A comida foi uma das boas surpresas na minha viagem a Cuba. Tinha lido alguns relatos sobre culinária pobre e falta de ingredientes e tinha dúvidas sobre o que ia encontrar. Pois comi muito bem, obrigada.
Tem problemas? Com certeza. A venda de alimentos em peso cubano, a moeda que paga os salários estatais, se limita ao básico do básico. Cheguei a ver fila para comprar ovo. Nas ruas, os lanches em moeda nacional são muuuuuito simples, tipo sanduiche de mortadela, massinhas fritas e sorvetes básicos. Uma tristeza.
Mas em CUC, a moeda usada pelos turistas, a história muda. Não há desperdício nem uma variedade tão grande no cardápio. Às vezes, ao pedir uma sobremesa, a resposta é “acabou”. Mas a comida é boa, com preço bem razoável. Falo mais do dinheiro cubano e como economizar na ilha neste post:
Um CUC vale 1 dólar e 25 pesos cubanos (cotação média). Esta diferença cria um fosso chocante entre cubanos e estrangeiros. Mas também está ajudando muitos deles a melhorar de vida oferecendo, inclusive, comida para turistas.
Os cubanos abriram os primeiros paladares na década de 90. O termo “paladar” saiu da novela brasileira Vale Tudo, em que havia um restaurante com este nome. Alguns ainda são simples, outros viraram pequenos bistrôs, bares ou se sofisticaram, competindo com os restaurantes estatais.
Como é a comida? Achei o tempero bem parecido com o que estamos acostumados aqui no Brasil, uma mistura de influências espanholas, negras e caribenhas.
FRUTOS DO MAR
São de longe a melhor opção de refeição em Cuba. Comi camarão e peixe quase todos os dias em Havana e Trinidad. Sempre frescos, bem preparados e com preços razoáveis.Há muita lagosta também.
Onde comi: Em vários restaurantes de Havana e Trinidad, preços a partir de 8 CUC. Todos muito bons. O melhor peixe foi no El Templete ( em frente ao porto, bairro de Habana Vieja). É um restaurante estatal, com cardápio mais sofisticado e variado, mas também mais caro.
CARNE
A “ropa vieja” é aquele prato típico de origem popular. Feito com carne bovina desfiada e cozida com bastante tempero, lembra um pouco o barreado aqui do Paraná. Tem em todo lugar e custa pouco.
Onde comi: Na Bodeguita del Medio (Calle Empedrado,207, Habana Vieja). Foi meu primeiro erro em Cuba. O prato é bom mas o restaurante é caro. Vale tomar um mojito (explico abaixo) e comer em outro lugar.
Com excessão da ropa vieja, os pratos com carne de boi costumam ser caros e raros. A carne de porco é mais comum e acessível, vem assada ou frita em cubos, com tiras de pimentão e outros temperos. A que comi estava sequinha e sem gordura.
Onde comi: o melhor foi no Paladar Dona Eutemia (Callejon del Chorro, perto da Plaza de la Catedral, Habana Vieja ). Tem bom serviço e comida ótima. A bisteca de cerdo a la criolla ( da foto) custou 7 CUC. Comi carne de porco também na minha excursão a Viñales. Mais simples, mas boa também.
ACOMPANHAMENTOS
Moros e Cristianos
Batatas e arroz branco são os mais comuns. Outro prato típico é o “moros e cristianos”, uma mistura de arroz com feijão preto preparados juntos.
Onde comi: tem moros e cristianos em quase todos os restaurantes.
FRUTAS
Café da manhã na casa onde fiquei hospedada.
Como bom país tropical, Cuba tem frutas deliciosas. Dá pra comprar sem medo nas bancas de ambulantes na rua e pagar em pesos cubanos, o que é quase de graça pra nós.
Onde comi: Tinha muita fruta boa e sucos deliciosos no café da manhã nas casas particulares onde fiquei hospedada. Também comprei várias na rua e na estrada a caminho de Trinidad.
BEBIDAS
Daiquiri no La Floridita.
O rum, a bebida nacional, entra na receita dos mais incríveis drinks que os cubanos conseguiram inventar. O mais popular é o mojito, feito com rum, suco de limão, menta, água mineral e gelo. Uma espécie de caipirinha com rum em vez de pinga. 😉
O daiquiri, outro clássico cubano, teria sido criado no bar La Floridita (início da Calle Obsipo, 557, Habana Vieja) com a ajuda do escritor americano Ernest Hemingway.
Onde tomei:
Tem drink cubano em qualquer esquina da cidade. Mas todo mundo acaba tomando um (pelo menos o primeiro…) nos bares mais famosos de Habana Vieja: La Bodeguita del Medio e La Floridita. São daqueles points turísticos que não dá pra evitar.
Os dois foram imortalizados por Hemingway que adorava um boteco e morou em Havana por duas décadas. “ Mi mojito em La Bodeguita e mi daiquiri em La Floridita”, teria dito o escritor. Eu, claro, segui o conselho…rs. Mas não dá pra se animar muito. Uma noitada nos dois pode abrir um rombo no orçamento.
SOBREMESAS E CAFÉ
Dulceria Bianchini.
Amo café e doce e me resolvi bem em Havana. A estratégia é fugir das grandes confeitarias e procurar os cafés e paladares, com sobremesas mais leves e saborosas.
Onde comi:
Dulceria Bianchini (Callejon del Chorro, perto da Plaza de la Catedral, Habana Vieja): Um paladar pequeno e charmoso, quase em frente ao Dona Eutemia. Tem tortas, cupcakes, biscoitos e doces tradicionais de Cuba. O café vem em bules de porcelana decorada.
Museu do Chocolate (esq. das ruas Amargura e Mercaderes, Habana Vieja): um dos vários museus que também vendem produtos no centro histórico. Bombons ótimos com recheios de licor, marzipã, frutas e especiarias custam a partir de 0,30CUC cada.
Café O’Reilly (Rua O’Reilly, 304, Habana Vieja): casa estatal especializada em café cubano. O pó é moído na hora. Além do cafezinho tradicional, há vários coquetéis preparados com rum e outras misturas. O expresso sai por 0,75 CUC. Também tem bons salgados e sanduiches.
Sorveteria Copellia (esq. das ruas 23 e L, Vedado): o sorvete mais famoso de Havana. Quase tão famoso quanto a fila para entrar. Quando cheguei, em pleno domingo, não entendi bem a situação. Um segurança me encaminhou para um trailler ao lado, onde tomei um sorvete bom por um preço alto (em CUC). Se soubesse, tinha ficado na fila com os cubanos. Seria mais barato (em peso cubano) e mais divertido.:)
FOTOS: Cassiana Pizaia
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