Pátria Latina foi uma ideia de Fidel em conversas diárias com um grupo de jornalistas brasileiros e de outros países durante a realização do V! Encontro Latino americano e caribenho realizado em Havana no mês de outubro de 2001, logo após o 11 de setembro e que de imediato abracei a causa de fazer um jornal segundo as ideias dele.
Lembro que entreguei um exemplar do Noticias da Bahia, um jornal impresso que eu fundei em 1984 na cidade de Feira de Santana na Bahia.
Sentado na primeira fila, vi que Fidel ficou curioso com o jornal e se fixou na manchete (TERRORISMO FORA DE CASA PROVOCA TERRORISMO EM CASA) que se referia ao acontecido no mês de setembro nas torres gêmeas em Nova Iorque. O titulo foi tirado de um artigo do jornalista Hélio Fernandes do jornal carioca Tribuna da Imprensa e que era um dos colunistas do Noticias.
Fidel folheou o jornal e eu logo ali pertinho só fotografando e no termino do evento do dia, vi que entre livros e revistas que o comandante tinha recebido, lá estava o Noticias da Bahia e que ele o levou.
Fidel compareceu todos os quatro dias que durou o evento, e tanto na abertura dos trabalhos diários como no encerramento, um grupinho de jornalistas mais chegados ao comandante e naquela “rodinha”, ficávamos a discutir vários assuntos, ALCA, neoliberalismo, bloqueio, conflitos pelo mundo e etc.
Em uma dessas conversas
rsas disse a ele que era o editor do Noticias da Bahia e ele comentou a necessidade de se fazer publicar na América latina, jornais que explicasse para a população os malefícios da ALCA, o infame e criminoso bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba, os maléficos do neoliberalismo e etc. Uma publicação que mostrasse a América latina, sua economia, seu turismo, sua cultura, sua politica e sua historia.
De imediato abracei a ideia junto com vários jornalistas brasileiros, entre eles, Beto Almeida, Mario Augusto Jakobskind, José Carlos Bernardes (Peninha), Laurindo Leal Filho, Hélio Doyle e tantos outros.
Com a ideia do jornal, me dirigir ao presidente da agencia internacional de noticias Prensa Latina que tem correspondentes em todos os países do mundo, além de diversos colaboradores na época como Eduardo Galeano e Gabriel Garcia Marques, a agencia abriu seu noticiário para o Pátria Latina que ainda não tinha nome e eu apenas dizia que era um jornal que o comandante tinha sugerido e etc.
Chegando ao Brasil, comecei a pensar em um nome e lembro que fui para o computador e digitei cinco nomes, Pátria Grande, Nossa América, Pátria Livre, um que não lembro o nome e por fim Pátria Latina que foi o que mais gostei.
Enviei e-mail para diverso companheiros jornalistas que estiveram em Cuba participando do evento e por unanimidade o nome Pátria Latina foi o escolhido.
Em Fevereiro de 2002 saiu o primeiro numero impresso e nele um editorial escrito por Beto Almeida em que sugeria a criação de um canal de TV latina americana cuja ideia foi abraçada por vários proponentes e tempos depois surgia Telesur criada por Chavez e publicamente apoiada por Fidel Castro em uma entrevista por satélite, na qual os dois líderes, respondendo a pergunta sobre este tema, se comprometeram com a criação da emissora.
O Pátria Impresso circulou ate o numero 30 com edições que variavam de 30 mil a 72 mil exemplares distribuídos gratuitamente em varias universidades do país.
Fazer o jornal era a coisa mais fácil do mundo.
O complicado e caro era distribuir aquela montanha de exemplares pelo país.
Por questões diversas, acabamos com o impresso e centramos na internet onde o numero de leitores logo no inicio passou de um milhão por mês e hoje estamos na faixa de 2,5 a 3 milhões de acessos mensalmente, sendo um dos cinco mais lidos do país.
Durante esses 14, quase 15 anos de existência, vários nomes passaram a escrever para o Pátria Latina, Fidel foi logo no primeiro numero e que nos acompanha ate hoje, alguns já não estão mais entre nos como Adriano Banayon, Fausto Wolf, Neldo Menezes, Gabriel Garcia Marques, Eduardo Galeano e Bautista Vidal, todos grandes entusiastas e incentivadores da publicação.
Colaboradores como Fidel, Chomsky, Eduardo Galeano, Bautista Vidal, Emir Sader e Beto Almeida foram de fato os que deram rumo e firmaram a linha editorial da publicação e que jamais sairemos dela.
Artigos de Frei Betto, Ignácio Ramonet, James Petras, John Pilger, Jorge Lezcano, Cesar Fonseca, Emir Sader, José Ribamar Bessa Freire, Laurindo Leal Filho, Timothy Bancroft-Hinchey Mauro Santayanna, Anna Malm, Altamiro Borges os venezuelanos Júlio escalona, Manuel Montañez Lanza, Reinaldo Iturriza, Freddy J. Melo, e mais Pepe Escobar, Prabhat Patnaik, MK Bhadrakumar, Serguéi Lavrov e mais recentes, o poeta Sillas Correia Lima e Pedro Augusto Pinho,
Com esses colaboradores, o sucesso foi e continua sendo total.
Hoje fazemos parceria com varias publicações no Brasil e fora dele, em uma troca constante de colaborações sendo que em algumas sou colaborador direto.
De Portugal, temos linha direta com o Diário da Liberdade e Resistir info, da Espanha, Rebelion, da Palestina, Palestine Liberation, Prensa Latina (Cuba) Irã News (Irã) Telesur e Barometro Internacional (Venezuela) La Jornada (México) Pravda RU e Gazeta Russa (Rússia).
Gazeta Russa faz parcerias editorias com as principais publicações do mundo, como The New York Times, Daily Telegraph, Washington Post, La Nacion, El Pais, The Yomiuri Shimbun que é um jornal japonês de alta qualidade com uma circulação diária de 13,5 milhões e que faz dele a maior tiragem do mundo e diversas outras publicações importantes espalhadas pelo mundo.
No Brasil, somente a Folha de São Paulo e o Pátria Latina estão na relação de parceiros desta grande e importante publicação russa e que em poucas linhas na sua extensa relação de parcerias definiu o Pátria Latina. ”Pátria Latina é uma publicação eletrônica com temas cada vez mais da atualidade, e que carrega em suas edições diárias o jornalismo crítico de postura marcante frente à globalização, independente ao poder econômico e de profunda identidade com os anseios da sociedade civil. Disponível na web desde abril de 2008 www.patrialatina.com.br publica temas de impacto político e cultural.”
Então, Pátria Latina é isso.
Culpa de Chomsky, Beto Almeida, Bautista Vidal, Valter Xéu, Eduardo Galeano e um culpado maior que é Fidel Castro.
*Valter Xéu, é diretor e editor de Pátria Latina e Irã News
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