OLEG EGOROV, ESPECIAL PARA GAZETA RUSSA
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Apesar de divergências quanto a Bashar, intensificação de reuniões representam, por si, só, um grande avanço.
As reuniões entre os chanceleres da Rússia, dos EUA, da Arábia Saudita e da Turquia que se se iniciaram em outubro em Viena cresceram em grandes escalas.
Após as primeiras negociações, 19 delegações passaram a compor as reuniões, entre elas, representantes dos países permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas, organizações internacionais e os principais players da região.
Na última reunião na capital austríaca, realizada em 14 de novembro, os participantes conseguiram chegar a acordo quanto às etapas para uma solução política na Síria. No entanto, não foi possível se chegar a um consenso quanto ao futuro do presidente sírio Bashar al-Assad.
Os EUA, a Turquia e alguns países da região insistem em que o atual presidente sírio deixe o cargo e que se afaste das atividades políticas.
Por outro lado, a Rússia insiste em que não haja barreiras à participação de Assad no processo político.
“Não se alcançou um acordo para impedir o presidente Assad de participar do processo político”, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguêi Lavrov.
Segundo o pesquisador-sênior do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais, Geôrgui Mírski, as divergências quanto a Assad ameaçam o sucesso das negociações de Viena.
“Após os ataques de Paris, a França e os Estados Unidos poderiam até aceitar isso. Mas os países da região, certamente, não o farão”, disse Mírski à Gazeta Russa.
Outros ângulos
Viena também revelou outras divergências entre as partes, como é o caso da elaboração de uma listagem unificada de organizações terroristas.
O rol serviria de base para separar grupos moderados, com os quais seria possível estabelecer diálogo, de grupos terroristas, que deveriam ser eliminados.
A única unanimidade que se chegou na questão foi que duas organizações se encaixariam na segunda categoria: o EI (Estado Islâmico) e a Frente Al-Nusra.
“Outros grupos islâmicos que a Rússia considera terroristas, porém, recebem apoio de países da região, como é o caso, por exemplo, do Ahrar al-Sham”, explicou à Gazeta Russa o professor da Universidade Estatal Russa de Humanidades, Grigóri Kossatch.
Papel russo
Apesar das dificuldades enfrentadas no processo de resolução da crise síria, o analista político Andrêi Suchentsov acredita que o formato das negociações em Viena é o ideal.
“A participação de todas as partes interessadas na resolução da crise síria é essencial. Ainda está em aberto se será possível chegar a um consenso, mas o diálogo em si já é um sinal muito bom”, diz.
Segundo ele, a participação ativa da Rússia na resolução da crise síria e na luta contra o terrorismo contribui para uma mudança de sua posição no cenário internacional.