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quinta-feira, 28 março, 2024

‘Não há nada para Europa’: EUA são criticados por estocar quase todo remdesivir dos próximos meses

AMÉRICAS

A administração Trump assegurou a pré-encomenda de mais de meio milhão de medicamentos remdesivir, representando 90% das doses de agosto e setembro, e 100% da quantidade de julho.

O Departamento de Saúde dos EUA anunciou em uma declaração na segunda-feira (29) que a administração Trump havia pré-encomendado mais de 500 mil medicamentos remdesivir, os primeiros aprovados no país para o tratamento da COVID-19.

A tentativa da administração Trump de assegurar todos os estoques de remdesivir, um dos primeiros medicamentos aprovados para o tratamento da doença provocada pelo novo coronavírus, levantou preocupações de especialistas no Reino Unido, já que os medicamentos comprados por Washington são tudo o que a fabricante Gilead poderá oferecer ao mundo nos próximos três meses, informou o jornal Guardian.

“Eles têm acesso à maior parte do fornecimento de medicamentos [remdesivir], portanto não há nada para Europa. Esta é a primeira grande droga aprovada, e onde está o mecanismo de acesso? Mais uma vez estamos no fim da fila”, disse o dr. Andrew Hill, pesquisador sênior da Universidade de Liverpool, Reino Unido, citado pela mídia.

Hill criticou a Casa Branca pela ação unilateral.

“Imaginem se fosse uma vacina”, sugeriu, ressaltando que, se fosse esse o caso, a questão se tornaria uma “tempestade de fogo”.

O acordo alarmou o premiê canadense Justin Trudeau, que alertou que “é de nosso interesse trabalhar em colaboração e cooperação para manter nossos cidadãos seguros”.

EUA garantem medicamentos valiosos

As doses de remdesivir compradas pelos EUA representam toda a produção de julho, e 90% do que é programado para agosto e setembro. O remdesivir é patenteado pela Gilead, não havendo nenhuma outra empresa autorizada pela lei comercial a produzi-lo.

“O presidente Trump fez um acordo incrível para garantir que os americanos tenham acesso à primeira terapia autorizada para a COVID-19”, disse o secretário de Saúde norte-americano, Alex Azar.

“Na medida do possível, queremos assegurar que qualquer paciente americano que precise de remdesivir possa obtê-lo. A administração Trump está fazendo tudo o que está ao nosso alcance para aprender mais sobre a terapia que salva vidas da COVID-19 e garantir o acesso do povo americano a essas opções.”

Além da dexametasona esteroide, o remdesivir é o único medicamento aprovado como tratamento contra a COVID-19. A dexametasona, explorada há 60 anos, permanece barata e disponível, sendo talvez a única opção acessível para o resto do mundo antes da chegada de uma vacina.

Os EUA também estariam tentando garantir os estoques de vacinas. Segundo disse o CEO da Sanofi, Paul Hudson, Washington tem o direito de fazer a maior pré-encomenda se a vacina da empresa for comprovadamente eficaz, “porque investiu em assumir o risco”. Estas observações receberam duras críticas do governo francês, e mais tarde as palavras do presidente-executivo da Sanofi foram refutadas pelo diretor da empresa, Serge Weinberg.

Os Estados Unidos registraram até agora mais de 2,6 milhões de casos de COVID-19, com mais de 127.000 mortes, de acordo com a Universidade Johns Hopkins, EUA.

Sputnik

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