Pedro Augusto Pinho*
Uma investigação, seja no romance policial, num problema de família ou numa briga política, sempre começa com a pergunta: a quem interessa? Vamos procurar identificar a quem interessa o esfacelamento do Brasil e quais as forças e agentes que atuaram e atuam para que isto ocorra.
Em primeiro lugar, a não ser que seus neurônios também tenham sumido, já está claro que o combate à corrupção era apenas um modo de congregar os trouxas, os oportunistas e aqueles segregacionistas e excludentes que tem horror à democracia e aos direitos iguais para todo ser humano.
Se o caro leitor não passou desta fase, terá mais dificuldade para entender as razões do golpe de 2016.
O mundo neste século XXI tem um poder que domina não só a economia e as finanças, mas a política, a sociedade e os estados. Chama-se sistema financeiro, que abreviadamente designo banca.
A banca tem dois objetivos permanentes: se apropriar dos ganhos de todos os segmentos econômicos e promover a concentração de renda. Tem também um grande inimigo: o nacionalismo e o controle estatal das riquezas.
Para isso, a banca desenvolveu uma ideologia: a globalização; e ressuscitou um princípio econômico do século XVIII, muito em uso no século XIX, o liberalismo econômico, agora batizado de neoliberalismo. Não ficava coerente para uma ideologia do futuro fundar-se em teoria do passado.
A campanha de divulgação destas farsas foi intensa desde os anos 1970 até a supremacia atingida pela banca no final do século XX. O meio utilizado para o crescimento foram as denominadas crises – crise do México, crise do sistema monetário europeu, crise da bolha da internet etc. A cada crise um setor da economia ou um país passava ao controle da banca. Sempre usando o velho método de poder do liberalismo: a dívida.
O Brasil sob Fernando Henrique Cardoso (FHC) foi governado pela banca. Alienou riquezas minerais, gerou dívidas e só não entregou a Petrobrás para a banca porque ainda havia militares nacionalistas que se opuseram.
No Governo Lula, pela primeira vez desde o Império, o Brasil não teve dívida externa e, ainda, descobriu a maior reserva de petróleo dos últimos 30 anos, possibilitando rever a legislação entreguista de FHC, colocando esta enorme e estratégica riqueza nas mãos da Petrobrás. Também com esta descoberta o País passou a ser autossuficiente em petróleo. A banca passou ao ataque e criou a corrupção como questão ética e não uma política de estado, como ocorria na Alemanha, na Holanda, no Reino Unido e outros países europeus, onde o suborno de suas empresas nos países do terceiro mundo era dedutível do Imposto de Renda.