Panamá (Prensa Latina) A modalidade importada de assassinatos por contratos atemoriza hoje à sociedade panamenha, que nos últimos dias viveu cenas de ajustes de contas em lugares públicos em plena luz do dia.
Meios de imprensa, comentários de rua e o temor dos pais, marcam atualmente o termômetro da insegurança, onde o crime saiu dos populosos bairros periféricos, para a seletiva procura de vítimas em elegantes bairros da capital, com danos colaterais sobre inocentes.
Tiroteios de motos em marcha, ou o assassinato a sangue frio com disparos a queima-roupa, ao estilo do tristemente célebre Cártel de Medellín, na Colômbia, viveram na semana anterior residentes e turistas no Panamá, como mostra de que as cenas de novelas e filmes são tomados da realidade.
Estes fatos reforçam as correntes de xenofobia, pois quando é um estrangeiro que comete crimes, o divulgam para generalizar que a intranquilidade atual é responsabilidade dos estrangeiros.
No entanto, cifras oficiais mostram que 90,8 por cento da população nas penitenciárias são panamenhos, o que se explica no abandono aos jovens dos setores mais humildes, que se convertem em fácil presa do recrutamento pelas quadrilhas e o crime multinacional.
Para tratar de controlar essa situação, vários governos aplicaram, sem muito sucesso, programas sociais dirigidos a segmentos vulneráveis ao ambiente delitivo e a presente administração tem Bairros Seguros.
Inicialmente a estratégia conseguiu baixar os homicídios por habitantes, mas a violência e temeridade dos mesmos incrementou a insegurança da população, com crise em algumas cidades como Colón, na costa atlântica, onde ocorreram 32 assassinatos em 2017, apesar da presença ostensiva da polícia.
Outro tanto passou em David, capital da fronteiriça província de Chiriquí, no ocidente, onde uma onda de crimes, assaltos e feminicídios, converteram em zona vermelha a faixa próxima à fronteira com Costa Rica.
Rivalidade pelo controle do tráfico de drogas e armas, e o confronto entre ligas irreconciliáveis, não poucas vezes com a cumplicidade de autoridades fomentam a maior quantidade de fatos, o que obrigou à criação de uma força elite subordinada ao Presidente da República para enfrentar o flagelo.
Sobre o chamado ‘mercenários’, Severino Mejía, criminalista da Universidade de Panamá (UP), disse em entrevista com o canal Telemetro, que ‘é uma atividade delitiva exógena, isto é, veio do estrangeiro, e chegou ao Panamá para ficar’.
Entre os fatos mais temerários deste tipo que recordam os panamenhos, está o recente assassinato de uma jovem na cafeteria de um exclusivo hospital privado; a cena repetiu-se antes próximo ao lugar quando dispararam sobre o motorista de um auto, e a precedeu uma série de situações similares.
‘Tal parece que não estamos seguros em nenhum lugar’, disse ante as câmeras o analista José Blandón, que se somou aos que consideram que não existe uma estratégia de segurança, e em mudança, os policiais correm de um lugar a outro onde se produzem os crimes.
Uma opinião especializada ofereceu-a o psiquiatra forense Ricardo Pérez, que definiu o criminoso como um indivíduo que premedita as coisas, e uma vez conhecida a vítima, escolhe o momento, lugar, forma, arma, ‘e sobretudo, escolhe a forma de se esquivar da responsabilidade penal’, expressou a Telemetro.
Tirso Castillo, do Instituto de Criminologia da UP, completou o perfil do mercenário: ‘sua característica é ser perigoso, impiedoso, tem que ser frio e calculista em sua ação’.
Os especialistas concordam que esses criminosos sabem que, ante as detonações, as pessoas tendem a baixar a cabeça e começar a sair do lugar, o que aproveitam para confundir com os demais e por isso são difíceis de serem identificados pelas testemunhas.
Castillo recordou que desde a década do 90 a modalidade chegou ao Panamá através de mercenários colombianos, mas já desde 2000 não são estrangeiros que realizam tais crimes, que para esses assassinos é um negócio, sem lhes importar as vítimas e seus familiares.
A certeza do castigo é uma quimera muitas vezes, assegurou Mejía ao explicar que muitas vezes a justiça não chega até eles, enquanto Pérez deixou uma mensagem ainda mais pessimista: ‘se seguimos assim, passarão aos envenenamentos, aos acidentes raros e às bombas para produzir terror’.
Múltiplos critérios desde óticas ideológicas diversas, fazem questão de que estes e outros comportamentos igualmente criminosos são sinais de esgotamento do sistema político-social panamenho, mas de eleições em eleições a ‘democracia’ diz ter a solução. Reagirá a sociedade
lam/orm/bj