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domingo, 9 novembro, 2025

Novas evidências reveladas no Chile no caso da líder mapuche Julia Chuñil

Santiago, Chile, 4 de outubro (Prensa Latina) Quase um ano após o desaparecimento da líder mapuche Julia Chuñil, o caso tomou um rumo diferente esta semana após o vazamento de uma gravação de áudio indicando que a ambientalista chilena foi queimada.

A mulher de 73 anos, presidente da comunidade de Putreguel, foi vista pela última vez em 8 de novembro do ano passado, quando saiu com seu cachorro para alimentar os animais.

Após um longo processo, no qual tentaram incriminar até alguns familiares, na última segunda-feira, a advogada do autor, Karina Riquelme, revelou à imprensa a existência de um telefonema no qual o empresário Juan Carlos Morstadt informou ao pai que Chuñil havia sido queimado.

As novas informações levaram autoridades e organizações políticas e sociais a exigirem uma investigação completa do caso.

Ao abordar a questão, o presidente chileno Gabriel Boric pediu que as instituições funcionem corretamente e que toda a verdade seja esclarecida.

“Ninguém pode ficar indiferente quando uma pessoa desaparece. Estamos todos preocupados em saber o que aconteceu e onde ela está. No Chile, não pode haver espaço para impunidade”, disse o presidente.

Em nota publicada aqui, o Partido Comunista do Chile (PCCh) expressou sua consternação e condenação às novas informações sobre o desaparecimento do líder ambientalista.

“Este incidente não é isolado. Julia Chuñil foi vítima de ameaças e ataques sistemáticos por parte de atores ligados à indústria florestal, setores que buscam desapropriar as comunidades mapuches de suas terras ancestrais”, afirmou o PCCh.

Enquanto isso, a Central Unitária dos Trabalhadores alertou que o Estado e o Ministério Público não podem continuar em silêncio cúmplice diante de um crime que atenta contra a vida, a justiça social e os direitos das pessoas.

Os antecedentes do caso, que apontam para uma possível atividade criminosa, nos obrigam a refletir sobre a fragilidade institucional e a dívida pendente com o Acordo de Escazú, disse Álvaro Ramis, reitor da Universidade Academia de Humanismo Cristiano.

O tratado, assinado pelo Chile em 2018 e ratificado em 2022, reconhece o direito das comunidades de participar das decisões ambientais e, significativamente, exige a proteção dos defensores dos direitos humanos nessas questões.

Para Ramis, o caso de Julia Chuñil revela três desafios: garantias de segurança e proteção para ambientalistas, reconhecimento dos povos indígenas como partes interessadas centrais e o fim da impunidade.

“O desaparecimento de Julia Chuñil não é um incidente isolado. Faz parte de um padrão regional em que defensores do meio ambiente sofrem ataques sistemáticos”, lembrou o reitor em artigo publicado no site elmaipo.cl.

Novas evidências reveladas no Chile no caso da líder mapuche Julia Chunil

Ele acrescenta que Escazú nasceu justamente em resposta a esse cenário; no entanto, sua real validade dependerá de os Estados traduzirem seus compromissos em políticas públicas tangíveis, com vontade e orçamento suficientes.

Segundo a Global Witness, a América Latina é a região com mais assassinatos de defensores da natureza, respondendo por 82% dos casos.

Segundo a organização, pelo menos 120 ativistas foram assassinados ou desapareceram na América Latina em 2024.

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