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quinta-feira, 23 outubro, 2025

O declínio norte-americano e os impactos nos países norteados por uma bússola imprecisa

Galiza Livre

Wellington Calasans

Países que por décadas alinharam suas políticas econômicas, monetárias e até geopolíticas aos Estados Unidos — como a Alemanha, a França, a Itália e o Reino Unido — agora se veem à deriva, como quem segue uma bússola que perdeu o norte.

A Alemanha, outrora locomotiva da Europa, enfrenta recessão técnica, desindustrialização acelerada e uma crise energética autoinfligida por sua submissão a agendas verdes alinhadas com o establishment americano.

A França afunda em dívida pública, tensões sociais e uma classe política cada vez mais autoritária, repetindo o roteiro de polarização que viu nos EUA.

A Itália, presa em estagnação crônica e com um sistema bancário frágil, vê seu espaço de manobra sufocado pela dependência do dólar e das regras do sistema financeiro global comandado por Washington.

Já o Reino Unido, que apostou tudo na chamada “especial relationship” com os EUA, assistiu seu Brexit se transformar em isolamento econômico, inflação persistente e fuga de capitais.

Todos esses países, ao replicarem cegamente o modelo de dívida infinita, moeda fiduciária sem lastro e politização das instituições, foram arrastados para o mesmo redemoinho de instabilidade que agora consome seu mentor — provando que, quando a bússola imperial falha, todos os que nela confiaram se perdem juntos.

Nos EUA, o cidadão norte-americano vive hoje sob uma nuvem de incerteza que vai muito além da inflação ou do desemprego. Enquanto as prateleiras dos supermercados começam a esvaziar-se e as famílias cortam drasticamente os gastos — até mesmo nas tradicionais celebrações de fim de ano —, cresce a sensação de que o chão econômico está cedendo.

Relatos de aumento recorde em inadimplências, colapso no crédito ao consumidor e uma dívida federal que já exige mais de um trilhão de dólares por ano só em juros apontam para um sistema financeiro à beira do esgotamento. Essa não é mais uma crise cíclica, mas um desgaste estrutural que mina a confiança na estabilidade do próprio dólar.

Essa deterioração econômica caminha lado a lado com uma erosão institucional preocupante. A ideia de que o Federal Reserve atuaria como guardião independente da moeda já não convence mais ninguém.

Paralelamente, a política se transforma em campo de batalha onde os adversários são tratados como inimigos a serem neutralizados. Nos EUA, houve uma enxurrada de investigações e processos contra Donald Trump, claramente impulsionados por motivos políticos.

A reeleição frustrou esses esforços, mas o precedente está lançado: quando perdem o poder, líderes podem ser criminalizados por acusações vagas ou retroativas.

Agora, esse padrão não é exclusivo dos norte-americanos — basta olhar para a França. A instrumentalização do sistema judicial para punir oponentes é sintoma clássico de regimes em decadência, não de democracias saudáveis.

Tudo isso alimenta um sentimento generalizado de que o Ocidente está regredindo a patamares que lembram países em colapso: inflação galopante, escassez de bens essenciais, perda de valor da moeda, perseguição política e desconfiança nas instituições.

A promessa de prosperidade contínua, que sustentou gerações após a Segunda Guerra, parece ter se esgotado. Em seu lugar, emerge uma realidade mais crua, em que o Estado não mais protege o cidadão, mas se protege dele — e dele se alimenta, através de impostos injustos, inflação e controle crescente.

Diante desse cenário, muitos norte-americanos comuns buscam formas de se proteger: compram ouro, diversificam ativos fora do sistema financeiro tradicional, reduzem exposição ao dólar e até planejam sair do país.

Não se trata de paranoia, mas de uma resposta racional a sinais claros de que o modelo socioeconômico ocidental entrou em modo de falência lenta.

Quando governos passam a alterar as regras do jogo conforme lhes convém — seja monetariamente, juridicamente ou politicamente —, o cidadão percebe que não há mais contrato social, apenas sobrevivência. E é nesse vácuo de confiança que se anuncia o crepúsculo de uma era.

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https://x.com/wcalasanssuecia/status/1980898128388579493

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