20.9 C
Brasília
segunda-feira, 14 outubro, 2024

Negada a tese do fracasso de Allende como causa do golpe

 

Santiago do Chile, 8 set (Prensa Latina) Por ocasião do 50º aniversário do golpe de Estado no Chile, os líderes políticos descartam hoje a teoria de que um suposto fracasso do presidente Salvador Allende foi a causa do colapso da democracia.

Em declarações à Prensa Latina, o secretário-geral do Partido Comunista do Chile (PCCh), Lautaro Carmona, destacou que o Governo de Unidade Popular ainda não existia quando os Estados Unidos, juntamente com a direita e os militares ativos e aposentados, foram já conspirando contra ele.

Especificou que o ex-comandante-chefe do Exército Ricardo Martínez reconheceu que o ataque fatal contra o general René Schneider, em 22 de outubro de 1970, foi uma tentativa de impedir que o Congresso Nacional certificasse a vitória eleitoral de Allende.

Nesse ataque, as armas utilizadas foram enviadas dos Estados Unidos pela Agência Central de Inteligência (CIA) e entregues aqui pela embaixada do norte do país aos cabecilhas da conspiração, afirmou Martínez num livro publicado recentemente.

“Ainda não havia governo e a conspiração já estava em curso, por isso havia a determinação de evitar a qualquer custo que este projecto avançasse com sucesso porque constituía uma referência para outras localidades”, disse Carmona a esta agência.

Ele deu como exemplo que nas eleições municipais de 1971 a Unidade Popular cresceu de 36 por cento dos votos com que Allende foi eleito para mais de 50 pontos, enquanto nas eleições parlamentares de 1973 acabou acima dos 40.

“A sua influência eleitoral não estava em retrocesso, muito pelo contrário, porque assim que as pessoas viam um projecto a circular, validavam-no pelos seus benefícios”, acrescentou.

Por sua vez, Daniel Jadue, membro do Comitê Central e da Comissão Política do PCC, declarou à Prensa Latina que a participação dos Estados Unidos na conspiração contra Allende não é um marco apenas chileno.

“Hoje comemoramos 50 anos do golpe de Estado no Chile, mas também um do que ocorreu no Peru, quase quatro na Bolívia, 14 em Honduras, 21 na Venezuela e 47 na Argentina”, disse o prefeito da Recoleta. comuna.

Neste sentido, acrescentou Jadue, estamos a falar de uma política imperial enquadrada em dois séculos de Doutrina Monroe, hoje estendida a todo o mundo, como vemos na Ucrânia, na Síria, na Líbia ou no Iraque.

Não haverá mudanças no futuro, especificou, sobretudo se considerarmos que será um período marcado por uma grande contracção da taxa de lucro do capital transnacional, o que os torna mais agressivos.

Questionado se o mundo está numa nova guerra fria, respondeu que na realidade nunca saiu dessa fase porque depois do desaparecimento de um dos pólos opostos, a antiga União Soviética, há mais guerras e violência em comparação com aquele período.

Referiu-se também à agressão dos EUA contra aqueles que tentam seguir o seu próprio caminho e mencionou Cuba e a sua inclusão na lista unilateral de países supostamente patrocinadores do terrorismo.

Cuba nunca fez mal a nenhum outro povo, afirmou Jadue, e durante a pandemia de Covid-19, apesar dos seus escassos recursos, protegeu e cuidou dos seus cidadãos e alcançou melhores resultados do que muitos países.

Os Estados Unidos, concluiu ele, não permitem que sistemas superiores ao capitalismo se desenvolvam livremente, porque isso é perigoso para os seus interesses.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS