Assunção (Prensa Latina) O Executivo enviou nesta segunda (03) convites ao diálogo proposto pelo presidente Horacio Cartes em busca de soluções à crise do Paraguai, mas a oposição já reage com condicionamentos para estar presente.
Um deles é que Cartes esteja presente à mesa de negociações, pois em sua convocação só mencionou a participação de um representante desse poder do Estado.
O mandatário propôs as conversas com os líderes dos partidos políticos representados no Parlamento, os representantes das duas câmaras do Congresso e da Conferência Episcopal Paraguaia.
Esta última já respondeu positivamente mediante um comunicado com a assinatura de seu representante e arcebispo metropolitano de Assunção, monsenhor Edmundo Valenzuela.
A atitude da Igreja católica era mais do que esperada, pois remete ao chamado do papa Francisco, ontem na reza do Angelus, quando pediu um diálogo para uma solução política e em paz para este país.
Outro favorável ao expressado por Cartes foi o presidente da Câmara de Deputados, Hugo Velázquez, militante da ala do Partido Colorado incondicional ao chefe de Estado.
Velázquez afirmou que participaria do diálogo com prazer porque a considera a melhor maneira de reparar as diferenças, mas não se referiu a quem estará nela em nome do governo.
Como fez o presidente do Congresso e do Senado, o liberal Roberto Acevedo, ao dizer que as negociações sem Cartes não terão nenhum sentido.
A seu respeito, diz-se que é o principal responsável pela crise que desembocou nos acontecimentos violentos na sexta-feira e no sábado.
Acevedo mencionou que não reconhece os termos do convite esperado hoje, mas assegurou que como responsável do Congresso deseja a presença do Presidente da República, uma das condições que ao menos ele exige.
Também pede a retirada do projeto de emenda constitucional para habilitar a reeleição presidencial, agora proibida pela carta magna, detonante visível da violência.
Essa se desencadeou na sexta-feira quando um grupo majoritário de 25 senadores aprovou a proposta de emenda de uma maneira irregular, fora do salão plenário e em desacato à máxima autoridade da Câmara alta.
Isso provocou uma manifestação em frente à sede do órgão legislativo de opositores à emenda e à reeleição e consideram essa ação como a segunda parte do que chamam golpe parlamentar.
Os mobilizados foram recebidos por efetivos antimotins com balas de borracha e jatos de água, com vários feridos como resultado, e depois de uns momentos de tranquilidade ocorreu o assalto ao edifício e foi provocado seu incêndio.
Ainda que ninguém consiga identificar os que iniciaram o fogo e o dispersaram, a partir disso começaram descontroles por parte de pessoas infiltradas na manifestação sem relação alguma com ela, estendendo-se esta até a madrugada do sábado.
Foi então que ocorreu o acontecimento mais grave quando vários antimotins entraram à força na sede do opositor Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) e um deles matou com um tiro de escopeta um dirigente juvenil desse partido.
Quanto ao diálogo proposto por Cartes, o presidente do PLRA, Efraín Alegre, disse que se o chefe de Estado não estiver na mesa ele também não participará, pois que esteja só um representante do Executivo e não o primeiro mandatário, é uma sacanagem.