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sexta-feira, 29 março, 2024

QUANDO O NEOLIBERALISMO ENCONTRA O FASCISMO

O neoliberalismo é, sim, criador. Do que mesmo, na prática!? De má distribuição da renda, da destruição da proteção social dos mais pobres, da precarização da condição de vida dos trabalhadores – tudo isso é bem conhecido. Ainda que procure se justificar em nome da liberdade, o que ele procura mesmo é elevar a taxa de lucro do capital industrial e manter intocado e em processo de valorização o volumoso capital fictício acumulado nas últimas décadas.

Mas a sua mais terrível criação não é bem conhecida. E ela precisa, sim, ser mostrada e bem mostrada. Aqui se examina o novo livro de Wendy Brown: Nas ruinas do neoliberalismo – O surgimento da política antidemocrática no Ocidente.

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Esse escrito defende a tese de que o neoliberalismo, durante trinta anos (1979-2008), preparou o terreno onde medraram as correntes antidemocráticas na segunda década do século XXI. Essa autora apresenta um achado central: como promove a racionalidade econômica de modo intenso, a ficção do capital humano, do ser que se pensa como uma empresa de si mesmo, o neoliberalismo reforça o niilismo.

O niilismo, como se sabe, é a noção central da crítica da modernidade feita por Nietzsche. Eis que tem vários significados na obra desse filósofo: vontade de nada, negação da vida, desvaloração de todos os valores, perda da referência à totalidade ética.

Para Brown, o niilismo é uma decorrência do capitalismo, ou mais precisamente, da emergência da relação de capital na sociedade moderna. À medida que o capital passa a dominar como valor no mundo das mercadorias, ele tende a se tornar também um valor supremo no mundo da vida daqueles que vivem nas condições postas pelo capitalismo.

Ora, o domínio do capital como valor tem consequências desastrosas para a existência humana, as quais, aliás, foram se intensificando com a evolução desse modo de produção no correr dos anos nos últimos dois séculos. Eis o que ela diz do atual momento histórico:

Ora, a narrativa [meramente econômica] não abrange a intensificação do niilismo que agora contesta a verdade dos fatos e transforma a moralidade tradicional em arma na luta política. Não identifica os assaltos à democracia constitucional, à igualdade sexual, de gênero e racial; a sabotagem praticada contra a educação pública e a esfera civil pública e não violenta, ao mesmo tempo em que fala de liberdade e moralidade. Não apreende, enfim, como a racionalidade neoliberal desorienta radicalmente a esquerda ao chamar de “politicamente correto” o discurso que clama pela justiça social

.https://eleuterioprado.blog/2020/01/13/quando-o-neoliberalismo-encontra-o-fascismo/

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