César Fonseca
O presidente Lula, na abertura da COP 30, foi assertivo ao politizar, em escala global, o debate sobre desequilíbrio ambiental: atacou o negacionismo, encarnado, atualmente, no presidente dos Estados Unidos, e feriu politicamente a direita global, que tem no trumpismo a bandeira da desesperança com a qual a humanidade não concorda; a prova desse repúdio é expressa nas próprias pesquisas de opinião em que 61% da população americana condena a estratégia econômica e social trumpista, ancorada no negativismo, no ataque à imigração e ao tarifaço, cujas consequências já começam afetar os próprios Estados Unidos; a repulsa de Trump ao combater ao meio ambiente, no momento em que a COP 30 reúne lideranças globais, para debater o perigo de retrocesso humanitário, se a temperatura da terra ultrapassar os 1,5º C, coloca o titular da Casa Branca como o maior vilão internacional; o titular da Casa Branca, que volta a levantar a bandeira do anticomunismo, incendiando guerra fria, deixa claro aos povos – e aos brasileiros e brasileiras em particular – que é o ideólogo maior da direita e ultra direita mundial, comprometido com causas que colocam a democracia em risco; essencialmente, para brasileiros e brasileiras, é repeteco do fascismo bolsonarista que negou o vírus da Covid e que tentaria dar o golpe democrático em 2023 por não aceitar derrota para o presidente Lula; por essa razão, deverá pegar 27 anos e 3 meses de cadeia, começando cumprir pena na Papuda.
Lula, também, foi certeiro, diante da comunidade internacional ao destacar que a humanidade tem muito mais a ganhar gastando 1,3 trilhão de dólares, para promover a transição climática do que jogar fora mais de 2 trilhões de dólares em armamentismo, tarefa executada, preponderantemente, na produção bélica e nuclear; nesse contexto, Trump se afunda, porque, durante sua campanha eleitoral, prometeu combater as guerras e não iniciar mais nenhum conflito; não é o que ocorre na prática; nesse momento, bota fogo na América Latina, mobilizando máquina de guerra, para invadir Venezuela, o que pode arrastar o continente sul-americano ao conflito; provoca, com essa volúpia imperialista em busca de petróleo alheio, a mobilização latino-americana que resiste à tese americana da Doutrina Monroe, defendida pelos Estados Unidos de que América Latina é quintal americano do norte; certamente, Trump, ideólogo anti-comunista assumido, visa afastar América do Sul dos BRICS e inviabilizar expansão da China e na Rússia no território que considera exclusividade para os americanos.
A ausência, por razões ideológica, do presidente Donald Trump na COP 30 só ajuda o presidente Lula tanto no cenário nacional como internacional; o desprezo trumpista pela questão climática, considerando o debate mundial sobre o assunto no Brasil nesse momento como farsa só piora a imagem dele como o grande vilão global. A posição do líder do capitalismo americano de desconsiderar o assunto enfraquece, por sua vez, a direita fascista que ele representa, enquanto fortalece as forças progressistas da esquerda social democrata não apenas nos Estados Unidos como em todo o mundo; no Brasil, por exemplo, todas as pesquisas de opinião apontam vitória eleitoral do presidente Lula na disputa em 2026; já, Trump está sob fogo cruzado, que se traduziu em derrota na disputa nas eleições municipais, em cidades de destaque como Nova York, Virgínia e Nova Jersey, abalando as bases trumpistas, sinalizando que novos reveses poderão se repetir nas eleições parlamentares em 2026; 61% da população condena sua estratégia econômica e política negacionista, o que dá razão a Lula no ataque que fez a ela na abertura da COP; a perseguição sistemática aos imigrantes e o tarifaço protecionista estão sendo rejeitados, visto que não somam, prejudicam; vaias dos populares que começam a avolumar-se demonstram o descontentamento com ele.
NOVO PALCO DA LUTA POLÍTICA GLOBAL
A COP 30, desse modo, transforma-se em palco de luta política entre os defensores da preservação ambiental e da transição climática em escala global, polarizando, desde já, Lula e Trump, no cenário da negociação entre ambos quanto aos efeitos do tarifaço trumpista, cujas consequências prejudicam mais os americanos do que os brasileiros; afinal, como um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, o Brasil tem possibilidades de alocar mercadorias nos mercados globais, enquanto ao taxá-las, com o tarifaço, Trump contribui para aumentar a inflação americana e elevar sua rejeição popular.
O desafio maior do presidente Lula no contexto da polarização que abre contra Trump ao taxar de negacionista quem adota as posições dele, sem citá-lo diretamente, mas de maneira indireta, é colocar em pé o Fundo de Investimento para proteger a floresta amazônica, mercantilizando suas oportunidades de negócio; as expectativas do governo, como destacou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é de levantar, com o fundo, mais de 10 bilhões de dólares, no curto prazo; certamente, a posição antagônica de Trump, ao considerar a COP 30 uma farsa, aprofunda a divergência entre ele e o presidente brasileiro.
Mas, como a maioria das lideranças globais(China e Rússia enviaram representantes) se rendem ao discurso ambiental, devido aos desastres naturais que se multiplicam, ameaçando a todos, quanto mais eleva o aquecimento da terra, aproximando-o, perigosamente, da escala de 1,5 graus centígrados, a consciência política mundial tende a se alertar cada vez mais para o problema, dando razão ao alerta de Lula contra a irresponsabilidade negacionista de Trump.