O amor é lindo. Ainda mais com R15.206,43 por mês no bolso.
Via Goiás Real em 20/12/2015
“O Brasil sempre inovando: primeira-dama de Goiás se aposentou
por trabalho voluntário. Ser remunerada por trabalho voluntário
é trágico, mas se aposentar por trabalho voluntário já é território do cômico.”
Jorge Furtado
Desde a terça-feira, dia 15/12, a primeira-dama de Goiás, Valéria Perillo, goza sua aposentadoria aprovada por unanimidade pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) com remuneração integral de R$15.206,43. A primeira-dama foi servidora da Assembleia Legislativa na década de 1980 e não exerce suas funções na Casa há pelo menos 16 anos. Para a aposentadoria, a pedido dela, o TCE considerou o período de serviços prestados à Organização das Voluntárias de Goiás (OVG).
Como mostra o perfil da primeira-dama no portal do governo de Goiás, Valéria Perillo é uma “ex-servidora pública”, sem concurso, com estabilidade garantida pela Constituição de 1988. Desde que o marido, o atual governador Marconi Perillo (PSDB), foi eleito governador, em 1998, Valéria Perillo deixou de exercer suas funções no Legislativo estadual.
Valéria Perillo continuou a ser remunerada pela Assembleia por seu trabalho na OVG no longo período em que Marconi Perillo governa Goiás. A primeira-dama comandou a entidade de 1999 a abril de 2005, voltou ao cargo em 2011 e permanece até hoje. No entanto, como o próprio nome diz, a Organização das Voluntárias de Goiás tem caráter social e sempre foi presidido por outras primeiras-damas sem nenhuma remuneração.
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MARCONI CRITICA APOSENTADORIA AOS 50 ANOS. SÓ VALÉRIA PODE
Via Goiás Real em 16/12/2015
Em entrevista recente, o governador Marconi Perillo (PSDB) gabou-se de ter coragem para enfrentar determinados desafios. Um deles seria o de propor mudança nas regras de aposentadoria para os servidores públicos de Goiás. O tucano afirmou que não concordava com uma pessoa aposentar-se aos 45 ou 50 anos. Ao comentar e defender a aposentadoria de sua mulher, a primeira-dama Valéria Perillo, o governador mudou repentinamente de pensamento.
“Eu acho que não é certo que uma pessoa que ganha um salário alto se aposente com 50 anos de idade, com 45 anos de idade, e vai levar essa aposentadoria por mais 40 anos para a frente”, questionou Marconi em coletiva de imprensa, dia 30 de novembro. “Quem paga isso é o povo”, emendou. Com a declaração, Marconi chamava a atenção para a discussão de novas regras de aposentadoria que passaria a tramitar na Assembleia. A mudança prevê que o funcionário que quiser se aposentar com salário integral terá de arcar com a contribuição complementar.
Ao comentar e reclamar da repercussão pela aposentadoria da primeira-dama aprovada pelo TCE, o governador mudou completamente de pensamento sobre o direito à aposentadoria. “Ela trabalha há mais de 35 anos. Começou muito cedo a trabalhar, requereu o pedido de aposentadoria porque já tem idade e tempo de serviço. O engraçado é que eu nunca vi qualquer pessoa perguntar pela aposentadoria de um desembargador, um juiz, um promotor, um delegado de Polícia, um professor, um procurador do Estado, um fiscal. É a primeira vez que vejo alguém suscitar um tipo de discussão como essa. Será que minha mulher não tem direitos como os outros?”, declarou o tucano.
Marconi disse que a mulher dele trabalha desde os 16 anos e que ela havia chegado a conclusão de que poderia se aposentar. O governador ainda reclamou, acreditem, de sofrer discriminação. “Ela trabalhou o tempo inteiro. Aliás ela começou a trabalhar no Bradesco com 16 anos de idade. Ela chegou à conclusão de que tinha os requisitos para se aposentar, entrou com pedido e é algo muito natural. Agora, será que todos vão perguntar por todas as aposentadorias que chegam ao Tribunal de Contas? Ou será que é uma discriminação apenas pelo fato de ela ser minha esposa?”, questionou.
Marconi Perillo é contra aposentadoria integral para servidores públicos que tenham entre 45 e 50 anos. Avalia ser oneroso para o Estado bancar mais 30, 40 anos de salários a essas pessoas. A exceção, para ele, reside em sua própria casa, sua mulher Valéria Perillo. Mesmo sem exercer suas funções há quase três décadas, ela sim merece a aposentadoria integral. E quem questiona, o faz por discriminação. Sim, esse é o mundo em que Marconi Perillo vive.