O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, durante reunião com parlamentares das bancadas aliadas na sede do governo de transição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Diferente dos dois primeiros governos (2003-2011), este terceiro governo Lula encontra o mundo neoliberal, financeiro, ainda poderoso, mas em processo de decomposição, de extinção.
Os primeiros quatriênios foram tomados por guerras e por período entre crises (2002 e 2008/10), que as finanças promoveram desde quando assumiram o poder, com as desregulações financeiras (1980-1990), a edição do Consenso de Washington (1989) e o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS (1991).
Porém no último decênio do século XX, as finanças se ressarciram das despesas para conquista do poder, quando, desde 1968, promoveram insurreições, golpes, corrompendo e comprando consciência e ativos reais. Neste processo de ressarcimento emitiram muitos títulos sem correspondente lastro e, na medida em que tinham sucesso, na criação de fundos financeiros, com mais papéis colocados no mercado. A crise de 2008 foi o primeiro estopim.
Em paralelo, crescia a República Popular da China (RPCh) não só do ponto de vista econômico mas, igualmente, criando opção à unipolaridade das finanças. Também a extinta URSS, agora Federação Russa se recompunha e investia na industrialização, em tecnologias, sobretudo militares.
E os dois primeiros quadriênios do Lula tiveram as demandas de bens, especialmente para o crescimento desses emergentes países e seus aliados, que o rico Brasil podia atender: produtos agrícolas e minerais, in natura ou semielaborados.
Desse modo pode ter recursos para solução ou redução dos problemas sociais, que foi e continua sendo o principal foco de suas gestões. A Questão Nacional nunca foi pauta de Lula. Ele, explicitamente, sempre teve foco nas Questões Sociais, especialmente na redução da extrema pobreza, tirar o Brasil do mapa da fome.
As oposições, por seu turno, não tiveram êxito, pois ainda estava na memória do povo os dois desastrosos mandatos de FHC – Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), com desempregos e apagões oriundos das privatizações, de interesse unicamente das finanças, realizadas por FHC e as que já ocorriam desde Sarney (1985-1990).
Mas as finanças procuravam manter seus ganhos, como o controle do Banco Central, através da ameaça do Poder Judiciário: o Mensalão.
Durante os anos que se seguiram aos dois primeiros mandatos de Lula, as finanças verificaram que apenas os neoliberais brasileiros não tinham força política para virar o jogo, era necessário arriscar com a extrema direita, que em outras partes do mundo combatiam as finanças, como a França, a Hungria e mesmo os Estados Unidos da América (EUA).
Com esta análise, as finanças promoveram movimentos populares, como o de 2013, ações judiciais, a Lava Jato, e, mesmo sem provas, ações contra Fábio Luís, filho do Lula, que culminaram no golpe de 2016 e na prisão do Lula.
VIRADA DE MESA?
A reconquista do poder pela banca, após FHC, teve como cabeça um político medíocre, do baixo clero, que se mantinha no Congresso pelo apoio das famílias militares, a quem conseguia privilégios especiais de natureza econômica, principalmente previdenciária: Jair Messias Bolsonaro.
Porém a insaciável fome por dinheiro de Bolsonaro, seus filhos, também ocupando cargos nos legislativos municipais, estaduais e federal, e as benesses aos militares, fez com que a própria gestão das finanças internacionais não o quisesse mais no governo. E, pior, a crise financeira global e a emergência de sistema multipolar – a Iniciativa do Cinturão e Rota, a Nova Rota da Seda – deixavam poucos recursos, principalmente políticos, para investir em novo golpe no Brasil.
A solução foi negociar a volta de Lula, que a tragédia da gestão Bolsonaro colocava novamente com o prestígio popular, ainda que inferior a aquele com que encerrou seus mandatos anteriores.
Pela segunda vez, a gestão das finanças colocava no Luiz Inácio Lula da Silva a condição de governar o Brasil.
Lula estava, no entanto, fragilizado internamente, pela imensa campanha midiática no Brasil, principalmente das mídias virtuais, que se desencadearam contra ele. Estando, portanto, com poucos recursos para negociação. Valia-lhe um prestígio internacional que nenhum presidente brasileiro, nesta era neoliberal, conseguira, pois participara da criação dos BRICS, do G 20 e da UNASUL, entre outras ações no cenário internacional.
Esta ação do Lula, na área internacional, contou então com a indispensável assistência do chanceler, embaixador Celso Luis Nunes Amorim, do secretário-geral das Relações Exteriores, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, e do assessor especial para assuntos internacionais da presidência, professor Marco Aurélio Garcia. Apenas o embaixador Celso Amorim, agora assessor internacional, continuou nesse terceiro mandato.
Lula sai da prisão, faz campanha eleitoral, mas tem o vice-presidente escolhido pelo sistema financeiro, um ex-tucano, também seu Ministério, com o pretexto de obter apoio parlamentar, tem vários participantes da confiança das finanças.
As finanças têm o discurso do meio ambiente e poderosas ONGs para articular campanhas internacionais e, em especial, no Brasil, onde o desmatamento foi colocado no rol dos crimes ambientais: UICN – União Internacional para Conservação da Natureza, WWF World Wide Fund for Nature, e Greenpeace, entre outras menores e locais.
E Lula reaparece no exterior como liderança ecológica. Esquecendo que estes compromissos serão pagos com a pouca expressiva ação da Petrobrás, agora completando 70 anos, que transformou o país de importador de todos os derivados em potência energética, com a tecnologia única de exploração e produção de petróleo em águas ultraprofundas, capacidade e estrutura para produzir todos os derivados de petróleo e reservas de óleo e gás suficientes para enfrentar a retomada do processo de industrialização e garantir por 70 a 100 anos o suprimento brasileiro.
Mas estas são Questões Nacionais, que nunca tiveram precedência nos governos Lula.
Assim, o que de melhor pode se esperar nos próximos quatro anos são os três ou quatro pratos de comida para todos os brasileiros, o que é muito para quem passa fome, mas que não garante a continuidade sem medidas de autonomia que a Questão Nacional trata.
Lula governará, com seus quase 80 anos, como um equilibrista. No plano interno com o “centrão”, a velha e corrupta política de interesses regionais, apenas fora do poder nos períodos das Constituições de 1937 e 1967. Conhecidas como autoritárias ou ditatoriais.
No plano internacional com sua experiência e a assistência do ex-chanceler, num momento em que a unipolaridade vem cedendo espaço político e controle monetário para a multipolaridade e a liderança sino-russa.
Este cenário ainda poderá conviver com a grande crise monetária gerada por estes títulos sem lastro, derrubando o valor de ativos reais, e com taxas de juros e de câmbio sem critérios para as flutuações; o caos financeiro.
E, no pior dos mundos, sem mídia nacional, principalmente virtual e televisiva, que possa, didaticamente, contrariando as mídias hegemônicas neoliberais, explicar para o povo a realidade brasileira, a especificidade nacional, a condição verdadeiramente única do país riquíssimo que é o Brasil.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, atual presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás – AEPET.
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