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Sputnik –Em entrevista à Sputnik Brasil, especialista diz que a ONU precisa se reformar para deixar de ser um satélite dos EUA e da OTAN e destaca que não haverá um mundo mais justo sem a multipolaridade.
“O mundo antes da ONU tinha menos conflito do que o pós-ONU. Claro que sabemos das complexidades do imperialismo e do capitalismo, mas a ONU tem problemas graves. Eu acho que um dos problemas mais graves é a questão da Palestina. A ONU criou o Estado de Israel, mas não consegue defender a Palestina e não consegue colocar Israel dentro dos limites nos quais ela mesma foi criada.”
“Quem representa a ONU, quem pauta a ONU? Essa é a questão. A ONU tem um problema interno gravíssimo, porque ela escolheu, muitas vezes, ser uma linha dois do imperialismo. Porque ela é assediada, acossada e não consegue sobreviver se não estiver atrelada a Bruxelas ou Washington. Isso que a gente entende como ONU muitas vezes se tornou um aparelho do imperialismo. Então há de se disputar a ONU e se discutir qual caminho ela deve seguir.”
“A ONU estava dormindo durante todo o processo de nazificação da Ucrânia. Aí ela acordou e passou a discutir o papel que a Rússia está fazendo com a operação [militar] em se defender. A ONU perdeu a capacidade de fazer uma avaliação crítica dos acontecimentos globais. É importante que a ONU passe a interpretar esses acontecimentos levando em consideração o preâmbulo dos acontecimentos”, diz o pesquisador.
“O Brasil agora, com a eleição de Lula, tem um papel importantíssimo a desempenhar. Mas não só o Brasil, outros países também precisam desempenhar esse papel. Mas falta um fórum de discussão maior, não podemos esquecer a Conferência de Bandung e o papel que ela representou dos não alinhados. Agora, falta um fórum maior, em que se discuta a multipolaridade. Isso não é discutido pela ONU, ela não abriga isso, não cria condições materiais para que essa discussão da multipolaridade seja efetiva. Isso tem sido discutido de maneira muito individual, muito particular por alguns atores, como China, Rússia, Brasil. Os [países do] BRICS prestam esse papel, mas é preciso ampliar isso.”
“Estamos em época de Copa do Mundo. Como é que pode a Europa ainda mandar a maior quantidade de seleções e [se] ignorar o tamanho da África, o tamanho da América Latina? Isso também acontece na seara política e econômica a nível global. A intenção desse fórum [para discutir a multipolaridade] não seria esvaziar a ONU, mas suportar a ONU nessa discussão. Porque hoje a ONU não quer discutir isso”, conclui Pitillo.