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terça-feira, 3 dezembro, 2024

O feroz Estado de Israel e suas ações com britânicos e estadunidenses

*Pedro Augusto Pinho

Só os muito ingênuos ou doutrinados pelos sionistas, ingleses e estadunidenses não conseguem enxergar que o Estado de Israel foi a vingança do Reino Unido contra as populações de suas antigas colônias no Oriente Médio e nordeste da África.

Em relação aos Estados Unidos da América (EUA) foi mais outra ação pelo domínio do mundo. Não pela ocupação territorial como colônias politicamente definidas, mas no novo modelo colonizador das dívidas (financeiro) e sujeição tecnológica e para apoio político e votos em fóruns internacionais.

Na geopolítica do século XXI, distinguem-se as alianças, no Oriente Médio, da Síria com o Irã, apoiados pela Rússia, e da inclusão nos BRICS do Egito e do Irã, antigas colônias/protetorados britânicos.

Sem dúvida forma-se, naquela área do antigo Império Otomano, nova realidade fruto da brandura com que aquele Império tratou as sociedades sob seu domínio. Países como a Síria, o Egito, o Iraque e o Líbano integram o passado otomano na história de seus estados árabes. Muito diferente do domínio britânico, que mesmo antes da criação com apoio brasileiro do Estado de Israel (1948), havia constituído o Kuwait, um satélite na então província otomana, para ser praça de guerra inglesa (1899).

Recorde-se que os otomanos tentaram, em vão, impedir que judeus imigrassem para Palestina e dessem ao sionismo o ponto de apoio demográfico, com a consequência que está nos noticiários destas últimas décadas.

Cartuns sobre o Oriente Médio - revista piauí

A pilhagem sempre foi atividade cultivada pela aristocracia inglesa desde tempos imemoriais, e dos EUA, desde quando o petróleo alavancou seu modelo de financiamento estatal para desenvolver a industrialização privada naquela parte do continente norte-americano.

A Síria vem tendo seu petróleo roubado pelas tropas dos EUA, acantonadas em seu território. São fatos que a ideologia neoliberal financeira oculta pelo controle que tem das mídias e até mesmo dos currículos escolares (veja-se a respeito o leilão de escolas públicas promovido pelo governador bolsonarista Tarcísio de Freitas, em São Paulo – 29/novembro/2024).

O Oriente Médio está sendo preparado pelas decadentes finanças neoliberais para ruptura que conduzirá o Mundo à III Grande Guerra.

O significado do Oriente Médio é ser o maior polo petrolífero do mundo. Em meados de 2023, as reservas de petróleo globais eram estimadas em 1,6 trilhões de barris, aumento de 3,3% em relação ao ano anterior. Isso significa que, malgrado toda campanha pela “transição energética”, nenhum país está cogitando seriamente de dispensar o petróleo como sua mais importante fonte primária de energia.

Só quem não tem petróleo defende sua substituição.

Além das reservas da Arábia Saudita, com 290 bilhões de barris, lá se encontram as reservas do Irã (173 bilhões de barris), do Iraque (127 bilhões), do Kuwait (110 bilhões), dos Emirados Árabes Unidos (108 bilhões), do Catar (21,5 bilhões), do Omã (sete bilhões), do Iêmen e do Egito (cinco bilhões, cada), da Síria (4,5 bilhões), além do que se supõe na porção marítima da Faixa de Gaza.  Ou seja, metade do petróleo líquido (óleo) e gasoso mundial.

E o segundo polo petrolífero está na América Latina, graças às reservas venezuelanas, as maiores em um mesmo país, ao Brasil do pré-sal, ao México, ao Equador, à Colômbia, à Bolívia e à Argentina. Considerando que o terceiro maior polo petrolífero está na Rússia e em países seus aliados (Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão), vê-se a dificuldade da antiga hegemonia ocidental (leia-se EUA e Reino Unido) manter seu poder. E fica ainda mais consistente quando um quarto polo está na África, onde se processa sua segunda luta pela independência, começando na região ocidental do Sahel.

A guerra, para países bélicos, que tem boa parte de seu Produto Interno Bruto (PIB) originado da produção e comercialização de artefatos e serviços militares, é sempre a opção preferencial. E, quando em decadência, como se observa após mais de quatro décadas de domínio, torna-se uma condição de sustentação para seu poder neoliberal financeiro.

Posicionemos, geograficamente, este local que EUA e Reino Unido, com a ação desumana de Israel, pretendem ser o Saravejo, o 28 de junho de 1914, estopim da I Grande Guerra, para a primeira guerra termonuclear.

