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sábado, 14 setembro, 2024

Panamá: Cúpula pela unidade da América

Encontro entre os presidentes de Cuba, Raúl Castro, e dos Estados Unidos, Barack Obama,

Panamá (Prensa Latina) O encontro entre os presidentes de Cuba, Raúl Castro, e dos Estados Unidos, Barack Obama, e a unidade latino-americana e caribenha pela paz do continente são os resultados mais comentados da Cúpula das Américas celebrada em abril no Panamá.

Apesar do tempo decorrido, ainda lembram aqui o discurso do mandatário cubano, cujas palavras ao referir-se ao seu homólogo panamenho, Juan Carlos Varela, saíram do coração.

Foi um discurso muito emotivo, no qual compartilhou os sentimentos, frustrações e sonhos de seu povo, apontou.

A todo o momento permitiu viver a história de Cuba, suas realidades, dificuldades e avanços em matéria de educação, da voz de um dos protagonistas mais importantes da Revolução, sublinhou Varela.

E justamente nessa classe magistral de história, como alguns colegas qualificaram a intervenção, o compromisso da ilha com a paz, a integração e o desenvolvimento da região, choveram os elogios às palavras de Raúl Castro.

Mas além destas impressões e da aprovação unânime de um encontro histórico entre os representantes máximos dos dois governos distantes por mais de cinco décadas, muitos foram os comentários realizados por analistas.

Um deles é que os Estados Unidos regressaram à América Latina e conseguiram se integrar depois de uma longa ausência, por meio de um discurso sem vocação imperialista e arrogância como antes protagonizaram os ex-presidentes desse país Ronald Reagan e George W. Bush.

De fato, Obama expressou: “Nos dias em que nossa agenda neste hemisfério com frequência supunha que os Estados Unidos poderiam interferir com impunidade estão no passado”.

No entanto, os mandatários da Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua e Cuba criticaram a ingerência que ainda está presente nas políticas do país setentrional, ansioso em manter a hegemonia mundial.

TROPEÇOS DE UMA CÚPULA

Entre fortes denúncias de manipulação, negativas de reconhecimento de algumas organizações e provocações de todo tipo, entre elas a admissão do assassino do guerrilheiro cubano-argentino Ernesto “Che” Guevara, decorreu o polêmico fórum da Sociedade Civil, um dos quatro do encontro hemisférico.

Justamente este fato provocou a retirada da delegação cubana por não compartilhar espaços com “terroristas e mercenários”, ao mesmo tempo em que organizações panamenhas denunciaram ações desestabilizadoras por parte de alguns assalariados da ultradireita violenta de origem cubana, que reside em Miami.

Em declarações à Prensa Latina, o professor panamenho Olmedo Beluche assegurou que o desenho organizativo apontava a que aparentemente os Estados Unidos desejava usar esse cenário como tribuna para atacar Venezuela e Cuba, usando contra-revolucionários de ambas as nações.

No entanto, os que temos outra visão sobre a América Latina e queremos a integração bolivariana como propôs Hugo Chávez, não temos acesso a esse fórum, precisou.

O fraternal encontro do presidente boliviano, Evo Morales, com os assistentes à Cúpula dos Povos deixou um sabor totalmente diferente, no qual recordou a trajetória dos movimentos sociais em seu país e o continente e os ensinos de Chávez, de que só a unidade permitirá a derrota do Império.

O emblemático Paraninfo da Universidade do Panamá serviu de cenário, da mesma forma que há 10 anos em Mar del Plata, Argentina, quando se encontrou a primeira Cúpula Alternativa dos Povos da América Latina, para colocar na agenda problemas que os Chefes de Estado não levam em consideração, e para que os governos conheçam nossas necessidades e reivindicações, concluiu Beluche.

Apesar dos tropeços, a VII Cúpula das Américas passará para a história de nossa região porque uma vez mais a América Latina e o Caribe fortaleceram sua própria voz, em um ambiente onde a integração cobra maior participação no contexto do desenvolvimento social e econômico.

E nesse caminho, equidade e educação de qualidade desempenham um papel importantíssimo. Daí a proposta do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, de criar um sistema interamericano, em um continente onde o acesso ao ensino não é um direito para todos igualmente. Uma das interrogantes que teve uma contundente rejeição foi o suposto divórcio entre Cuba e Venezuela, depois da restauração das relações diplomáticas entre a ilha caribenha e os Estados Unidos. Em tal sentido, Raúl Castro não só qualificou de positivo o reconhecimento de Obama de que a Venezuela não seja uma ameaça para a segurança de seu país, como também reafirmou o apoio de Cuba -resoluto e leal- à nação irmã e ao governo legítimo de Nicolás Maduro.

Durante sua intervenção na VII Cúpula, o mandatário da ilha deixou bem claro uma ideia de sempre: as mudanças que se produzam não alterarão em nada o sistema político de Cuba.

“Continuaremos envolvidos no processo de atualização do modelo econômico cubano com o objetivo de aperfeiçoar nosso socialismo, avançar para o desenvolvimento e consolidar as vitórias da Revolução”, proclamou.

“Graças a Fidel (Castro) e ao heroico povo cubano, viemos a esta Cúpula, a cumprir o mandato de (José) Martí com a liberdade conquistada com nossas próprias mãos, orgulhosos de nossa América, para servi-la e honrá-la… com a determinação e a capacidade de contribuir a que a estime por seus méritos, e a respeite por seus sacrifícios”, disse Raúl.

*Correspondente da Prensa Latina no Panamá

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