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sábado, 20 abril, 2024

O IDIOTA INÚTIL

Bolsonaro já passou do fundo do poço

Joaquim Xavier/Conversa Afiada

Como todo bom (…), o tenente travestido de capitão Jair Bolsonaro refugiou-se em território estrangeiro para não encarar as gigantescas mobilizações contra seu governo. Em Dallas, protegido pela segurança de Trump, desatou a atacar as manifestações e ofender o povo: coisa de “idiotas úteis”, “que não sabem a fórmula da água”. Pano rápido.

Por aqui, Bolsonaro deixou seu contínuo alocado na Educação ser massacrado no Congresso. Abrão, como ele gosta de ser chamado, expôs novamente sua ignorância sobre os assuntos da pasta. Atacou parlamentares, embaralhou-se em números (o que não é novidade) e enterrou de vez qualquer possibilidade de ser levado a sério.

Enquanto isso, centenas de milhares de brasileiros rejeitavam nas ruas os planos desta gestão. Sob a bandeira de defesa do que resta da Educação, o ímpeto que levou uma multidão às ruas é mais profundo. A negação de um governo “eleito” por acaso como tábua de salvação de uma elite putrefata que nem sequer providenciou um nome palatável para liquidar Lula.

O Brasil vive um momento peculiar, como sempre acontece por estes lados. O governo Bolsonaro, de fato, acabou antes de começar, conforme já escrevi tempos atrás. Seu único projeto é limpar o terreno para entregar o país ao capital financeiro nacional e internacional. Algo como aqueles anúncios “Família de mudança vende tudo” ou “Passa-se o ponto”.

Se efetuadas com rigor, as investigações sobre a dupla Flavio Bolsonaro/Queiróz serão a pá de cal nesta aventura de extrema-direita. Ninguém tem dúvidas disso. Por muito menos, Fernando Collor foi expulso do Planalto. As oferendas ao moralismo obscurantista e reacionário, ao armamentismo desenfreado e à defesa da tradição, família e propriedade são escudos incapazes de esconder a podridão que exala da famiglia no poder.

A solução não é fácil. O povo trabalhador, há que reconhecer, tem os seus limites. Desde o fim da ditadura, assistiu a um governo desorientado, a um impeachment, a um golpe contra uma presidenta eleita e agora a um usurpador travestido de mandatário. Viveu um intervalo de esperança sob o comando de um líder popular que indicou nos fatos e nas ideias que o país é viável. Infelizmente, Lula cometeu erros que se mostraram fatais.

O desafio é encontrar uma solução constitucional que recoloque o Brasil nos trilhos. Isso não depende de Brasília, mas das ruas. Como aconteceu nesta quarta-feira e deve ocorrer na greve geral já marcada. E com Lula Livre.

Povo foi às ruas e ajudou a mudar a História

Por Paulo Moreira Leite para o Jornalistas pela Democracia – Num dia que será lembrado por muitos anos, o 15 de maio de 2019 marca uma mobilização que modificou o curso político do país, estabelecendo novas bases para a luta dos estudantes, trabalhadores e da maioria da população.  Três anos depois do golpe parlamentar que arrancou Dilma do Planalto, treze meses depois da prisão que retirou Lula de uma  campanha presidencial na qual era um candidato imbatível, o dia 15 começou a modificar a relação de forças estabelecida desde então.

As estimativas sobre o total de pessoas que foram às ruas para defender o ensino público e o direito da juventude a um futuro podem variar, mas o significado político é imenso, cristalino.

Organizada em 200 cidades brasileiras, através de uma mobilização gigantesca a juventude estudantil, os professores e demais trabalhadores na educação afirmaram a vontade de derrotar a máquina de produzir misérias e dizer besteiras do governo Jair Bolsonaro e do ministro Abraham Weintraub, discípulos aplicados do guru pornógrafo, condecorado com a Ordem do Rio Branco em grau máximo.

Assistimos, ontem, ao primeiro lance de um processo mais amplo. Em 14 de junho, a luta aberta pelo protesto irá se elevar a um novo patamar, na organização de uma greve geral contra a entrega da Previdência Social aos cassinos do capital financeiro internacional. Não há dúvida de que, após a bem-sucedida mobilização contra a destruição de nosso sistema público de educação, a defesa da Previdência ganhará fôlego e impulso.

Seis meses depois de uma derrota eleitoral alimentada por práticas escandalosas e manobras subterrâneas, o 15 de maio unificou e deu rumo às forças que compreendem a necessidade de enfrentar e derrotar todo esforço de Bolsonaro para transformar o Brasil numa nação subalterna, endereço de mão-de-obra barata e inculta à disposição do capitalismo internacional.

Não custa lembrar que o país encontra-se  sob o governo de um bloco político empenhado no ataque às liberdades e direitos assegurados pela Constituição,  na entrega das riquezas nacionais aos interesses da Casa Branca de Donald Trump.

Bolsonaro e seu guru-pornógrafo trabalham e vão seguir trabalhando noite e dia para submeter a oitava economia do mundo ao que há de mais retrógrado e autoritário no capitalismo do século XXI.

Cortam recursos para a educação pública e para a saúde, bloqueiam investimentos que poderiam retirar o país de um atoleiro de desemprego, do atraso social e da dependência externa. Prioritariamente, sonham com a destruição de uma Previdência que é nosso embrião de estado de bem-estar social, para entregar o projeto de uma velhice digna aos espertalhões do capitalismo mundial.

No plano internacional, tentam consolidar o Brasil  como  uma nação submissa, transformando as Forças Armadas  em polícia regional, ocupada massacrar iniciativas rebeldes das regiões pobres e desiguais da América do Latina.

Passados apenas quatro meses depois da posse no Planalto, prazo em que governos democráticos ainda saboreiam a chamada lua-de-mel, o 15 de maio representa a hora da verdade do governo Bolsonaro e do guru pornógrafo. A economia afunda, o Congresso se rebela. Agora a rua se coloca de pé.

Escondida pela benevolência do consórcio jurídico-midiático que queria impedir de qualquer maneira a continuidade dos governos Lula-Dilma, sua fraqueza congênita ficou escancarado. Os mais velhos chegam a falar das primeiras passeatas pelas Diretas-Já.

Os ainda mais velhos lembram das marchas de 1968, das campanhas pela Anistia.

A grande certeza, no final do dia de ontem, é que há uma longa jornada de lutas pela frente. A mobilização nas ruas, contudo, serviu para confirmar o ponto político principal principal: Jair Bolsonaro não representa o país — e uma massa cada vez maior de brasileiras e brasileiros se dispõe a ir as ruas para impedir seu trabalho de destruição de um projeto de nação.

Esta é a questão política central que, cada um com seus interesses e horizontes, governo e oposição terão de decifrar daqui para a frente.

Num país sob um governo com traços de ditadura, a rua deixa claro que não abre mão de seus direitos, e sua resistência é a melhor defesa da democracia.

Alguma dúvida?

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