Desenvolvida em parceria com a empresa alemã BioNTech, vacina da Pfizer é segura e tem 95% de eficácia – Divulgação/AFP
“Bolsonaro trata questões humanitárias como disputa política”, critica líder da minoria, José Guimarães
O líder da minoria na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), oficiou o Ministério da Saúde, nesta segunda-feira (8), para pedir explicações sobre a recusa do Brasil em comprar 70 milhões de doses da vacina Pfizer, o primeiro imunizante contra a covid-19 a obter registro sanitário definitivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em fevereiro deste ano.
A denúncia foi feita pelo jornal Folha de S. Paulo, no domingo (7). Apurações do veículo mostraram que, no ano passado, o governo Bolsonaro recusou a proposta feita pela fabricante, que previa o envio das doses de forma escalonada até dezembro de 2021.
Em caso de aceitação por parte do Brasil, uma parcela das vacinas teria chegado ao país até fevereiro. Essa primeira entrega seria de 3 milhões de doses, cerca de 20% do que já foi aplicado no país até agora. A fatia populacional imunizada até agora é de menos de 4%, o que fez o governo virar alvo de inúmeros protestos vindos de todas as partes.
Diante disso, a revelação sobre a recusa dos lotes da Pfizer atiçou os ânimos políticos. “Temos em mãos mais uma prova de que esse governo fere o direito à vida, garantido pela Constituição Federal. Bolsonaro trata questões humanitárias como disputa política. Lamentável”, critica Guimarães.
A primeira oferta feita pela Pfizer ao país teria sido feita em meados de agosto, quase sete meses atrás. Por conta disso, a minoria pediu ao governo que apresente cópia dos documentos referentes às tratativas. Também solicitou a apresentação de eventual estudo técnico e científico que possa ter embasado a recusa da oferta.
Viagem a Israel
A liderança da minoria também enviou requerimento ao Ministério das Relações Exteriores pedindo esclarecimentos sobre a visita da comitiva brasileira que decolou no domingo (7) rumo a Israel para tratar de um spray nasal contra a covid-19.
A oposição aponta que a ida do grupo constitui “desperdício de dinheiro público”, além de uma “aposta incerta”, já que o produto não conta com qualquer comprovação científica em termos de eficácia.
“Primeiro, foi a cloroquina. Agora, Bolsonaro aposta novamente na incerteza ao invés de investir em vacinas, que são comprovadamente eficazes”, compara o líder José Guimarães.
Em caso de falta de resposta aos dois requerimentos, os gestores do governo federal responsáveis pelas questões apontadas pela minoria podem responder por crime de responsabilidade.