Em recente debate sobre o esfacelamento do Brasil, perguntou-se sobre a posição, aparentemente acomodada, das forças armadas. Logo surgiram os recentes exemplos da Líbia e do Iraque onde a fragmentação do poder não permite mais que sejam entendidos como países, mas algo irreal, inominado, sem sustentação dos habitantes locais, e cuja representatividade internacional é nula e serve apenas para estatísticas, igualmente nada consistentes. Nem mesmo poderíamos falar de feudos medievais, pois lá existiam autoridades aceitas pelas pessoas que os habitavam e lhes forneciam apoio e subsistência.
O Brasil vai alienando terras, bens e controle decisório, e se transformando nesta terra de ninguém, sem oposição daqueles que, profissionalmente, teriam o dever de impedir. Por que?
Não teria a ousadia da resposta completa, mas de um fenômeno que pude observar, pessoalmente, e que, a meu ver, influencia bastante esta possível apatia e inércia dos militares.
Após o Governo Geisel, que em meu entendimento sofreu o terceiro golpe dentro do movimento desencadeado em 1964 pelos Estados Unidos da América, o novo poder imperial, colonial, foi assumido pelo sistema financeiro internacional, que denomino a banca. Foi então incluída, sem alarde e com motivos falsos ou questionáveis, e sob a forma de complementação à formação dos oficiais superiores, a doutrina neoliberal.
Observem os caros leitores que esta doutrina vem associada à liberdade e à crítica à presença do Estado, começando pela economia e chegando à própria ação política. Não poderia precisar, até por não existir uma data, o momento em que esta pregação ideológica invade as escolas militares de formação de comando e estado-maior. Mas diria que se dá nos anos 1980. Logo não há hoje um coronel, um general, um almirante ou brigadeiro na ativa que não tenha sido vítima desta lavagem cerebral. Confundindo liberdade política e existencial com total liberdade econômica, inclusive para agir, sob outra escala de valores, contra o Brasil.
Em outros tempos, uma ideologia estrangeira, contrária aos valores brasileiros, onde incluo o patriotismo, foi motivo de revolta e grande campanha. Provavelmente esta orientação doutrinária neoliberal passou a ser incluída nos cursos de formação de toda cadeia de comando nas Forças Armadas.
Entendido o Estado Mínimo como o Estado Democrático, fica mais fácil compreender a ausência de respostas dos militares aos atos dos golpistas contra os interesses brasileiros.
Mas, e é com enorme desgosto que lhes revelo, há um complemento ainda mais danoso ao País, fermentando neste momento em escalões de governo e, em especial, no poder sem voto: o poder judiciário, onde incluo o Ministério Público.
O Brasil é controlado por uma casta autonomeada, embasada numa meritocracia divorciada totalmente do bem comum, da riqueza nacional, da paz e da vida dos habitantes. Chamarei, abreviadamente, de “dono dos valores”.
Teoricamente esta doutrinação tem origem na Alemanha do pós-guerra com os trabalhos do jurista e filósofo Karl Larenz (1903-1993). Mas vem sendo oportunisticamente aproveitada pelos donos do poder, sempre receosos que o voto popular lhes reduza, minimamente que seja, os ganhos da espoliação das pessoas, do país, dos conhecimentos.
Vou resumir, logo não será aprofundado, o que se venderá como a defesa do interesse maior da nação e da espécie humana. Coloquemos uma questão já muito explorada pela banca: a questão ambiental. A defesa do ambiente, a preservação de flora e fauna, e de áreas das próprias populações locais (quando interesses maiores e estrangeiros darão uso econômico) são questões que precisariam ficar fora de um veredito popular, sujeito à manipulação demagógica (porque a manipulação midiática, feita pelo poder, é sempre esclarecedora) e, logo, prejudicial. Assim, um bando de eleitos (pela meritocracia excludente) assumiria o veredito de que pode ou não pode ser adotado ou aprovado.
Qualquer semelhança com o judiciário e o ministério público atual não é mera coincidência.
O “mestre de Munique”, que tem sido divulgado e revisto para os interesses políticos partidários por ministros do Supremo Tribunal Federal, por procuradores, por constitucionalistas e administrativistas de direita que tem horror ao ignaro voto popular, coloca a questão: o direito não deve ser apenas legal, mas justo. Céus, quem define o que será justo num universo de hipóteses e interesses? Escrevi que os magistrados já se consideram deuses. Pedem agora os raios do Olimpo para extirpar os que lhes desagradem, com pedidos injustos (!).
Dentro desta construção classista, elitista e excludente que se pretende afastar, em nome do interesse maior, o povo das eleições. Os donos dos valores já governarão talvez em 2018.
E os membros das Forças Armadas, sem ter o que fazer, serão guarda-costas de agentes penitenciários, como insinua o temeroso atual presidente?
A que futuro levam nosso Brasil!
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
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