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sexta-feira, 21 fevereiro, 2025

Motta age como agente de Trumpi para derrubar Lula

Foto AB

César Fonseca 

O presidente da Câmara(Republicanos-PB), Hugo Motta, consciente ou inconscientemente, já trabalha para objetivar a principal meta do presidente Donald Trump para o Brasil: derrubar o presidente Lula e favorecer o ex-presidente fascista Jair Bolsonaro.

Quer ao mesmo tempo a anistia para os golpistas de 8/1/2023, que beneficiaria Bolsonaro, e o parlamentarismo.

Fortaleceria ou enfraqueceria Lula para a disputa eleitoral de 2026, quando tentará reeleição?

Motta, descaradamente, defende mudança do regime presidencialista para o regime parlamentarista ou semipresidencialista.

Ou seja, quer dar golpe na Constituição que estabelece presidencialismo, trocando-o pelo semipresidencialismo.

Segue, nesse sentido, as pegadas do ex- presidente Michel Temer, que encabeçou, em 2016, o golpe neoliberal jurídico parlamentar midiático do impeachment sem crime de responsabilidade para caracterizá-lo.

Aparentemente, não está nas cogitações de Motta, como já adiantou, abrir processo de impeachment contra o presidente da República.

Dependeria de circunstâncias extraordinárias a serem criadas.

Mas os bolsonaristas aos quais Motta parece ser simpático levantam essa bandeira de forma prematura.

Porém, se o golpe de novo impeachment de direita ainda não está maduro, o do parlamentarismo ou semipresidencialismo está no forno, esquentando, como se fosse prioridade do novo presidente da Câmara.

A PEC parlamentarista já está circulando e por isso, antecipa complicações à governabilidade lulista, impotente para barrar a iniciativa dos golpistas por ser minoria no legislativo, salvo se o presidente mobilizar as massas para defendê-lo.

Desse modo, não será difícil a rápida tramitação do assunto politicamente explosivo que requer quorum qualificado de 2/3 em cada Casa no Congresso para ser aprovado.

A direita e a ultradireita estão acesas, sintonizadas com os movimentos da embaixada americana em Brasília à espera dos sinais de Washington dados por Trump para iniciar a desestabilização de Lula quando for necessário.

Esse sinal poderia vir do novo Secretário de Estado americano, Márcio Rúbio, dedo trumpista para mover os cordéis da política latino-americana, colocando-a a serviço do império.

Motta faz ou não o jogo de Washington ao apostar no parlamentarismo?

Seria ou não outra vertente do golpe neoliberal, dando desdobramento ao golpe de 2016 por Temer, declaradamente, adepto do semi presidencialismo ou parlamentarismo, ideia já duas vezes derrotada nas urnas em plebiscito, em 1963 e 1993?

BOICOTE AO DESENVOLVIMENTISMO

Motta, adicionalmente, apoia-se na governabilidade da Faria Lima que não quer saber da estrategia lulista de isentar a classe média do IR até R$ 5 mil cobrando, como compensação, mais imposto dos ricos.

A burguesia financeira, que controla o parlamento, rejeita a proposta distributiva de renda de Lula que poderia levá-lo ao quarto mandato.

Não à toa Motta passou a pregar, com uma semana de exercício do poder, o discurso do mercado: mais arrocho fiscal em vez de alternativa distributiva de renda combinada com aumento de arrecadação, tirando dos ricos para dar aos pobres.

Motta, portanto, ergue-se como empecilho à estratégia desenvolvimentista lulista, para satisfazer os interesses políticos da direita e ultradireita, ansiosos para ter o apoio de Donald Trump em favor de Bolsonaro.

O fato é que direita e ultradireita tomam o comando do processo político, com ajuda decidida de Hugo Motta.

As consequências favorecem Bolsonaro, pois pressionam o Procurador Geral da República, Gonet, a manter engavetado o inquérito do ex-presidente, em vez de apressar seu envio ao STF para ser julgado.

O passo de cágado de Gonet tende ou não ser atropelado pelo processo eleitoral que a tentativa de acelerar o parlamentarismo antecipa?

Haveria clima para o julgamento ou seria prorrogado para as calendas gregas?

REFORMA CONTRA O GOLPE

Nesse contexto em que a pressão da direita e ultradireita joga o governo nas cordas, o presidente Lula articula reforma ministerial que confere espírito de conciliação mais acentuado do Planalto.

Esse aspecto conciliador governista se expressa diante das cogitações do presidente de atrair o Centrão – eufemismo de direita tupiniquim – para se transformar no centro da articulação política lulista.

Materializa-se ou não a pregação do ex- ministro da Casa Civil, José Dirceu, de que o governo Lula caminha-se para o centro-direita?

A reforma ministerial, dessa forma, representaria ou não um contra-ataque defensivo de Lula para se proteger do golpe direitista que está sendo armado para ele no Congresso ultra-conservador, pro-aliado do fascista Trump, protetor de Bolsonaro?

A esquerda está sendo levada ao sacrifício, porque Lula se vê envolvido pelas forças que lhe são adversas, tentando anulá-lo.

Fica claro que a direita e a ultra direita articulam o que Donald Trump mais deseja para o Brasil: sua rendição total ao neoliberalismo fascista, o jogo trumpista para derrotar a esquerda.

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