “antigenes” (moléculas “estrangeiras” que desencadeiam por exemplo a produção de anticorpos específicos, para os neutralizar). Consegue-se estimular o sistema imunitário de boa forma, incluindo na vacina a(s) boa(s) molécula(s), apresentadas de forma pertinente (quase sempre a face exposta duma molécula viral da membrana de adesão às células parasitárias, no caso do Sars-Cov-2, a famosa proteína “Spike”). De certo modo, a vacina não apresenta nenhuma diferença com a instalação real de um agente infeccioso no organismo: é “digerida” por células apresentadoras que, a seguir, o expõem na superfície dos “pedaços” antigénicos estimulando uma resposta imunitária especificamente dirigida.

A vacina por ARN mensageiro atinge o mesmo objetivo, mas por uma via completamente diferente. Com efeito, contém pelo menos um gene viral (não tóxico, visto que está sozinho e não consegue reproduzir todo o vírus) que entra nas células apresentadoras, é expresso por elas, o que cria uma produção maciça de proteínas virais (inúteis e não tóxicas, falsamente endógenas) suscetíveis de serem depois expostas de forma clássica. Em geral, pensa-se reproduzir por esta via o processo natural de reprodução viral, mas através de uma única molécula e não do conjunto do genoma.

O problema reside na abordagem muito reducionista, muito mecanicista desse processo, extremamente complexo. Já descrevemos e percebemos uma grande parte dos mecanismos do ciclo de reprodução viral no seio da célula hospedeira, mas será que dominamos a totalidade dos processos metabólicos afetados por este ciclo? A questão pode parecer fácil, mas a genética molecular (muito mecanicista e reducionista, ou mesmo “química”, para ilustrar a falta de abordagem ecossistémica) outrora triunfante, é hoje profundamente abalada por uma revolução epigenética que aboliu todos os seus dogmas. A epigenética é o reconhecimento de processos extremamente complexos de interações entre os genes e o seu ambiente na célula. Há muito desapareceu o famoso “dogma central da genética molecular” que postulava que os genes agiam exprimindo-se no meio ambiente, mas que esse meio não podia afetar os genes, e sabemos nomeadamente que não basta introduzir genes no citoplasma duma célula, mesmo que sejam de ARN, para garantir a proteção dos genes dessa célula (no seu núcleo). Um grande número de reguladores naturais de ARN está permanentemente a ser derramado no sangue por todo o organismo, no citoplasma de todas as nossas células, nos núcleos delas, implicando uma infinidade de interações reguladoras com os nossos genes.

Claro que um vírus também injeta os seus genes na célula alvo para que eles se exprimam. Mas é um genoma inteiro que é injetado e existem potencialmente regulações entre o novo coronavírus e o material genético da célula hospedeira, dois parceiros já muito complexos (e ainda não totalmente conhecidos, tanto mais que se trata de um novo coronavírus).

Há portanto uma grande diferença entre as situações “naturais” (estas são experimentadas e selecionadas há milhões de anos) de digestão de um vírus inteiro por uma célula que tem essa vocação, ou a incorporação de um genoma viral completo numa célula infetada, e a obriga a “imitar” esse processo em miniatura, com um único gene que, por sua vez, está equipado com genes reguladores adicionados pelo génio genético (para multiplicar o ARN na célula, por exemplo, e aumentar a exposição das moléculas na membrana).

Será que há a certeza de que a manipulação do vírus por um gene genético de tecnicidade muito alta, mas que se apoia numa abordagem teórica já “ultrapassada”, não coloca problemas sanitários futuros, perfeitamente insuspeitos atualmente? [8] A modernização necessária das vacinas, sem dúvida por esta via dos ácidos nucleicos, deverá ser acelerada desta forma, na prática, em nome da “modernidade”, enquanto existem as vacinas clássicas, há muito experimentadas e reconhecidamente eficazes, e que também se vão aperfeiçoando? Para a China, parece que os avanços teóricos da genética convidam precisamente à prudência (nós estamos apenas no início da epigenética que permitirá dominar realmente as vacinas por ácidos nucleicos e, além deles, toda a terapia genética), razão pela qual, em parte sem dúvida, eles optam pela forma clássica, pelo vírus atenuado, com a preocupação pela saúde pública… uma preocupação posta de lado nos países ocidentais onde se sucedem os escândalos da Big Pharma. Nesses países que geriram muito melhor a crise sanitária do que o ocidente capitalista e onde os Estados conservaram manifestamente a confiança dos seus cidadãos, a prioridade é para a gratuitidade das vacinas e para a sua produção segura e tão maciça quanto possível. Nos países ocidentais imperialistas, pelo contrário, diabolizando um medicamento antidiluviano (a hidroxicloroquina) em favor de uma “nova molécula promissora” (mas tóxica para os rins), desenvolvendo uma técnica balbuciante, incerta a longo prazo contra as vacinas clássicas e experimentadas promovidas pela China, por Cuba e pela Rússia, o princípio de precaução nunca foi posto em primeiro lugar…

