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segunda-feira, 7 outubro, 2024

O verdadeiro interesse dos Estados Unidos e das grandes transnacionais da América Latina e do Caribe (parte I)

NOSSA América sofre novamente o ataque do imperialismo norte-americano e das oligarquias. Está acontecendo uma triste realidade na região de perigosas convulsões e instabilidade política e social, promovida a partir de Washington. As forças mais reacionárias do hemisfério aplicam um roteiro de golpes contra os governos soberanos, fórmulas de guerra não convencional, repressão policial brutal, militarização, medidas coercitivas unilaterais, procedimentos judiciais contra líderes progressistas e proclamam a validade da Doutrina Monroe e o macarthismo.

Qual é o verdadeiro interesse dos EUA? e monopólios na região? A suposta liberdade, democracia, direitos humanos? Não. É para preservar o domínio imperialista sobre os recursos naturais.

A RIQUEZA LATINO-AMERICANA, TAMBÉM SUA “MALDIÇÃO”?

Desde que os impérios europeus encontraram na América importantes recursos, saquearam e colonizaram nossas terras, a história dos países da região tem sido a desapropriação de suas riquezas naturais, uma página semelhante à de outras áreas geográficas do planeta. No nosso caso, Espanha, França, Portugal e Inglaterra fizeram-no pela primeira vez na fase colonial; depois, os Estados Unidos e as grandes transnacionais. Uma vez conquistada a independência, a dominação econômica imperialista continuou até hoje na maioria das nações do hemisfério.

«Tal como os primeiros conquistadores espanhóis, que trocaram espelhos e bugigangas por ouro e prata, os Estados Unidos comercializam com a América Latina. Conservar essa torrente de riqueza, aproveitar cada vez mais os recursos da América e explorar seus povos que sofrem: isso é o que estava escondido atrás de pactos militares, missões militares e lobby diplomático em Washington», alertou o líder histórico da Revolução Cubana Fidel Castro Ruz na Segunda Declaração de Havana, em 4 de fevereiro de 1962.

Os governos progressistas, nacionalizando ou recuperando grande parte de seus recursos naturais para os povos afetaram os interesses monopolistas. Os últimos empórios econômicos partilham o mundo como um bolo e não aceitaram desistir da «fatia suculenta» da América Latina e do Caribe.

Basta dizer que vários países da região possuem uma proporção significativa das reservas minerais do mundo: 68% das reservas mundiais de lítio (Chile, Argentina e Bolívia), 49% das reservas de prata (Peru, Chile, Bolívia) e México), 44% das reservas de cobre (Chile, Peru e, em menor grau, México), 33% das reservas de estanho (Peru, Brasil e Bolívia), 26% das reservas de bauxita ( Brasil, Guiana, Suriname, Venezuela e Jamaica), 23% das reservas de níquel (Brasil, Colômbia, Venezuela, Cuba e República Dominicana) e 22% das reservas de ferro (Brasil, Venezuela e México), entre outros, segundo aparece no relatório Recursos naturais: situação e tendências de uma agenda de desenvolvimento regional na América Latina e no Caribe, uma contribuição da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) para a Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (Celac).

Daí a relevância estratégica desta parte do mundo para os interesses norte-americanos. A propósito, também a área mais próxima de suas fronteiras nacionais e, portanto, qualquer intervenção direta ou indireta, sob qualquer pretexto, seria mais barata em comparação com outra realizada na África ou na Ásia, mesmo que não desista da última. Uma análise retrospectiva da história regional demonstra a clareza meridiana dessa frase do Libertador Simón Bolívar: «Os Estados Unidos parecem destinados pela Providência a atormentar a América pela miséria em nome da liberdade».

POR TRÁS DA CORTINA … O INTERESSE DE WASHINGTON NA VENEZUELA E NO BRASIL

O termo petro-agressão refere-se à tendência de estados ricos em petróleo serem alvo de agressões estrangeiras, com desculpas de qualquer tipo. As recentes guerras no Oriente Médio (Afeganistão, Iraque, Líbia e Síria) lideradas pelos Estados Unidos e seus aliados têm esse caráter.

