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sábado, 14 setembro, 2024

Os EUA deram um golpe no Chile muito antes de 1973, diz Atilio Borón

Santiago do Chile, 6 set (Prensa Latina) Os Estados Unidos preparavam o golpe desde muito antes de Salvador Allende ser eleito presidente, disse Atilio Borón, que visita hoje o Chile por ocasião do quinquagésimo aniversário do colapso da democracia.

Numa conferência aqui oferecida, o cientista político argentino afirmou que em 1958, quando Allende perdeu as eleições por apenas 30.000 votos contra Jorge Alessandri, o pânico começou a espalhar-se em Washington com a possibilidade de um candidato de esquerda chegar ao poder.

Ele lembrou que no Chile as empresas norte-americanas tinham interesses em cobre e outros recursos.

Em 1958 os Estados Unidos começaram a centrar o seu olhar neste país, com o aparecimento no sul do continente de uma coligação que estava prestes a vencer, ultrapassando também Eduardo Frei Montalva, disse.

Segundo o sociólogo argentino, esta obsessão acentuou-se com o triunfo da Revolução Cubana em 1959 e as suas profundas reformas em matéria económica, social e política.

O governo dos EUA, destacou, temia que uma vitória da esquerda no Chile se tornasse um exemplo para toda a região e começou a construir uma alternativa ao que previam como quase certo.

“O caso chileno não foi suficientemente estudado”, disse o professor e escritor argentino, que viveu e estudou neste país entre 1967 e meados de 1972.

Atilio Borón assistiu à apresentação do número 52 da Revista Araucária na sede da Central Unitaria de Trabalhadores, que contribui para o debate e reflexão sobre os acontecimentos que levaram à ruptura com o quadro institucional.

O analista político oferecerá uma série de conferências em Concepción, Valparaíso e Santiago do Chile no âmbito do cinquentenário do golpe de estado de 11 de setembro de 1973 contra o governo da Unidade Popular.

O golpe, liderado por Augusto Pinochet, deu origem a um dos episódios mais sombrios da história deste país.

Estima-se que existam mais de 40 mil vítimas desse regime, incluindo mortos, detidos, desaparecidos e torturados, sem contar os mais de 200 mil exilados.

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