O Oriente Médio compreende a área de 7,2 milhões de km² onde habitam cerca de 260 milhões de pessoas. Os países mais populosos são a Turquia e o Irã, ambos com cerca de 80 milhões de habitantes e o mais extenso, com área de 2,2 milhões de km², é a Arábia Saudita.

Muitas diferenças mais do que identidades se observam neste Oriente Médio.

As principais etnias lá encontradas são os árabes, os persas e os turcos. Os judeus estão concentrados no Estado de Israel e majoritariamente de imigrações recentes. Sob o ponto de vista religioso, lá se encontram as três maiores religiões monoteístas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Estas duas últimas com diversificadas crenças, matizes dos cultos e interpretações, e, consequentemente, dos pastores e hierarquias religiosas.

O petróleo e sua importância como fonte primária de energia e como insumo industrial tem sido a mais relevante produtora de guerras neste oeste asiático. Ainda que surjam em todas as mídias não por interesses colonizadores dos EUA e da Europa Ocidental, mas pelos supostos conflitos culturais, sobressaindo as diversidades religiosas.

Assim vai sendo o mundo inteiro preparado para não ver como surpreendente este recanto, construído desde 1.300, que chega ao século XVII estendido pela Ásia Ocidental, norte da África e sudeste europeu, tolerante com a diversidade de povos sob seu domínio, capaz de deflagrar uma guerra nuclear.

No entanto, o que se verifica é o colapso de uma civilização calcada unicamente no lucro, que não carrega feridos, e tem a perspectiva de redução populacional em curto prazo, para que não cesse de concentrar renda e riqueza.

Neste momento de penúria econômica e cultural, a recomendação das finanças é reduzir ainda mais as despesas com a educação, a saúde e o trabalho, como se os robôs e a inteligência artificial pudessem substituir o que o grande cientista brasileiro, neurocirurgião Miguel Nicolelis, chamou “O Verdadeiro Criador de Tudo; como o cérebro humano esculpiu o universo como nós o conhecemos” (Editora Planeta, SP, 2020).

Nesta obra, Nicolelis discorre sobre a informação gödeliana (G-info), aquela devida ao lógico tcheco Kurt Gödel (1906-1978), que afiança quanto mais complexo é um ser vivo, mais informação gödeliana, aquela que não pode ser traduzida pela lógica digital, ele acumulou.

“Nos seres humanos”, afirma Nicolelis na obra referida, “esse processo alcança o ápice quando se usa G-info para gerar conhecimento, cultura, tecnologias e recrutar grandes grupos sociais para colaborações coletivas que melhorem em demasia as nossas chances de adaptação para as mudanças do meio ambiente”, erroneamente atribuídas aos combustíveis fósseis.

E prossegue Nicolelis: “a G-info pode, por exemplo, explicar por que a maior parte do processo neural é executada inconscientemente”. Ora, como então digitaliza-la?

Os EUA criaram o “11 de setembro de 2001” para invadir o Iraque (2003), a Líbia (2011), proclamar o Califado Islâmico do Iraque e da Síria (2014), sendo o Afeganistão uma derrota militar e econômica que saiu das manchetes mundiais.

Também sob o pretexto da corrupção, que vem desde a Idade Média sendo atribuído aos opositores do poder fundiário, comercial, financeiro, desde 2011, a Síria enfrenta violentos conflitos motivados por denúncias de corrupção do presidente Bashar al-Assad, oriundas dos EUA, Reino Unido e aliados europeus.

Há um núcleo de planejamento de ações desestabilizadoras a serem aplicadas em países ou movimentos opositores por todo mundo, coordenado por Washington, que nem sempre tem sucesso, como se observou na Coreia, no Vietnã, em Cuba, no Afeganistão e, mais recentemente contra a Rússia, a partir da Ucrânia, entre outros desastres estadunidenses.

Infelizmente, o Brasil é dos casos de sucesso desta aparelhagem golpista, como foi o Irã (1953) e o Chile (1973).

O atual Plano contra o Mundo parte dos conflitos entre a Turquia e o Irã, os mais populosos do Oriente Médio, que se conectam com a OTAN e os BRICS, dois polos da rivalidade pelo domínio global.

A questão que se coloca no entanto não interessa às partes agressoras: seria outro tiro no pé, como reconhece a Europa envolvida na agressão da OTAN à Rússia?

Não se pode esquecer que a China, grande potência econômica, tecnológica e civilizacional do século XXI dá apoio ao governo Assad e já incluiu a Síria na Iniciativa do Cinturão e Rota, a nova Rota da Seda. E a Rússia procura aproximar o Irã da Turquia, o que incluiu uma conferência trilateral para solução de divergências.

A Guerra portanto é objetivo do decadente ocidente unipolar, não do novo poder multipolar aberto pelos BRICS.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

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