Segundo dados da corporação venezuelana Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), o cinturão de petróleo do Orinoco Hugo Chávez Frías é o maior reservatório do mundo. Em 31 de dezembro de 2010, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) formalizou o trabalho de certificação das reservas de petróleo realizado pelo Ministério do Petróleo e Minas. Dessa forma, a OPEP «revelou a verdadeira situação das reservas de petróleo existentes no cinturão de petróleo do Orinoco Hugo Chávez Frías, com a certificação de 270,9 bilhões (270.976 .000.000) de barris (MMBlS) de petróleo bruto pesado e extrapesado (…). Com essa certificação, além da reserva igualmente certificada de 28,9 bilhões (28.977.000.000) de petróleo leve e médio, a República Bolivariana da Venezuela totaliza 229,9 bilhões (299.953.000.000) de barris, fato que coloca o país com a maior reserva de petróleo bruto do planeta», observa a coleção Cuadernos de Soberania Petróleo, da PDVSA.

Segundo a publicação, a Venezuela possui 25% das reservas da Opep e 20% das que correspondem mundialmente, possui o petróleo necessário para impulsionar seu desenvolvimento nos próximos 300 anos, a uma taxa de recuperação de 20%.

Por outro lado, em 2007 a empresa Petróleo Brasileiro SA (Petrobras) anunciou a descoberta de recursos substanciais de petróleo e gás natural em reservatórios localizados sob uma camada impermeável de sal na costa do país, depositada há 150 milhões de anos. As descobertas no Presal do Brasil estão entre as mais importantes do mundo na última década. Essa área é formada por grandes acúmulos de óleo leve de excelente qualidade e alto valor comercial, segundo informações da Petrobras.

O Ministério de Minas e Energia do Brasil destaca que o Presal é, atualmente uma das fontes mais importantes de petróleo e gás do planeta e que cerca de 70% dessas reservas nacionais estão no Presal.

O TRIÂNGULO DE LÍTIO ESTÁ LOCALIZADO NA AMÉRICA DO SUL

Quem duvida que o recente golpe na Bolívia tenha sido promovido pelos Estados Unidos, motivado por interesses econômicos e políticos? A nacionalização de hidrocarbonetos e empresas estratégicas, estrelada pelo presidente Evo Morales, significava liberdade econômica para a Bolívia, mas também uma investida nos monopólios energéticos. Para o imperialismo, era intolerável que o povo boliviano recuperasse os lucros do petróleo e do gás e, em especial, ficasse fora do negócio suculento de saquear um mineral cobiçado do qual a nação sul-americana possui 30% das reservas internacionais: lítio.

Esse recurso é conhecido como «ouro branco» ou «mineral do futuro» por vários motivos. Suas propriedades químicas o tornam o elemento sólido mais leve conhecido, possui metade da densidade da água e se destaca como um condutor eficiente de calor e eletricidade. Esse potencial eletroquímico relevante o torna um material ideal para a fabricação de baterias elétricas para armazenamento de energia (baterias de íon de lítio), com um papel essencial na fabricação de dispositivos eletrônicos (telefones celulares, tablets, etc.) e carros elétricos, Entre outros usos.

O acesso a esse mineral é hoje o centro das disputas globais. «Coincidentemente», as maiores reservas mundiais estão no chamado Triângulo de Lítio, na região de fronteira entre Bolívia, Chile e Argentina, na América do Sul. Esse território concentra cerca de 68% das reservas globais – a Bolívia possui 30% das reservas mundiais e a maior reserva de lítio do planeta, localizada no Salar de Uyuni; Chile 21% e Argentina 17% do total – segundo estudo publicado na Revista Latino-Americana Polis, citado pela RT.

Alguns analistas já preveem futuras guerras por lítio, como era o caso do petróleo na época. Outro sinal para nos manter alertas ao sul do Rio Grande para a Patagônia e defender a Proclamação da América Latina e do Caribe como zona de paz, contra a voracidade dos Estados Unidos e das oligarquias. Somente a unidade regional impedirá uma nova guerra de rapina e a balcanização em Nossa América.

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