Para o líder russo, uma ordem mundial duradoura é impossível sem uma Rússia forte. O presidente enfatizou objetivos estratégicos e questões fundamentais para garantir um desenvolvimento estável a longo prazo para a Rússia
ao discursar na Assembleia Federal em Gostiny Dvor, Moscou.
“O discurso foi muito poderoso”, afirmou Adriel Kasonta, analista de relações exteriores baseado em Londres e ex-presidente do Comitê de Assuntos Internacionais do grupo de reflexão Bow Group, à Sputnik.
“Está relacionado com a política externa na qual a Rússia se afasta do Ocidente e enfatiza laços mais estreitos com os parceiros e
aliados do BRICS, além do rejuvenescimento nacional”, continuou o analista.
Durante o discurso, Putin observou que a Rússia está no caminho certo para se tornar uma das quatro maiores economias do mundo em breve. Ele destacou que no ano anterior, a economia russa cresceu mais rapidamente que a média mundial e superou qualquer crescimento observado nos países do G7.
O presidente russo observou que até 2028, a
participação do BRICS na economia mundial em paridade de poder de compra aumentará para 36,6%, enquanto a do G7 cairá para 27,8%.
“É significativo lembrar que essas economias emergentes têm um profundo potencial de crescimento. Os países do G7 estão em declínio, com crescimento populacional e economias enfraquecidas devido a conflitos com a Rússia e ao apoio ao esforço de guerra na Ucrânia. Na minha opinião, o Ocidente está em decadência“, atestou Kasonta.
O Ocidente tentou, sem sucesso, minar a Rússia
Após o início da operação especial de Moscou na Ucrânia, os Estados Unidos e seus aliados impuseram várias sanções à Rússia, afetando todos os setores da economia. A Rússia foi excluída do sistema SWIFT, e seus fundos soberanos foram congelados no Ocidente. No entanto, a Rússia demonstrou notável crescimento econômico e fortaleceu laços com países asiáticos, africanos, o mundo árabe e a América Latina desde então.
“Acredito que as sanções ocidentais apenas ajudaram a Rússia a destacar a clara distinção entre o declínio representado pelo Ocidente e o futuro. O Ocidente não compreende que as sanções são motivo de zombaria para o resto do mundo, interessado em fazer negócios e ter interações diplomáticas com a Rússia”, afirmou Kasonta.
Admitindo que o impacto das sanções não correspondeu às expectativas ocidentais, os Estados Unidos e seus aliados agora focam no financiamento de seus complexos militares-industriais. Durante o discurso, o presidente Putin criticou o Ocidente por tentar arrastar a Rússia para uma corrida armamentista, destacando truques semelhantes usados contra a URSS na década de 1980.
Segundo Kasonta, está claro que a Rússia não cairá novamente nessa armadilha, adotando uma abordagem equilibrada no desenvolvimento do setor de defesa e outros setores da economia. Os antigos estratagemas da Guerra Fria do Ocidente não funcionam mais, concordou Paolo Raffone, analista estratégico e diretor da Fundação CIPI em Bruxelas.
“O antigo plano da Guerra Fria para desestabilizar a Rússia falhou desde que Putin foi eleito. O Ocidente mal compreende a força renovada da Rússia sob a liderança de Putin. Hoje, a Rússia não se assemelha à ex-URSS. As tentativas ocidentais de iniciar uma segunda fase da Guerra Fria (com a Rússia e a China) são míopes e destinadas ao fracasso. A mudança global do Ocidente para o resto já está acontecendo, como Putin enfatizou“, sublinhou Raffone à Sputnik.
A essência da questão é que o Ocidente não pode manter seu monopólio em logística, comércio ou tecnologia globais, segundo o especialista.