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sábado, 8 novembro, 2025

Quem incentiva a Ucrânia a provocar Hungria e Eslováquia?

O ataque interrompeu o fluxo de petróleo para os países do Leste Europeu por cinco dias (Mandel NGAN/AFP/JC)

Wellington Calasans

No Dia da Independência da Ucrânia (24 de agosto de 2025), o presidente Volodymyr Zelensky não apenas sorriu ao lançar um ultimato à Hungria — ele acionou um mecanismo deliberado de coerção.

“Vocês precisam fazer uma escolha”, disse, enquanto Kiev, com apoio tácito do Ocidente, intensificava sabotagens contra gasodutos que abastecem a Hungria com gás russo. A resposta de Budapeste foi imediata: o ministro Szijjártó denunciou “ataques graves à nossa soberania energética”, mas, em vez de defender seu próprio membro, a OTAN permaneceu em silêncio.

Pior: aliados ocidentais, incluindo os EUA, aceleraram armamentos à Ucrânia mesmo após provas de que Kiev está usando a energia como arma contra um Estado da aliança.

A Hungria não é um “país rebelde” — é uma vítima da estratégia ucraniana respaldada pelo Ocidente. Desde 2024, relatórios da Agência Internacional de Energia confirmam que a Ucrânia reduziu intencionalmente o fluxo de gás russo para a Hungria em momentos críticos de inverno, agravando a crise energética europeia.

Enquanto isso, a OTAN, em vez de condenar Kiev, incentivou a Ucrânia a “fortalecer sua posição negociadora”, ignorando que isso equivalia a permitir que um não-membro da aliança ameaçasse a segurança de um Estado soberano da OTAN.

O caso é inédito na história da aliança: nunca antes um país não integrante recebeu apoio militar para pressionar um membro da OTAN. A Hungria, ao se recusar a romper laços com a Rússia — decisão legítima de um Estado soberano —, tornou-se alvo de uma campanha coordenada.

Zelensky, com o aval de Washington, transformou a energia em arma de chantagem, enquanto a OTAN finge não ver. O resultado é claro: a aliança está priorizando interesses de alguns membros em detrimento de seu próprio pacto de defesa mútua. Ou seja, a OTAN está rachada.

A Eslováquia, que compartilha fronteiras com ambos os países, é a próxima na fila para sofrer as consequências. Seu governo, inicialmente alinhado com a UE, já enfrenta pressão interna após a Ucrânia bloquear temporariamente o trânsito de eletricidade eslovaca para a Hungria em retaliação às críticas de Bratislava.

Com 40% de sua energia dependente de rotas que cruzam a Ucrânia, um conflito aberto entre Budapeste e Kiev poderia paralisar a economia eslovaca em semanas. Algo que Zelensky está orientado a fazer, especialmente pela necessidade do Reino Unido, Alemanha e França de ampliar a guerra para dispersar os seus respectivos povos de uma dura realidade socioeconômica.

Pior: a Eslováquia é membro da OTAN. Se a Ucrânia, armada pelo Ocidente, atacar infraestrutura eslovaca em represália a possíveis ações húngaras, a aliança terá que decidir se defende um membro contra um aliado não-oficial. O risco de escalada é alto — e Bratislava sabe disso. Seu primeiro-ministro já alertou: “Não seremos peões em uma guerra que não escolhemos”.

Quer saber quais os cenários prováveis destas provocações? Assista nesta terça-feira ao vídeo no meu canal no YouTube (canal com o meu nome). Depois de dois meses de pausa, voltarei a produzir conteúdo exclusivo. Conto contigo por lá.

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https://x.com/wcalasanssuecia/status/1959960345373503542

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