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quinta-feira, 28 março, 2024

Poemas pela via da Mística

Duas mãos guiadas pela consciência de que o vencer o múltiplo não é eliminar a diversidade, mas, longe disso, é fazer a esquisita incorporação do todo ao Um (não ao uno), no qual   não há iguais incompletos, mas sempre ímpares e singulares absolutamente juntos.
Livro que é fruto da semente regada com saliva, quão plantada na boca tornou-se uma vultosa árvore que, de tão grande, impediu esta mensageira de falar, não havendo alternativa a  não ser digitar, de olhos cerrados.
Sobre o título, têm-se que toda mística possui poesia, sendo então esta caminho certo para se alcançar aquela (mística pela via da poesia). No entanto, a escolha do nome desta obra parece ter sido uma inversão. Explico. A poesia é uma arte que pode se manifestar por incontáveis trilhas, dentre elas a mística. Atenta-se, contudo, que se utilizou a palavra poemas em detrimento da palavra poesias. Poema, que é arte em versos com uso da palavra, também é uma dessas trilhas. Confecciona-se assim o motivo da escolha: poesia – poema – arte escrita – que elege a mística para se revelar – uma vez que a mística tem como raiz o mistério – possibilidade para ir ao mais profundo.
No que tange à época certa de se começar a fazer, foi após a leitura cabalística da tese de Jonas Miguel Pires Samudio: “Há deus: A escrita do insondável em Maria Gabriela Llansol”.
Quanto ao período de finalização e envio para publicação, acontecera concomitante às notícias da disseminação mundial do coronavírus, situação em que, num primeiro momento, não faz as pessoas pensarem em mística ou poesia, mas, depois, são o que resta.
Certamente, como diria Blanchot, amigo de Levinas, esta escritora é uma sobrevivente de sua obra.

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