O ano que já terminou permite tirar alguns primeiros ensinamentos das políticas sanitárias de uns e dos outros: a distinção entre o ocidente imperialista e o resto do mundo salta aos olhos e seria necessária uma lavagem ao cérebro mediático para tentar obscurecê-la. Cuba, o Vietname, a China e a Venezuela situam-se entre os principais atores duma gestão da crise exemplar… a tal ponto que países ocidentais tiveram de recorrer à sua ajuda internacionalista para se manterem à tona de água. O mesmo em relação aos tratamentos de urgência que constituíram uma polémica inédita e reveladora da influência assassina da Big Pharma no mundo ocidental, pelo menos.

O próximo ano constituirá uma nova aposta de monta, especialmente com as campanhas de vacinação. Mas será necessário adicionar à capacidade de cada “modelo” para vencer a pandemia a sua capacidade para resolver as consequências económicas, sociais e mesmo psicológicas que essa pandemia continua a gerar. Esse balanço que as forças progressistas de todo o mundo deverão realizar e divulgar, será fundamental para as revoluções futuras e será necessário estar à altura das desilusões dos povos para liderar revoluções duradouras e travar as vinganças assassinas em que o capitalismo é costumeiro.

Notas
[1] Sobretudo estatísticos e sábios formalistas, afastados dos meandros da prática médica, físicos, químicos mediáticos (Etienne Klein…)
[2] Sobre este tema, ver os dois artigos seguintes: Chloroquine: Ce sont les ‘antiRaoult’ qui mélangente science et politique (maio 2020) e L’hydroxychloroquine et les méthodologistes (setembro 2020). Guillaume Suing, Germinallejournal.
[3] Podemos encontrar o conjunto dos estudos atuais e as suas referências num site, compilando, como os detratores fizeram uns meses antes, o conjunto das meta-análises relativas à hidroxicloroquina (HCQ) no site hcqmeta.com: “O HCQ é eficaz para a Covid-19 quando é utilizado precocemente: meta-análise de 185 estudos (reactualizações regulares)
[4] Ler Une belle histoire de virus (contre la virophobie ambiante) Guillaume Suing, março 2020. Germinallejournal.
[5] A vacina “educa” o sistema imunitário do hospedeiro, quando as “moléculas milagre” de obsolescência programada o suplantam.
[6] Sobre este tema ver a entrevista do investigador belga Johan Hoebeke pelo jornalista Michel Collon (Investig’action/Michel Midi : Le vaccin, oui ou non?)
[7] Os lobistas escondidos ou explícitos pululam nos meios de comunicação e até nos ministérios. Macron teve de despedir um deles, notoriamente enfeudado à Gilead, embora o tenha designado como o seu “Senhor vacina” em dezembro, com medo de mais um escândalo: Louis Charles Voissart.
[8] Já se suspeita da possibilidade do aumento das doenças autoimunes com as vacinas por ARN mensageiro, o que não é para admirar: As células apresentadoras expõem às outras células do sistema imunitário as moléculas “estrangeiras” que devem ser distinguidas das moléculas de “si mesmo”. O menor disfuncionamento produz uma confusão pontual e suscita ataques imunológicos contra células do mesmo organismo.

NT – CAC40: Cotation Assistée en Continu, índice da bolsa de valores francesa

Ukases: é um ato normativo no direito russo e sérvio. Na terminologia do Direito Romano, o ukaz equivaleria ao édito ou decreto.

Uberização: termo cunhado para expressar um novo formato de fazer negócios, apoiado nas tecnologias móveis, que ligam o consumidor ao fornecedor de produtos e serviços da forma mais direta possível, agregando-lhe uma personalização.

IHU: Institutos hospitalo-universitários, para formação e investigação médica.

INSERM: Institut national de la santé et de la recherche médicale

Ver também:

Principal cientista da Moderna: ‘Na verdade, estamos hackeando o software da vida’

[*] Professor agregado de Ciências da Vida e da Terra.   Autor de Evolution: La preuve par Marx (2016), L’Ecologie réelle, une expérience soviétique et cubaine (2018), L’origine de la vie: Un siècle après Oparine (2020), éditions Delga

O original encontra-se em germinallejournal.jimdofree.com/…

Tradução de Margarida Ferreira.

Este artigo encontra-se em https://resistir.info

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