As autoridades palestinas saudaram a decisão do Paraguai de devolver sua embaixada em Israel de Jerusalém a Tel Aviv, afirmou o secretário do Comitê Executivo da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat.
O governo do Paraguai ordenou a transferência imediata de sua embaixada de Jerusalém para Tel Aviv, revertendo a política do governo anterior, tomada “unilateralmente”, disse o ministro de Relações Exteriores, Luis Castiglioni, em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira.
“Aprovamos a decisão do Paraguai de agir de acordo com seus compromissos no direito internacional e fechar a embaixada em Jerusalém, transferindo-a para Tel Aviv”, comentou.
Segundo o representante palestino, “a decisão corajosa do presidente Abdo Benítez mostra que o governo do Paraguai decidiu voltar à posição tradicional da América Latina, baseada no respeito ao direito internacional e nas resoluções da ONU”.
O político pediu a todos os países que apoiam a Palestina, especialmente os países membros da Liga Árabe e a Organização da Cooperação Islâmica, que busquem formas de incentivar a cooperação e as relações bilaterais com o Paraguai.
Em maio passado, quando foi anunciada a mudança da embaixada, o ex-presidente paraguaio Horacio Cartes disse à Sputnik que o ato era “simplesmente colocar a história em seu lugar” e “uma reparação histórica”, no âmbito das cerimônias de abertura.
O anúncio do Paraguai veio depois que os EUA e a Guatemala anunciaram o mesmo, no entanto, o atual presidente Mario Abdo Benítez (investido em 15 de agosto), que na época já havia sido eleito, criticou a decisão de seu antecessor.
Com o movimento paraguaio, somente a Guatemala e os EUA permanecem como Estados que romperam com o consenso mundial de não ter embaixadas em Jerusalém porque Israel ocupa a parte oriental da cidade desde 1967 e a anexou em 1980.
Após esse fato, a ONU aprovou uma resolução que instava todos os países a retirar suas embaixadas da cidade santa.
Israel fecha embaixada no Paraguai em resposta
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou o fechamento da embaixada de Israel no Paraguai na quarta-feira, horas depois que o novo governo da nação latino-americana anunciou que transferirá sua embaixada de Jerusalém para Tel Aviv.
A decisão do Paraguai foi um golpe para os esforços de Israel para obter o reconhecimento externo de Jerusalém como sua capital, que parece ter ganhado algum impulso neste ano com os Estados Unidos, a Guatemala e o Paraguai abrindo embaixadas lá. A maioria dos países não reconhece a soberania israelense sobre a cidade inteira e diz que seu status final deve ser estabelecido nas negociações de paz.
O chanceler do Paraguai chamou a reação de Israel de “desproporcional”. O presidente do Paraguai, Mario Abdo, defendeu sua decisão como parte de um esforço para apoiar a “paz ampla, duradoura e justa” entre israelenses e palestinos.
“O Paraguai é um país de princípios”, disse Abdo no Twitter.
Israel agiu rapidamente depois que a notícia foi divulgada e uma declaração em inglês do gabinete do primeiro-ministro disse: “Israel vê com extrema gravidade a decisão extraordinária do Paraguai, que obscurecerá as relações bilaterais”.
O status de Jerusalém é um dos mais espinhosos obstáculos para se chegar a um acordo de paz entre Israel e os palestinos. Israel considera toda a cidade, incluindo o setor oriental que anexou após a guerra de 1967, como sua capital.
Mas os palestinos, com amplo apoio internacional, querem Jerusalém Oriental para a capital de um futuro Estado que esperam estabelecer na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza. As negociações entre os dois lados foram interrompidas em 2014.
Em dezembro, o presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, revertendo décadas de política dos EUA e perturbando o mundo árabe e os aliados ocidentais. Os Estados Unidos abriram uma nova embaixada em Jerusalém no dia 14 de maio. A Guatemala e depois o Paraguai abriram embaixadas lá depois.
Netanyahu tentou persuadir outros países a seguir seu exemplo.
Na quarta-feira, enquanto se encontrava com o primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borissov, Netanyahu disse: “Aprecio sua decisão de abrir um consulado honorário em Jerusalém e espero, espero, que seja o primeiro passo para estabelecer a embaixada búlgara em Jerusalém”.