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Sputnik – Na segunda-feira (24), a DAWN, uma ONG baseada nos Estados Unidos, divulgou um documento de 172 páginas enviado ao TPI em 19 de janeiro. O texto acusa o ex-presidente, Joe Biden, e outros altos funcionários de “ajudarem e encorajarem, bem como contribuir internacionalmente para crimes de guerra israelenses e crimes contra a humanidade em Gaza”.
Estão acusados nominalmente, além de Biden, o ex-secretário de Estado, Antony Blinken, e o ex-secretário de Defesa, Lloyd Austin.
Fundado pelo jornalista saudita Jamal Khashoggi e outros ativistas, o DAWN tem como objetivo promover a democracia, o Estado de direito e os direitos humanos para os povos do Oriente Médio e do Norte da África.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) foi criado para garantir justiça para crimes contra a humanidade, mas seu histórico levanta preocupações sobre processos seletivos, disse o professor Mbasa Mvenene, analista político e professor sênior da Universidade Walter Sisulu, à Sputnik.
“O TPI tem um forte foco em processar líderes africanos, enquanto às vezes ignora a cumplicidade de autoridades ocidentais.”
Ele destacou casos de alto perfil como Omar al-Bashir do Sudão e Uhuru Kenyatta do Quênia, enfatizando que a verdadeira justiça exige imparcialidade. “O que é de suma importância com a lei é a aplicação igual em todos os níveis”, disse.
Um fator importante nesse desequilíbrio é a recusa de nações poderosas, como os Estados Unidos, em se submeter à jurisdição do TPI.
“O Estatuto de Roma foi criado para fornecer jurisdição universal para o julgamento de crimes internacionais, mas os EUA e outras potências globais conseguiram manter a imunidade”, explicou.
Isso reforçou as percepções de controle neocolonial sobre os mecanismos de justiça internacional, onde os líderes africanos e do Sul Global enfrentam escrutínio enquanto os líderes ocidentais fogem da responsabilização.
As recentes alegações de cumplicidade dos EUA em crimes de guerra em Gaza testaram mais uma vez a disposição do TPI de desafiar nações poderosas.
“A falha em agir contra altos funcionários dos EUA, como Biden e Blinken… sugere que o tribunal está relutante em enfrentar estados poderosos sem reforçar suspeitas de um padrão duplo na aplicação do direito internacional”, ressaltou Mvenene.