Nenhum partido ou pensamento de governança construído no Brasil teve a duração no poder igual ao nacional trabalhismo e seu partido, constituído em 1945, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Até quem lutou para tirá-lo do poder, acabou por adotar suas diretrizes ao assumir a presidência do Brasil.
O historiador e jornalista José Augusto Ribeiro tem a melhor narrativa desta epopeia política brasileira nos três volumes de sua “Era Vargas” (Casa Jorge Editorial, RJ, 2001).
Nesta terceira semana de fevereiro, a revista Carta Capital (Ano XXX, Nº 1349, de 19/2/2025) publica a entrevista que Maurício Thuswohl fez com o presidente do PTB, Vivaldo Barbosa, com título “Retorno às origens”. Houve a coincidência de um dos maiores expoentes do nacional trabalhismo, o sábio Darcy Ribeiro, completar 28 anos de nos ter deixado sem sua luz e a contundente e fundamentada crítica.
Vivaldo demonstra que o PTB que está buscando colocar na disputa política brasileira não virá completar três dezenas de partidos em busca de filiados e eleitores; apenas “mais um na miríade de partidos existentes no Brasil”.
O PTB tem passado, presente e oferece um novo futuro para o Brasil.
O PARTIDO DE GETÚLIO E BRIZOLA
Antes da vitoriosa Revolução Civil-Militar-Popular de 1930, o Brasil nada mudara desde a institucionalização do Governo-Geral, conforme definida por Dom João III, Rei de Portugal e Algarves (1521-1557). Continuava ignorando a construção da cidadania e mantendo a submissão colonial; primeiro a Portugal, depois à Espanha, novamente a Portugal e, durante e após o domínio europeu de Napoleão, à Grã-Bretanha, que chegava até a República do Café com Leite, de Prudente de Moraes (1891 a 1894) até Washington Luís (1926 a 1930).
Getúlio Dornelles Vargas, desde o mês de novembro de 1930, sua investidura na Presidência do Governo Provisório, tratou de sanar a cruel ausência das funções do Estado nas áreas da construção da cidadania da instrução e da saúde, e da verdadeira libertação dos escravos, ocorrida 42 anos antes da criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio.
É relevante destacar este Ministério quando o mundo era tomado pela revolução bolchevista de 1917 na antiga Rússia Czarista. Vargas não incentivava a luta de classe, ao contrário, buscava o entendimento do capital, da tecnologia, da venda e do trabalho para o progresso, para o desenvolvimento integral do Brasil.
Os inimigos de Vargas perduram ainda hoje, ora buscando classificá-lo como ditador, ora como comunista. Veja-se o que consta do site do “Memorial da Democracia”, sobre o PTB: “O novo partido, inspirado no trabalhismo inglês, propunha-se a absorver em seus quadros os trabalhadores urbanos”. E na sequência das desinformações dá a entender que o PTB surgiu para disputar com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) os operários no Brasil.
O trabalhismo do PTB é uma criação brasileira, sem qualquer semelhança com o trabalhismo inglês, pois se formou das ideias libertárias de José Bonifácio de Andrada e Silva, pelas quais foi exilado, dos ideais abolicionistas do Império, onde se destacam Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, autor de “O Abolicionista” (1883) e José Carlos do Patrocínio, autor principalmente de artigos na imprensa brasileira e de manifestações políticas como narradas em “Mota Coqueiro ou a Pena de Morte” (1877) e “Os Retirantes” (1889).
Do estrangeiro veio somente o positivismo, abrasileirado por Júlio de Castilhos, governador do Rio Grande do Sul e inspirador da Constituição Estadual gaúcha de 1891.
Tudo discutido e aprofundado, nas manifestações ocorridas durante o Governo nacionalista de Floriano Peixoto e nos movimentos tenentistas da década de 1920.
O “Memorial da Democracia” está devendo uma explicação e desculpas ao povo brasileiro.
Este período de Getúlio e Brizola foi responsável pelo maior desenvolvimento do Brasil, pelo meio século que vai de 1930 a 1980. Ao enumerar as atividades dos presidentes tenentistas, Costa e Silva, Emílio Médici e Ernesto Geisel, principalmente durante o período deste último, encontrar-se-á a concretização de discursos de Vargas e ações voltadas para soberania nacional e para a construção da cidadania.
O NACIONAL TRABALHISMO NO PRESENTE
Na entrevista referida com Vivaldo Barbosa, ao responder sobre a relação com o PDT, fundado por Brizola ao lhe ser usurpada a sigla PTB, por artifícios urdidos no caldeirão de maldades de Golbery do Couto e Silva, assim se expressa o atual presidente petebista.
“Brigamos durante seis anos, depois da morte do Brizola para manter a linha do partido. Perdemos. Na minha última reunião no Diretório Nacional, o auditório estava cheio, eram 300 participantes, mas notei que só tinha identidade política com 10% deles” (Carta Capital, 19 de fevereiro de 2024, Seu País, página 28).
Enquanto isso, o PTB vai procurando atender às exigências legais para, no menor prazo possível, competir democraticamente, expondo sua característica política única no enfrentamento dos problemas nacionais e do Brasil em suas relações internacionais.
Prossegue Vivaldo Barbosa na entrevista: “nos últimos tempos, muitos jovens se distanciaram da política brasileira” e, adiante, “queremos construir um partido no qual os jovens se reconheçam”.
O PTB PARA O SÉCULO XXI QUE SURGIRÁ APÓS 2025
Um grande embate corre o Mundo. A manutenção do poder unipolar contra o poder multipolar.
O PTB atuou em períodos de intensa luta ideológica, travada entre o capitalismo e o socialismo, entre a ditadura e a democracia e entre etnias, chegando a produzir genocídios.
Sempre se colocou a favor do Brasil, como um partido nacionalista, e a favor do trabalho, um partido trabalhista.
No século XX, a ideologia neoliberal financeira venceu nas duas últimas décadas sua batalha contra o capitalismo industrial e as formas de gestão socialistas. Esta vitória acarretou um enorme retrocesso civilizatório que pode ser observado na ausência de emprego, nas remunerações mínimas para o trabalho, nas doenças, na propagação de vírus, causando morte e invalidez, na falta de habitação e tudo que é necessário para a vida digna e produtiva, em família.
Diariamente nos chegam notícias de guerras, de desastres, de tragédias, do domínio da marginalidade em áreas urbanas no Brasil, nas Américas e na Europa e Oriente Médio.
A resposta a esta situação tem surgido do movimento multipolar, onde cada participante tem plena autonomia de negociar o que lhe parece o melhor para seu povo. Não há imposições, restrições, embargos e sanções tão comuns no mundo unipolar.
O Brasil já é participante dos BRICS, sendo um dos fundadores, noticia-se o interesse de ingressar na OPEP+, mas ainda não teve coragem de enfrentar os interesses estadunidenses ingressando na Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), a nova Rota da Seda que já congrega 150 países, em todos continentes.
O PTB, coerente com sua origem não escravista, autonomista, solidária, e patriótica não ficará dissimulando, adotando uma posição dúbia. Ele é francamente apoiador da multipolaridade, como da paz entre os povos.
Este é o futuro para o qual o PTB lutará: da paz, do desenvolvimento, da valorização do trabalho e do bem estar para todos.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, tem escrito sobre o Nacional Trabalhismo nas páginas do jornal Monitor Mercantil.
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