247 – O juiz que prendeu Lula e o impediu de disputar as eleições, que o ex-presidente venceria em primeiro turno, vai nesta quinta (1) ao encontro de Jair Bolsonaro para aceitar o convite de ser ministro da Justiça. Será um estágio para depois ser ministro do Supremo Tribunal Federal. De forma didática, Moro comprova como funciona o lawfare: um juiz persegue um adversário político seu e da direita nacional e, em seguida, é premiado.
O colunista Ancelmo Góes, de O Globo (aqui) confirmou o encontro entre Moro e Bolsonaro e o juiz adiantou a outro colunista do jornal, Merval Pereira, íntimo seu, que irá aceitar o convite (leia aqui). O desenho do roteiro da escalada de Moro foi descrito por Merval, que funciona como um porta-voz informal da família Marinho: “Não é usual, embora não haja nada proibindo, que um juiz de primeira instância seja nomeado para o Supremo, mas é comum que o ministro da Justiça o seja”.
O artigo tem como objetivo servir de anteparo para o escândalo da nomeação e não esconde o desejo do juiz de chegar ao poder: “Convencido de que sua nomeação não empanaria a atuação na Operação Lava-Jato, e que os oposicionistas criticarão de qualquer maneira, como já criticam a Operação em si, Moro aguarda um contato oficial para saber se as intenções do presidente eleito Jair Bolsonaro nessa área correspondem ao que pensa”.
As primeiras manifestações de juristas são de estupefação com a ousadia e desfaçatez da nomeação, que desnuda a trama das ações de Moro contra Lula nos últimos anos como peça de uma articulação para a derrubada do governo Dilma e a ascensão da direita -no caso, da extrema-direita- ao poder no país. No futuro, todos os processo contra Lula poderão ser anulados, por prática de lawfare, uso do Judiciário para perseguição política.
A defesa de Lula irá ingressar nos próximos dias com novos pedidos para que o Judiciário declare a suspeição de Moro e declare a nulidade de seus atos. O caso será levado à ONU e a denúncia da trama será feita internacionalmente (leia aqui).