Por Charly Morales Valido San Salvador, 26 dez (Prensa Latina) Para os coletores de bebidas, o chaparro pode ser um teste literal de fogo, pois a bebida típica de El Salvador pode aquecer uma garganta galvanizada por tragos recorrentes.
Nestes reinos de milho, onde a chicha tem sido soberana desde os tempos antigos, o chaparro saiu do esconderijo para se tornar a segunda bebida de origem mais importante desta nação centro-americana, depois do Café Apaneca-Ilamatepec.
Os amantes da tradição sempre mantêm uma garrafa em casa para o deleite, com a fruta polpa da nance embebida no fermento alcoólico, uma espécie de injeção digestiva ou martelo atômico, dependendo da resistência do provador.
O chaparro lembra o poderoso tempero cubano, uma espécie de ponche que é fermentado no subsolo durante a gravidez para ser aberto ao nascimento, embora seu sabor seja menos doce, e não tão perigosamente enganoso.
As origens desta tradição remontam aos departamentos do norte de Cabañas e Chalatenango, terras ignoradas pelos povos indígenas por causa de sua baixa fertilidade, sem destilarias próximas para satisfazer as necessidades etílicas dos colonos.
Aqueles ‘índios’ espanhóis importaram suas formas de produzir orujo e outros licores, e em alguns alambiques artesanais que eles chamavam de ‘sacaderas’ começaram a destilar clandestinamente a chicha enriquecida com panela.
Entretanto, esta prática era ilegal e as sacaderas estavam escondidas nas montanhas, alimentadas com madeira da árvore Chaparro, que quando queimada sem fumaça era perfeita para ‘cozinhar’ o licor de milho e a framboesa em anonimato.
Ao longo dos anos, foi sacudido de seus estigmas; seu consumo e produção se tornaram públicos, e agora até lhe são atribuídas propriedades curativas e veneradas como produto identificador de El Salvador, com um Festival mesmo no município de Cuisnahuat, Sonsonate.
É um produto poderoso, já que a água engarrafada industrial é vendida sob o nome Flor de Fuego, e pode derrubar qualquer um que leve muito tempo para bebê-la, a menos que tenha um bom ‘atol chuco’ para contrariá-la, como uma contraplaca de milho.